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quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Planeta anão Ceres pode ter oceano subterrâneo

Os enigmáticos pontos brilhantes do planeta anão Ceres parecem esconder segredos muito mais significativos do que o mais otimista dos astrônomos apostaria. Dados da sonda espacial Dawn, da NASA, dão indicações de que pode haver um oceano subterrâneo em Ceres, um corpo celestes que orbita o Sol entre Marte e Júpiter, no Cinturão de Asteróides. Antes de esgotar seu combustível, a sonda Dawn orbitou Ceres de 2015 a 2018, dando rasantes a apenas 35 km da superfície da cratera Occator, o maior ponto brilhante. "Estou extremamente entusiasmada por encontrar alguns indícios de água líquida, aliada ao fato de este corpo possuir muitos minerais muito interessantes para a formação da vida," afirmou Maria Cristina De Sanctis, pesquisadora do Instituto Nacional de Astrofísica da Itália. "É uma boa combinação de compostos químicos que ajudam na formação de moléculas biológicas." Segundo essa nova hipótese, os pontos brilhantes, uma espécie de "erupções" claras, contrastando com o solo escuro do planeta anão, podem ser derramamentos do grande corpo líquido abaixo da superfície.

As primeiras análises já haviam indicado que os derramamentos eram compostos de sais e marcados pela presença de compostos orgânicos nativos. Agora a equipe identificou a presença de cloreto de sódio hidratado, o que De Sanctis e seus colegas consideram uma evidência muito mais forte de um oceano subterrâneo. Os pontos brilhantes seriam compostos então por uma espécie de salmoura, que assumiria uma consistência pastosa ao chegar à superfície, antes de finalmente endurecer. Esses tipos de sais são extremamente importantes para manter a água líquida, defende a pesquisadora, ao menos aqui na Terra, e estão sempre associados a processos que se acredita envolvidos com a emergência de vida. Comparando essa composição química com crateras de impacto presentes na mesma região do planeta anão, a equipe estima que o oceano está a cerca de 40 km abaixo da superfície, mas não há dados suficientes para estimar suas dimensões.

 Créditos: Inovação Tecnológica

sábado, 2 de novembro de 2019

Hígia pode ser o menor planeta anão do Sistema Solar conhecido até hoje

Com o auxílio do instrumento SPHERE, montado no telescópio VLT, no Chile, astrônomos revelaram que o asteróide Hígia pode ser classificado como planeta anão.
Este corpo celeste é o quarto maior do cinturão de asteróides, depois de Ceres, Vesta e Pallas.
Pela primeira vez foram feitas observações com resolução suficiente para estudar a sua superfície e determinar a sua forma e tamanho. Os astrônomos descobriram que Hígia é um asteróide esférico, podendo potencialmente destronar Ceres da sua posição de menor planeta anão do Sistema Solar.
Tal como os objetos do cinturão principal de asteróides, Hígia atende imediatamente três dos quatro requisitos para ser classificado como um planeta anão: orbita em torno do Sol, não é satélite de nenhum planeta e, contrariamente aos planetas, não "limpou" o espaço em torno da sua órbita.
O requisito final é que ele tenha massa suficiente para que a sua própria gravidade lhe permita ter uma forma mais ou menos esférica. Foi isto que as observações obtidas com o VLT revelaram agora sobre Hígia.
A equipe também usou as observações para restringir o tamanho de Hígia, colocando o seu diâmetro em pouco mais de 430 km. Plutão, o mais famoso dos planetas anões, tem um diâmetro de cerca de 2.400 km, enquanto Ceres apresenta cerca de 950 km de diâmetro.
Surpreendentemente, as observações revelaram também que Hígia não apresenta a enorme cratera de impacto que se esperava ver na sua superfície.
Hígia é o membro principal de uma das maiores famílias de asteróides, a qual é composta por cerca de 7.000 membros, todos com origem no mesmo corpo celeste. Os astrônomos esperavam que o evento que levou à formação dessa numerosa família tivesse deixado uma marca grande e profunda em Hígia.
"Esse resultado foi uma verdadeira surpresa, já que esperávamos ver uma enorme cratera de impacto, como é o caso de Vesta," disse Pierre Vernazza, do Laboratório de Astrofísica de Marselha, na França. Apesar de os astrônomos terem observado 95% da superfície de Hígia, foram apenas identificadas inequivocamente duas crateras.
"Nenhuma destas duas crateras poderia ter sido causada pelo impacto que deu origem à família de asteróides Hígia, cujo volume é comparável a um objeto com uma dimensão da ordem dos 100 km. As crateras observadas são muito pequenas," explica Miroslav Broz, da Universidade Charles em Praga, na República Tcheca.

