O Gráfico acima, mostra as órbitas em torno do sistema de Saturno. A sonda Cassini comemorou ontem 15 anos de condução ininterrupta, ganhando um lugar entre os guerreiros da estrada interplanetária. Desde o seu lançamento dia 15 de Outubro de 1997, a sonda já registou mais de 6,1 bilhões de quilômetros de exploração - o suficiente para dar a volta à Terra mais de 152.000 vezes. Depois de passar por Vênus duas vezes, pela Terra, e depois por Júpiter a caminho de Saturno, a Cassini entrou em órbita do planeta em 2004, e aí tem passado os seus últimos oito anos, juntamente com os seus anéis brilhantes e as suas intrigantes luas. E, para que não seja acusada de se recusar a escrever para casa, a Cassini enviou de volta, até agora, cerca de 444 gigabytes de dados científicos, incluindo mais de 300.000 imagens. Mais de 2.500 artigos foram publicados em revistas científicas com base nos dados da Cassini, descrevendo a descoberta da pluma de água gelada e partículas orgânicas expelidas da lua Encelado; as primeiras vistas dos lagos de hidrocarbonetos da maior lua de Saturno, Titã; a revolta atmosférica de uma monstruosa tempestade em Saturno e muitos outros fenômenos curiosos. "À medida que a Cassini realiza o estudo mais profundo de um planeta gigante até à data, a sonda tem percorrido a mais complexa trajetória assistida pela gravidade jamais tentada," afirma Robert Mitchell, gestor do programa no JPL da NASA em Pasadena, Califórnia, EUA. "Cada passagem rasante por Titã, por exemplo, é como passar um fio pelo buraco de uma agulha. E já o fizemos 87 vezes até agora, com precisões geralmente dentro dos 1,6 km, tudo controlado a partir da Terra a cerca de 1,5 bilhões de quilômetros de distância." A complexidade vem, em parte, do alinhamento de visitas a mais de uma dúzia das mais de 60 luas de Saturno e, por vezes, balançando-se para obter vistas dos pólos do planeta e das luas. A Cassini depois percorre o seu caminho de volta até ao equador do planeta, enquanto permanece no percurso para atingir o seu próximo alvo. As direções que os planeadores da missão comandam também têm que ter em consideração as influências gravitacionais das luas e de uma fonte limitada de combustível. "Fico orgulhoso em dizer que a Cassini realizou tudo isto a cada ano dentro do orçamento, com relativamente poucos problemas de saúde," afirma Mitchell. "A Cassini está a entrar na sua meia-idade, com os sinais associados à passagem dos anos, mas está de muito boa saúde e não exige qualquer cirurgia de grande porte." A pintura branca e macia da antena de alto-ganho provavelmente agora está áspera ao toque, e algumas das coberturas em redor do corpo da sonda estão provavelmente salpicadas por pequenos buracos feitos por micrometeoróides. Mas a Cassini ainda mantém redundância no seus sistemas críticos de engenharia, e a equipe espera que envie mais alguns milhões de bytes de dados científicos à medida que continua a cheirar, provar, ver e ouvir o sistema de Saturno. E isto é uma coisa boa, porque a Cassini ainda tem uma missão única e ousada pela frente. A Primavera só recentemente começou no hemisfério Norte de Saturno e suas luas, por isso os cientistas estão apenas começando a entender as alterações provocadas pela mudança das estações. Nenhuma outra nave espacial foi até agora capaz de observar tal transformação num planeta gigante. A partir de Novembro de 2016, a Cassini começará uma série de órbitas que a aproximarão cada vez mais de Saturno. Estas órbitas chegam mesmo ao limite exterior do anel F de Saturno, o mais exterior dos anéis principais. Então, em Abril de 2017, um encontro final com Titã colocará a Cassini numa trajetória que passará por dentro do anel mais interior de Saturno, muito perto do topo da atmosfera de Saturno. Depois de 22 destas passagens rasantes, a perturbação gravitacional de um distante e final encontro com Titã aproximará ainda mais a Cassini. A 15 de Setembro de 2017, após a entrada na atmosfera de Saturno, a sonda será esmagada e vaporizada pela pressão e temperatura do abraço final de Saturno, para proteger mundos como Encelado e Titã, com oceanos de água líquida por baixo das suas crostas gelada que podem abrigar condições para a vida. "A Cassini tem ainda muitos quilômetros para percorrer antes do seu descanso final, e muitas mais perguntas que nós, cientistas, queremos ver respondidas," afirma Linda Spilker, cientista do projeto Cassini no JPL. "De fato, as suas últimas órbitas poderão ser as mais emocionantes, porque vamos ser capazes de descobrir como é estar tão perto do planeta, com dados que não podem ser recolhidos de outra maneira."
Créditos: Astronomia On-line
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