Um antiga estrela entrou em supernova e parece ter deixado um rastro de poeira radioativa nos mares da Terra.
São 33 mil anos do raro isótopo radioativo ferro-60 se acumulando em nosso planeta, um átomo fabricado em estrelas explosivas.
As evidências se acumulam de que estamos passando por uma nuvem de gás e poeira interestelar gerada por uma supernova a possivelmente milhões de anos atrás.
O ferro-60 tem sido observado e pesquisado por muitos anos. Sua meia-vida de 2,6 milhões de anos indica que ele decai totalmente em 15 milhões de anos, portanto observações do átomo em nosso planeta querem dizer que sua origem é de fora do planeta já que a Terra formou-se há mais de 4 bilhões de anos.
Em poucas palavras o ferro-60 é um isótopo radioativo fabricado durante supernovas (explosões de estrelas gigantes de vida curta).
Depósitos do isótopo exótico foram descobertos pelo físico nuclear Anton Wallner, da Australian National University, que os datou entre 2,6 milhões e 6 milhões de anos atrás, indicando que pedaços de uma supernova pousaram na Terra nesse período.
No entanto há evidências muito mais recentes destes restos de supernova, pois de acordo com amostras de gelo da Antártica há isótopos de ferro-60 caídos apenas nos últimos 20 anos.
Em 2016 pesquisadores descobriram que o isótopo foi detectado durante uma varredura de 17 anos do espaço em raios cósmicos em volta da Terra, usando um instrumento da Nasa.
No último trabalho Wallner descobriu ferro-60 em cinco amostras de sedimentos removidas do solo do oceano datado de 33 mil anos. Os volumes presentes nas amostras são consistentes durante todo esse período. Mas essa descoberta, na realidade, traz muitos novos questionamentos.
Nosso sistema solar atravessa uma região conhecida como Nuvem Interestelar Local formada por plasma, gás e poeira.
Caso ela tenha sido gerada por uma supernova é natural que estejamos sendo borrifados suavemente com ferro-60. Essa foi a sugestão deixada pela descoberta na Antártica e exatamente o que a equipe de Wallner pretendia confirmar ao analisar os sedimentos do fundo do mar.
Caso a nuvem interestelar local seja a origem do ferro-60, deveríamos ter observado um aumento claro logo que o Sistema Solar penetrou a nuvem; o que, segundo informações dos cientistas, possivelmente teria acontecido nos últimos 33.000 anos. A amostra mais antiga deveria ter, no mínimo, níveis bem menores de ferro-60, mas isso não foi o observado.
Existe a possibilidade, informam os cientistas em seu texto científico, que a nuvem interestelar local e os restos da explosão estelar tenham coincidido, ao invés de apenas uma estrutura, com os restos no meio interestelar de supernovas que explodiram milhões de anos atrás. Isso pode sugerir que a nuvem interestelar local não é um remanescente de supernova tênue.
“Há artigos recentes que sugerem que o ferro-60 preso em partículas de poeira pode ricochetear no meio interestelar. Portanto, o ferro-60 pode se originar de explosões de supernovas ainda mais antigas, e o que medimos é algum tipo de eco”, afirmou Wallner.
Para realmente sabermos a verdade, informam os cientistas, deveríamos buscar pelo ferro-60 entre 40 mil e um milhão de anos atrás. E caso encontremos ferro-60 em maior quantidade mais antigamente, isso poderia sugerir supernovas antigas.
Mas se for observado que há mais ferro-60 no período mais recente isso indica que a nuvem interestelar local seria a origem do ferro-60.
Créditos: Hypescience
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