Créditos: Inovação Tecnológica

Sonda New Horizons revela imagens do lado oculto de Plutão

Uma equipe de astrônomos da missão New Horizons da NASA revelou uma visão inédita do lado oculto de Plutão, que não pôde ser observada pela sonda durante seu histórico sobrevoo sobre o planeta-anão em julho de 2015.
Na época, o que se viu foi um dos hemisférios de Plutão em alta resolução, porque o sobrevoo durou apenas algumas horas, enquanto o planeta levava 6,4 dias terrestres para fazer sua rotação. Dessa forma, quado a New Horizon passou, um lado daquele corpo celeste estava iluminado pelo sol, enquanto o outro estava oculto nas trevas.
No entanto, usando imagens capturadas pela sonda espacial quando já se encontrava a uma distância de seis milhões de quilômetros, a equipe conseguiu, através de ferramentas de processamento de imagem, revelar o hemisfério oculto de Plutão.
O novo estudo, publicado no arquivo de preprints eletrônicos arXiv no dia 19 de outubro passado, apresenta a primeira compilação dos dados de baixa resolução da New Horizons, além de oferecer a primeira análise geológica desse conjunto de dados.
A resolução final é 100 vezes melhor do que as imagens obtidas pelo telescópio espacial Hubble, que havia fornecido as melhores imagens daquele hemisfério anteriormente.
Nesse novo trabalho, a New Horizons também conseguiu tirar fotos de Plutão enquanto ele eclipsava o Sol, revelando a borda do planeta-anão a partir desse ângulo específico.
Os conjuntos de imagens foram combinados como um grande mosaico. Os resultados foram fascinantes e mostraram características similares, porém diferentes entre os hemisférios.
Uma característica bizarra e jamais vista antes ao longo das regiões mais a leste do lado próximo de Plutão foram grandes cumes íngremes de gelo do tamanho de arranha-céus. Chamadas “terrenos de lâminas”, essas estruturas são compostas principalmente de gelo de metano e chegam a atingir mais de 300 metros de altura. Os cientistas nunca viram nada parecido antes, mas estes terrenos com lâminas também parecem estar espalhados pelo lado distante de Plutão.
O. L. White, um dos autores, afirmou que “Este artigo tem a intenção de ser ‘o’ artigo sobre o lado distante de Plutão”, reconhecendo que tiraram tudo o que era possível dos dados disponíveis.

