domingo, 18 de novembro de 2012

Astrônomos localizam nebulosa “borrifadora cósmica” com duas estrelas em seu centro

Os astrônomos dizem que a descoberta é um dos mais extraordinários exemplos de uma nebulosa planetária jamais vista. A descoberta só foi possível pela utilização do Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul. Os pesquisadores descobriram um par de estrelas que orbitam uma a outra no centro de uma “borrifadora cósmica” única. Mas a descoberta tem outra função: provar uma teoria há muito discutida sobre o que controla a aparência espetacular e simétrica do material arremessado pelo espaço. Quando uma estrela com uma massa até oito vezes maior do que o Sol chega perto do fim de sua vida, ela explode suas camadas externas e começa a perder massa. Isso permite que o núcleo quente e o interior da estrela irradiem fortemente, fazendo com que seu casulo de gás em expansão brilhe como uma nebulosa planetária. Enquanto as estrelas são esféricas, muitas dessas nebulosas planetárias são extremamente complexas, com nós, filamentos e jatos intensos de material que formam padrões intrincados. Os astrônomos debatem há tempos como esses jatos simétricos poderiam se formar, mas não chegaram a nenhum consenso até hoje. “A origem dos formatos belos e intrincados da Fleming 1 e objetos similares foram controversos por muitas décadas”, diz Henri Boffin, que liderou a equipe, em entrevista ao DailyMail. “Astrônomos já sugeriram que a culpa seria de uma das estrelas binárias (estrelas que orbitam e são orbitadas pelo seu par) antes, mas sempre se acreditou que nesse caso o par estaria bem separado, com um período orbital de dezenas de anos ou mais. Graças aos nossos modelos e observações, que nos levaram a examinar esse sistema incomum, no coração da nebulosa, nós descobrimos que o par está milhares de vezes mais próximo”. A Fleming 1 está localizada na constelação Centaurus, visível no Hemisfério Sul. Foi descoberta há um século por Williamina Fleming, uma ex-doméstica que foi contratada pelo Observatório da Faculdade de Harvard após mostrar aptidão para a astronomia. Ela foi responsável pela descoberta de inúmeros objetos astronômicos (muitos dos quais receberam seu nome), incluindo 59 nebulosas gasosas, mais de 310 estrelas variáveis e dez novas explosões cataclísmicas que ocorrem em estrelas anãs quando o hidrogênio se acumula em suas superfícies. A nova pesquisa combinou observações do VLT da Fleming 1 com modelos de computador existentes para explicar em detalhes pela, primeira vez, como essas formas bizarras surgiram. A equipe usou o VLT para estudar a luz proveniente da estrela central. Eles descobriram que a Fleming 1 deve ter não uma, mas duas anãs em seu centro, circulando uma a outra a cada 1,2 dia. Apesar de estrelas binárias já terem sido descobertas nos corações de nebulosas planetárias, sistemas com duas anãs são bem raros. “Este é o caso mais completo até hoje de uma estrela binária central para a qual simulações previram corretamente como ela formatou a nebulosa em seu entorno – e num estilo realmente espetacular”, explica o coautor Brent Miszalski, do Observatório Astronômico Sul-Africano e do Grande Telescópio Sul-Africano (SAAO e SALT, respectivamente, nas siglas em inglês). O par de estrelas no meio dessa nebulosa é vital para explicar sua estrutura observada. Conforme as estrelas envelheceram, elas se expandiram, e por parte desse tempo, uma agiu como um “vampiro estelar”, sugando material de sua companheira. O material então fluiu em direção a vampira, formando um círculo em volta dela conhecido como disco de acreção. Conforme as duas estrelas orbitaram uma a outra, ambas interagiram com esse disco e fizeram com que ele se comportasse como um peão cambaleante – um tipo de movimento chamado de precessão. As imagens profundas do VLT também levaram à descoberta de um anel enlaçado de material na nebulosa interior. Sabe-se que este tipo de anel de material também existe em outras famílias de sistemas binários, e parece ser uma assinatura reveladora da presença de um par estelar.


Créditos: Jornal Ciência

Nenhum comentário:

Postar um comentário