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terça-feira, 5 de novembro de 2019

Sonda Voyager 2 chega ao espaço interestelar e observa um salto na densidade de plasma

Segundo pesquisadores da Universidade de Iowa (EUA), a sonda Voyager 2 entrou finalmente no espaço interestelar, tornando-se o segundo objeto feito pelo homem a alcançar o feito atrás de sua colega Voyager 1, que saiu do sistema solar em 2012.
As sondas Voyager 1 e 2 foram lançadas da Terra ao espaço separadas por apenas algumas semanas em 1977, com missões e trajetórias diferentes.
A Voyager 1 entrou no espaço interestelar a uma distância de 122,6 unidades astronômicas (UA, sendo que 1 UA equivale a distância da Terra ao sol), enquanto a Voyager 2 entrou no espaço interestelar a 119,7 UA, ou mais de 17 bilhões de quilômetros de distância do sol.
No novo estudo, os mesmos pesquisadores que confirmaram a entrada da Voyager 1 no espaço interestelar em 2012 o fizeram para a 2.
De acordo com os pesquisadores, a sonda cruzou a linha na data de 5 de novembro de 2018, quando foi notado um “salto” na densidade do plasma por um instrumento colocado na nave pelos cientistas de Iowa.
O aumento acentuado é uma evidência de que a Voyager 2 saiu do ambiente de baixa densidade do vento solar para o plasma frio e de maior densidade do espaço interestelar – um salto semelhante foi experimentado pela Voyager 1, medido oito meses depois de sua entrada sete anos atrás.
Apesar das sondas terem trajetórias diferentes, elas saíram do sistema solar a basicamente a mesma distância do sol. Isso nos dá pistas para a estrutura da heliosfera.
Com seu vento supersônico de plasma ionizado, o Sol forma uma “bolha” ao redor do sistema solar. Essa bolha é chamada de heliosfera, e seu limite – no qual a pressão exercida pelo vento solar não é mais forte o suficiente para empurrar contra o espaço interestelar – é chamada de heliopausa.
“Isso implica que a heliosfera é simétrica, pelo menos nos dois pontos em que as sondas Voyager cruzaram”, disse Bill Kurth, pesquisador da Universidade de Iowa e um dos autores do estudo. “E nos diz que esses dois pontos na superfície estão quase à mesma distância”.
Os dados também fornecem pistas sobre a grossura da heliosheath, a fronteira entre a heliosfera e a heliopausa. Essa região parece ter espessura variada, baseado nos dados que mostram a Voyager 1 navegando 10 UA mais longe que sua parceria para chegar à heliopausa. Os instrumentos da Voyager 2 mostraram uma heliopausa mais suave e fina do que os dados da 1, com um campo magnético mais forte.
O instrumento de raios cósmicos da Voyager 2 também detectou algo que a 1 não viu: evidências de uma camada entre a heliopausa e o espaço interestelar, na qual os dois ventos (solar e interestelar) interagem. Tudo isso indica que a heliopausa não é uma fronteira homogênea, mas sim mais complexa e dinâmica do que pensávamos.
A última medição feita pela Voyager 1 chegou à Terra quando ela estava a 146 UA, ou mais de 21,5 bilhões de quilômetros do Sol. O instrumento de plasma ainda registrava aumento de densidade.
“As duas Voyagers sobreviverão à Terra. Elas estão em suas próprias órbitas ao redor da galáxia por cinco bilhões de anos ou mais. E a probabilidade de encontrarem algo no caminho é quase zero”, afirmou Kurth.
Os dados que estamos coletando agora são valiosos, no entanto, porque isso não significa que elas permanecerão operacionais. Por exemplo, o instrumento de plasma da Voyager 1 se quebrou quando esta atravessou a heliopausa em 2012.

Créditos: Hypescience

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