Créditos: Megacurioso

sexta-feira, 10 de maio de 2019

A dinâmica do anel de Haumea

Observado pela primeira vez em 2004, Haumea é um planeta anão localizado para lá da órbita de Plutão, numa região do Sistema Solar chamada Cintura de Kuiper. Foi por causa da descoberta desse e de outros planetas anões que, em 2006, Plutão foi oficialmente desclassificado como planeta.
Haumea foi reconhecido oficialmente como planeta anão em 2008. Tem um formato alongado que lembra uma bola de futebol americano, além de duas luas e um anel.
Por ter um anel, Haumea integra o grupo de objetos do Sistema Solar composto por Saturno, Urano, Netuno e Júpiter, além dos asteróides Chariklo e Chiron, que desenham órbitas entre Júpiter e Netuno.
O anel de Haumea nunca foi observado diretamente. A sua existência foi inferida por um grupo internacional de astrônomos em 2017, a partir da análise do brilho de uma estrela que passou atrás do planeta anão.
"A descoberta foi feita por ocultação. O brilho da estrela foi observado da Terra e diminuiu quando Haumea passou na frente. Isso permitiu obter informações sobre o formato do planeta anão", disse Othon Cabo Winter, professor titular na Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Guaratinguetá.
"Mas o brilho da estrela também diminuiu quando o anel passou em sua frente, permitindo, assim, que os pesquisadores obtivessem informações sobre o anel", disse.
O trabalho faz parte do Projeto Temático "A relevância dos pequenos corpos em dinâmica orbital", financiado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), e contou com apoio também da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Os investigadores que descobriram o anel em 2017 chegaram a sugerir que ele ocuparia em torno de Haumea uma órbita muito próxima à chamada região de ressonância 1 para 3 (1:3) – a cada três rotações completas que o planeta anão dá em torno do próprio eixo, as partículas que formam o anel completam uma órbita em seu redor.
Um novo estudo feito por Winter, Taís Ribeiro e Gabriel Borderes Motta, do Grupo de Dinâmica Orbital e Planetologia da Unesp (Universidade Estadual Paulista), mostrou ser necessária uma certa excentricidade (medida que representa o afastamento de uma órbita da forma circular) para que a tal ressonância atuasse sobre as partículas do anel.
Segundo Winter, o fato de o anel ser estreito e praticamente circular inviabiliza a atuação dessa ressonância. Em contrapartida, o grupo identificou um tipo peculiar de órbitas periódicas (que se repetem de maneira idêntica) estáveis e quase circulares, na mesma região onde se localiza o anel de Haumea.
"Nosso estudo não é observacional. Não observamos diretamente os anéis. Ninguém jamais o fez", disse Winter. Isso porque os anéis são muito tênues e estão por demais distantes para poderem ser observados pelos observatórios astronômicos da Terra. A distância média de Haumea em relação ao Sol é 43 vezes maior do que a distância da Terra ao Sol.
"Nosso estudo é inteiramente computacional. Foi a partir de simulações com os dados obtidos que chegamos à conclusão de que o anel não se encontra naquela região do espaço devido à ressonância 1:3, mas sim devido a uma família de órbitas periódicas estáveis", disse Winter.
Num artigo publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, os cientistas da Unesp exploraram a dinâmica de partículas individuais na região em que o anel está localizado.
"O objetivo principal do trabalho foi identificar a estrutura da região do anel de Haumea em termos de localização e tamanho das regiões estáveis e também a razão de sua existência. De particular interesse foi tentar entender a estrutura dinâmica associada à ressonância 1:3", disse Winter.
Os pesquisadores usaram o método de Superfície de Seção de Poincaré para explorar a dinâmica na região em que se localiza o anel. Com a simulação da evolução das trajetórias das partículas na região, foram gerados em computador gráficos (seções) que mostram visualmente as regiões de estabilidade representadas por ilhas (curvas fechadas), enquanto as regiões instáveis aparecem como uma distribuição de pontos dispostos irregularmente.
As ilhas de estabilidade que foram identificadas em consequência da ressonância 1:3 têm trajetórias muito excêntricas, mais do que seria compatível com o anel (estreito e circular).
"Por outro lado, identificamos ilhas de estabilidade na mesma região, mas com trajetórias de baixa excentricidade, compatíveis com o anel. Essas ilhas foram identificadas por causa de uma família de órbitas periódicas", disse Winter.
Haumea tem um diâmetro de 1.456 quilômetros, menos da metade de Marte, e possui um formato oval, sendo duas vezes mais longo do que largo. Leva 284 anos para completar uma volta em torno do Sol. O planeta anão fica tão distante, e a radiação solar que lá chega é tão rarefeita, que a temperatura à superfície é de 223°C negativos.
Por ter sido detectado pelas lentes dos observatórios gigantes instalados no cume do vulcão extinto Mauna Kea, no Hawaii, os seus descobridores batizaram-no com o nome da deusa da fertilidade da mitologia havaiana. O planeta anão possui duas luas: Namaka e Hi'iaka, as filhas da deusa Haumea. Acredita-se que essas luas se formaram como resultado de uma colisão entre Haumea e algum outro corpo.
Haumea completa uma rotação a cada quatro horas, o que o torna um dos objetos grandes com rotação mais rápida no Sistema Solar. Tal aspeto pode estar relacionado a um passado violento.
Estima-se que, na origem do Sistema Solar, Haumea era muito parecido com Plutão, metade rocha e metade água. Há milhares de milhões de anos atrás, um grande objeto pode ter colidido com Haumea, expulsando a maior parte do gelo de sua superfície e fazendo com que girasse muito depressa em comparação com outros planetas anões.

Créditos: Inovação Tecnológica

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Farout: novo planeta é encontrado nos confins do Sistema Solar

Uma equipe internacional de cientistas descobriu o objeto mais distante já detectado no Sistema Solar. Apelidado de Farout, é um pequeno corpo arredondado, de tonalidade rosada, localizado a quase 18 bilhões de quilômetros do Sol. A cor rosada é comum em objetos ricos em gelo.
Oficialmente batizado de 2018 VG18, Farout tem 500 quilômetros de diâmetro e é o primeiro objeto descoberto além de 100 unidades astronômicas (UA) de nossa estrela, lembrando que 1 UA é a distância sendo entre a Terra e o Sol.
Farout está a uma distância de 120 UA, significativamente mais longe do que o planeta anão Eris, que está a 96 UA de distância. Plutão, por comparação, está a 34 UA.
O objeto detectado através de imagens feitas com o telescópio japonês Subaru, localizado no topo da montanha Mauna Kea, no Havaí, no dia 10 de novembro de 2018. Depois de detectado pelo Subaru, novas observações de acompanhamento foram realizadas a partir do Observatório Las Campanas, no Chile e confirmaram a distância.
"Tudo o que sabemos atualmente sobre o 2018 VG18 é a sua extrema distância do Sol, seu diâmetro aproximado e sua cor", disse o codescobridor David Tholen, da Universidade do Havaí. "Como 2018 VG18 fica muito distante, seu período orbital também é muito lento, provavelmente leva mais de mil anos para completar uma volta ao redor do Sol.
Farout veio somar à família de objetos até agora descobertos além da órbita de Plutão. As órbitas desses objetos, chamados transnetunianos (TNOs) parecem ser influenciadas pela gravidade de um planeta massivo, que teoricamente estaria situado a mais de 200 UA do Sol.
"O 2018 VG18 está muito mais distante e também muito mais lento do que qualquer outro objeto do Sistema Solar observado, então levará alguns anos para determinar completamente sua órbita", acrescentou o codescobridor Scott Sheppard, do Carnegie Institution for Science.
“Farout foi encontrado em um local similar no céu para os outros objetos bem conhecidos do Sistema Solar, o que sugere que poderia ter o mesmo tipo de órbita que a maioria deles faz. As semelhanças orbitais mostradas por muitos dos pequenos e distantes corpos do Sistema Solar foram o catalisador para nossa afirmação original de que há um planeta distante e massivo em várias centenas de UAs que pastoreiam esses objetos menores”, disse Sheppard.

Créditos: Apolo 11

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Goblin

Foi descoberto um novo objeto no sistema solar. É o objeto mais longínquo dentro do sistema solar.
O objeto foi denominado oficialmente 2015 TG387, e apelidado de Goblin.
Ele deverá ser um planeta-anão, com somente 300 quilômetros de diâmetro.
Ele encontra-se atualmente a 80 UA (Unidades Astronômicas), ou seja, 80 vezes mais longe do Sol, do que a Terra está do Sol.
Na sua muito alongada órbita, o seu periélio (quando está mais próximo do Sol) é a 65 UA.
O objeto 2012 VP113 tem um periélio a 80 UA. Sedna tem o periélio a 76 UA. Lembremo-nos que Plutão está atualmente a 34 UA.
No entanto, no seu afélio (o ponto mais longe do Sol), Goblin está a 2.300 UA. Isto é verdadeiramente longe! Mas ainda dentro do sistema solar.
Ele poderá ser um objeto da Nuvem de Oort, que poderá ter vindo para o “interior” do sistema solar.
Os autores da investigação especulam que poderão existir milhares destes objetos nos subúrbios do sistema solar. Mas só os detectamos quando vêm para locais mais “próximos” do Sol (mesmo assim, muito mais longe que Plutão). Ou seja, em 99% da sua órbita de 40.000 anos, não os conseguimos detectar.
A localização do seu periélio, próxima dos periélios de Sedna, de 2012 VP113 e de outros objetos transneptunianos distantes, sugere que poderá existir um outro planeta (super-Terra) naquela zona com uma órbita que os afeta.
Esta investigação durou vários anos, porque como estes objetos estão tão longe, movem-se muito lentamente na sua órbita e por isso é muito difícil detectar o seu movimento.

Créditos: AstroPT

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Nova teoria do Universo pode ser testada pelo Hubble


