Astrônomos do projeto KiDS usaram o telescópio VLT, no Chile, para observar mais de 30 milhões de galáxias no Universo a até 10 bilhões de anos-luz da Terra - KiDS é uma sigla em inglês para "Pesquisa de Quilo-Grau", uma vez que o projeto varreu 1.500 graus quadrados do céu.
"O Universo parece ser menos grumoso do que a nossa melhor teoria do Universo no momento sugere," disse Catherine Heymans, da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido. "Isso significaria que há mais coisas para se compreender lá fora."
Após o Big Bang, há presumidos 13,7 bilhões de anos, nosso Universo passou por um período de inflação e expansão, deixando para trás um calor remanescente que podemos observar ainda hoje - o fundo cósmico de micro-ondas - que nos mostra a dispersão da matéria por todo o Universo.
No entanto, vários estudos sobre matéria escura - a força ainda inexplicada que mantém as galáxias coesas - nos últimos anos começaram a mostrar uma discrepância entre o fundo cósmico de micro-ondas e a distribuição da matéria escura, que compõe cerca de 85% da massa do Universo.
Os resultados do KiDS encontraram mais evidências dessa discrepância.
Embora outras pesquisas também tenham realizado varreduras semelhantes, este agora merece destaque por seu nível de precisão. "São os resultados mais precisos que foram publicados até agora," garante Alan Heavens, no Imperial College de Londres.
Se os resultados estiverem corretos, eles podem ter implicações amplas.
Um Universo mais homogêneo poderia significar, por exemplo, que a gravidade em grandes escalas é diferente do que os cientistas acreditam, com a taxa na qual a matéria cai em regiões densas do Universo - como previsto pela teoria da relatividade geral de Einstein - sendo mais lenta do que o previsto.
Ou pode ser que o nosso entendimento da energia escura, pensada para ser o impulsionador da expansão acelerada do Universo, esteja longe de ser completo.
"Esse tipo de discrepância não era esperado em nosso modelo físico do Universo," disse Elisabeth Krause, da Universidade do Arizona, nos EUA. "O júri ainda não entendeu se há uma explicação nos efeitos sistemáticos que temos que modelar, ou se essa é realmente uma nova física fundamental.
Créditos: Inovação Tecnológica
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