quinta-feira, 1 de julho de 2010

LBV 1806-20, uma estrela hipergigante ou um sistema binário de estrelas?


Segundo uma equipe de astrônomos, liderada por S. Eikenberry (Universidade da Florida, EUA), a estrela LBV 1806-20 é 5 milhões a 40 milhões de vezes mais luminosa do que o Sol. Até agora, a estrela considerada a mais luminosa era a estrela Pistola, que é 5 a 6 milhões de vezes mais luminosa do que nosso Sol. Embora seja extremamente luminosa, LBV 1806-20 não é facilmente observável, pois encontra-se a 45.000 anos-luz de distância de nós, do outro lado da Galáxia, e a luz que emite é absorvida pelo material interestelar que nos separa – a sua detecção foi feita com observações no infravermelho, que é uma região do espectro electromagnético que penetra mais profundamente a poeira interestelar. Os astrônomos conhecem LBV 1806-20 desde 1990, quando foi identificada como um estrela variável azul luminosa – um tipo de estrela relativamente rara, caracterizada por ser uma estrela muito quente e luminosa, de massa elevada e que exibe variabilidade. LBV 1806-20 tem, provavelmente, mais de 150 vezes a massa do Sol e a sua idade estima-se em 2 milhões de anos; compare-se com o Sol, por exemplo, que tem 5 bilhões de anos. A equipe utilizou imagens obtidas com a câmara de infravermelhos no Telescópio Hale (Caltech) de 5 m, no Monte Palomar (EUA), para determinar a massa e a luminosidade da estrela. Com observações adicionais realizadas com o Telescópio Blanco de 4 metros (NOAO /AURA), no Observatório de Cerro Tololo (Chile), determinaram ainda a distância da LBV 1806-20, a sua temperatura à superfície e a extinção da luz infravermelha emitida por LBV 1806-20 provocada pelo meio interestelar. Todas estas medições contribuíram para determinar a luminosidade da estrela. Contudo, um dos problemas em determinar a massa e a luminosidade de estrelas muito luminosas que se encontram a grandes distâncias é a dificuldade em confirmar que se trata apenas de uma estrela isolada e não de um sistema múltiplo. As observações, embora de altíssima resolução, deixam ainda em aberto a possibilidade de se tratar de uma coleção de algumas estrelas numa órbita apertada, sendo necessárias mais observações para estabelecer a singularidade da estrela. Tomando-a como estrela única, um dos mistérios de LBV 1806-20 é o processo pelo qual conseguiu formar-se com uma massa tão elevada. Atualmente as teorias de formação de estrelas sugerem que as estrelas devem estar limitadas até cerca de 120 massas solares, pois o calor e a pressão do centro destas estrelas enormes afastam a matéria da sua superfície, impedindo a acreção de mais massa. Uma possibilidade é LBV 1806-20 ter sido formada a partir de um processo chamado de "formação de estrelas por choque induzido", que ocorre quando uma supernova explode e induz a formação de uma ou mais estrelas de massa elevada numa nuvem molecular. A sua massa elevadíssima não é a única característica peculiar da estrela. LBV 1806-20 está localizada num pequeno enxame de estrelas onde se encontra uma estrela muito rara (só se conhecem quatro deste tipo em toda a Galáxia): uma repetidora de raios gama moles (soft gamma ray repeater), que é uma estrela de nêutrons magnética peculiar. Com um campo magnético centenas de bilhões de vezes mais intenso do que o campo magnético da Terra, esta estrela ganhou o seu nome de repetidora de raios gama moles devido às suas fulgurações periódicas de raios gama. Pensa-se ainda que o enxame possui também uma estrela em formação, ou recentemente formada. A presença de estrelas tão diferentes como a variável azul luminosa, a repetidora de raios gama moles e uma estrela ainda em formação é um exemplo de que as estrelas num enxame não se formam todas ao mesmo tempo, nem mesmo num aglomerado pequeno.

Créditos: Portal do Astrónomo

7 comentários: