A formação das estruturas das galáxias sempre foi um dos problemas da astrofísica moderna, e os modelos atuais partiam da suposição que as galáxias, como a nossa Via Láctea, tivessem estabilizado sua forma a cerca de 8 bilhões de anos atrás. Para confirmar esta hipótese, a astrônoma Susan Kassin, do Centro de Vôo Espacial Goddard, da Nasa, fez um censo de centenas de galáxias usando os telescópios Keck, no Havaí (EUA), e Hubble (HST). Ela contou as galáxias que estavam estabilizadas, e as separou por idade e por massa, chegando a uma conclusão interessante: as galáxias não se estabilizaram 8 bilhões de anos atrás, mas continuaram em processo de estabilização até bem pouco tempo atrás. Atualmente, as galáxias que ainda têm processos de formação de estrelas têm formas estáveis de disco, como a galáxia de Andrômeda, ou a Via Láctea, onde a rotação em torno do centro domina os outros movimentos. Mas com as galáxias azuis mais distantes, a situação é outra: suas partes apresentam movimentos desordenados em múltiplas direções. Lentamente, elas vão se organizando, à medida que o movimento desorganizado dá lugar a uma rotação cada vez mais rápida. Dentre as galáxias azuis, as galáxias maiores apresentam um nível maior de organização, e estão gradualmente se transformando em discos girantes galácticos como a nossa galáxia. E por que a hipótese anterior estava errada? Benjamin Weiner, astrônomo da Universidade do Arizona em Tucson (EUA) e coautor do trabalho, aponta que os estudos anteriores excluíam as galáxias mais irregulares, e por isto a impressão que havia era que as galáxias em disco se estabilizavam rapidamente e permaneciam inalteradas durante muito tempo. O estudo usou uma amostra de 544 galáxias azuis do Deep Extragalactic Evolutionary Probe 2 (DEEP2 – Sonda de Evolução Extragaláctica Profunda) Redshift Survey (amostragem de redshift), um projeto que envolve o Hubble e os telescópios gêmeos de 10 metros do Observatório W. M. Keck, no Havaí. As galáxias selecionadas encontram-se entre 2 e 8 bilhões de anos-luz de distância, com massas variando entre 0,3% a 100% da massa da Via Láctea. Os astrônomos acreditam que a Via Láctea também sofreu o mesmo tipo de processo evolutivo, e estabilizou-se gradualmente no seu estado atual, na mesma época que o Sol e o sistema solar foram formados. Durante os últimos 8 bilhões de anos, o número de fusões de galáxias diminuiu bastante, bem como a taxa de formação de estrelas e explosões de supernovas. A partir dos dados observados, as simulações de computador da evolução das galáxias pode ser ajustada até que os modelos repliquem os dados observados. Com os modelos afinados, os cientistas poderão investigar os processos físicos envolvidos.
Créditos: Hypescience
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