Um segundo olhar para os dados do Telescópio Espacial Hubble da NASA está a reanimar a alegação de que a estrela Fomalhaut hospeda um exoplaneta massivo. O estudo sugere que o planeta, com o nome de Fomalhaut b, é um objeto raro e possivelmente único que está completamente encoberto por poeira. Em Novembro de 2008, astrônomos do Hubble anunciaram a descoberta do exoplaneta, chamado Fomalhaut b, como o primeiro observado diretamente no visível em torno de outra estrela. O objeto foi fotografado dentro de um vasto anel de detritos em torno, mas afastado da estrela-mãe. A localização do planeta e a sua massa - não mais do que três vezes a massa de Júpiter - pareciam as corretas para a sua gravidade explicar a aparência do anel. Estudos recentes afirmaram que esta interpretação planetária estava incorreta. Com base no movimento aparente do objeto e a falta de uma detecção infravermelha pelo Telescópio Espacial Spitzer, os cientistas argumentaram que o objeto era uma nuvem de poeira de curta duração sem qualquer relação com um planeta. Uma nova análise, no entanto, traz a primeira conclusão exoplanetária de volta à vida. "Embora os nossos resultados desafiem seriamente o artigo da descoberta original, fazem-no de uma forma que realmente torna a interpretação do objeto muito mais limpa e deixa intacta a conclusão final, que Fomalhaut b é de fato um planeta enorme," afirma Thayne Currie, astrônomo anteriormente do Centro Aeroespacial Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland, EUA, e agora na Universidade de Toronto. O estudo relata que o brilho de Fomalhaut b varia por um fator de aproximadamente dois e citou isto como evidência de que o planeta estava a atrair gás. Estudos seguintes interpretaram esta variabilidade como evidência de que o objeto era na realidade uma nuvem transitória de poeira. No novo estudo, Currie e a sua equipe reanalisaram observações da estrela feitas com o Hubble em 2004 e 2006. Facilmente recuperaram o planeta em observações feitas em comprimentos de onda visíveis perto dos 600 e 800 nanômetros, e fizeram uma nova detecção na luz violeta perto dos 400 nanômetros. Em contraste com a pesquisa anterior, a equipe descobriu que o planeta permaneceu com brilho constante. A equipe tentou detectar Fomalhaut b no infravermelho usando o Telescópio Subaru no Hawai, mas foi incapaz de o fazer. As não-detecções com o Subaru e Spitzer significam que Fomalhaut b deve ter menos de duas vezes a massa de Júpiter. Outra questão controversa tem sido a órbita do objeto. Se Fomalhaut b é responsável pela borda do anel interior, então ele deve seguir uma órbita alinhada com o anel e agora deve estar movendo-se na sua velocidade mais lenta. A velocidade implícita no estudo original parecia ser muito mais rápida. Além disso, alguns pesquisadores argumentaram que Fomalhaut b segue uma órbita inclinada, que passa através do plano do anel. Usando dados do Hubble, a equipe de Currie estabeleceu que Fomalhaut b move-se com uma velocidade e direção consistentes com a idéia original de que a gravidade do planeta modifica o anel. "O que temos visto nas nossas análises é que a distância mínima do objeto a partir do disco quase não mudou nos últimos dois anos, o que é um bom sinal de que está numa órbita que esculpe o anel," explicou Timothy Rodigas, estudante pós-graduado na Universidade do Arizona e membro da equipe. A equipe de Currie também abordou estudos que interpretam Fomalhaut b como uma nuvem de poeira compacta não gravitacionalmente ligada a um planeta. Perto do anel de Fomalhaut, a dinâmica orbital espalharia ou dissiparia completamente tal nuvem em coisa de 60.000 anos. Os grãos de poeira experimentariam forças adicionais, que operam em escalas de tempo muito mais rápidas, à medida que interagem com a luz da estrela. "Dado o que sabemos acerca do comportamento da poeira e do ambiente onde o planeta está localizado, pensamos que estamos vendo um objeto planetário completamente embebido em poeira em vez de uma nuvem de poeira flutuando livremente," afirma o membro da equipe, John Debes, astrônomo do STSI (Space Telescope Science Institute) em Baltimore, EUA. Um artigo descrevendo os achados foi aceite para publicação na revista The Astrophysical Journal Letters. Dado que os astrônomos detectam Fomalhaut b graças à luz da poeira em redor e não graças à luz ou calor emitido pela sua atmosfera, já não é classificado como um "exoplaneta observado diretamente". Mas porque tem a massa ideal e está no local ideal para esculpir o anel, a equipe de Currie acha que deve ser considerado um "planeta identificado a partir de imagens diretas." Fomalhaut foi novamente alvo do Hubble em maio passado mas por outra equipe científica. Essas observações estão atualmente sob análise e devem ser publicadas em breve.
Créditos: Astronomia On-line
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