Titã, uma das 62 luas gigante de Saturno, pode brilhar no escuro. O estudo que começou quando a sonda Cassini, da NASA, detectou um brilho emanando de Titã. Ele vinha não só de sua atmosfera, mas também de sua névoa seca rica em nitrogênio. “Isso nos mostra que ainda não sabemos tudo sobre Titã e torna o satélite ainda mais misterioso”, disse o autor principal do estudo, Robert West, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, Califórnia, em um comunicado enviado ao LiveScience. O brilho é bastante fraco: tem uma força estimada em um milionésimo de watt, ou seja, nem um baloeiro que viajasse pela atmosfera do satélite seria capaz de vê-lo. A sonda Cassini percebeu a luz ao tirar fotografias com 560 segundos de tempo de exposição em 2009. Como as fotos foram tiradas na hora que a lua passava pela sombra de Saturno, os pesquisadores sabem que a luz vinha dela mesma. Tal tipo de luz é chamado de luminescência atmosférica e é gerada quando moléculas da atmosfera são excitadas pela luz do Sol, ou por partículas eletricamente carregadas. “É como um letreiro de neon, onde os elétrons gerados por energia elétrica se chocam com átomos de neônio, fazendo com que brilhem”, disse Robert. Já era esperado um brilho em partes altas da atmosfera, acima dos 700 quilômetros, onde partículas carregadas no campo magnético de Saturno retiram elétrons do ar da lua, mas o brilho chegou a ser detectado em altitudes tão baixas quanto 300 quilômetros, algo surpreendente. Os pesquisadores negam que a hipótese das partículas carregadas no campo magnético se aplique neste caso. A luminescência vem de uma camada muito profunda da atmosfera. Logo, a possibilidade mais provável seria ou que o brilho é produzido por raios cósmico de alta penetração, ou por reações químicas que ocorrem nas profundezas da atmosfera de Titã. O fato de Titã emitir luz pode ajudar os cientistas a compreender melhor a atmosfera do satélite (nenhuma outra lua conhecida possui uma atmosfera densa). Sabe-se que há vários tipos de substâncias ali, incluindo compostos orgânicos – bases para a vida como a conhecemos. A luz que vem de lá ajuda os cientistas a estudar a interação entre essas moléculas. O planeta Vênus também produz luz, que é conhecida como Luz de Ashen e atribuída por alguns cientistas às tempestades de raios que ocorrem no planeta vizinho a Terra. A sonda Cassini nunca detectou fenômenos similares em Titã (mas já o fez em Saturno). A equipe que cuida da missão da Cassini continuará estudando as prováveis causas da luz emitida na lua.
Créditos: Jornal Ciência
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