Um candidato a planeta-anão, chamado UX25, e sua pequena lua, podem fornecer a primeira evidência experimental de um novo modelo cosmológico que inclui a antigravidade. O modelo dispensa conceitos como matéria escura, energia escura e inflação cósmica. A proposta de testar essa nova teoria observando o movimento dos dois objetos na borda do sistema solar foi anunciada por Alberto Vecchiato e Mario Gai, do Observatório Astrofísico de Turim, na Itália. Em 1915, a ainda desconhecida Teoria Geral da Relatividade, de Albert Einstein, recebeu um grande impulso de credibilidade quando foi usada para explicar uma discrepância na órbita de Mercúrio que não poderia ser explicada apenas pela física newtoniana. Agora, quase um século depois, Vecchiato e Gai calculam que o UX25 e seu minúsculo satélite - que orbitam o Sol no cinturão de Kuiper, além de Netuno - podem ser usados como um "laboratório natural" para testar esse modelo do Universo - para nós tão novo e ambicioso quanto a relatividade pareceu aos colegas de Einstein no início do século passado. Desenvolvido pelo físico Dragan Hajdukovic, do CERN, o modelo - chamado Dipolos Gravitacionais Virtuais - é baseado no conceito de que o espaço vazio - também conhecido como vácuo quântico - não é de todo vazio. Em vez disso, o vácuo quântico é formado por "matéria virtual" e partículas de antimatéria que constantemente pululam entre a existência e a inexistência. A idéia de Hajdukovic é que essas partículas têm cargas gravitacionais opostas, semelhantes a cargas elétricas positivas e negativas. Ele prevê ainda que, na presença de um campo gravitacional, as partículas virtuais do vácuo quântico vão gerar um campo gravitacional secundário que tem um efeito amplificador. O resultado final é que as galáxias e outros objetos parecerão ter campos gravitacionais mais fortes do que seria previsto apenas pela massa de suas estrelas - uma discrepância que a maioria dos astrônomos explica invocando uma substância hipotética e misteriosa conhecida como matéria escura. No novo modelo do Universo de Hajdukovic, também não há necessidade da energia escura, a enigmática força que os cientistas acham que está fazendo com que o Universo se expanda em um ritmo acelerado - se as partículas virtuais têm cargas gravitacionais, então o próprio espaço-tempo possui uma pequena carga que faz com que os objetos tenham uma repulsão mútua natural. Sua teoria pode também dispensar a necessidade da inflação cósmica, um inchaço instantâneo no início do universo, quando o espaço-tempo teria se expandido mais rápido do que a velocidade da luz. Hajdukovic já havia sugerido que sua teoria poderia ser testada se fosse encontrado um pequeno planeta com um satélite, ambos com uma órbita elíptica em torno do Sol. O sistema precisa estar localizado longe do Sol e outros corpos maciços que exerçam forte influência gravitacional. Agora, Vecchiato e Gai sugerem que o modelo de Hajdukovic pode ser testado usando telescópios terrestres e espaciais para observar o sistema UX25 - que está cerca de 43 vezes mais longe do Sol do que a Terra. "As propriedades dos vácuos quânticos descritos na teoria de Hajdukovic imporiam uma força [gravitacional] adicional sobre o UX25, perturbando a órbita do sistema," explicou Vecchiato. O modelo de Hajdukovic prevê que a "taxa de precessão", uma oscilação da pequena lua ao redor do planeta-anão, deve ser maior do que é previsto pela física clássica. Enquanto a física newtoniana prevê uma taxa de precessão de 0,0064 arco-segundo - pequena demais para ser observada com os métodos atuais - a teoria de Hajdukovic prevê que a taxa de precessão deve ser de 0,23 arco-segundo por período - algo detectável pelo telescópio espacial Hubble e pelo Telescópio Espacial James Webb, ainda a ser lançado. De acordo com Vecchiato e Gai, um grande telescópio terrestre, como o VLT (Very Large Telescope), no Chile, também pode ser capaz de fazer as observações necessárias do UX25. Evidências observacionais para a teoria de Hajdukovic resultariam em uma mudança dramática na forma como os astrônomos e astrofísicos observam e explicam o Universo, disse Gai. "A maioria dos cientistas hoje acha que a física quântica é restrita ao mundo microscópico. Neste caso, o comportamento microscópico natural do espaço vazio resultaria em um efeito cumulativo de longo alcance atuando até escalas cósmicas," concluiu ele.

Fonte: Inovação Tecnológica

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

ALMA observa Plutão para ajudar a guiar a sonda New Horizons da NASA

Com o auxílio do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) os astrônomos estão a fazer medições de alta precisão da localização de Plutão e da sua órbita em torno do Sol, no intuito de ajudarem a sonda da NASA New Horizons a atingir o seu alvo, quando esta se aproximar de Plutão e das suas cinco luas conhecidas, em julho de 2015. Apesar de se observar Plutão desde há décadas com telescópios situados tanto na Terra como no espaço, os astrônomos ainda estão a trabalhar na sua exata órbita em torno do Sol. Esta incerteza que permanece deve-se ao fato de Plutão se encontrar a grande distância do Sol (aproximadamente 40 vezes mais afastado do que a Terra) e à sua órbita estar a ser estudada há apenas tempo suficiente para se ter observado pouco mais de um terço da órbita total. O planeta anão foi descoberto em 1930 e demora 248 anos a completar uma órbita em torno do Sol. “Com estes dados observacionais limitados, o nosso conhecimento da posição de Plutão pode estar incorreto em vários milhares de quilômetros, o que compromete a nossa capacidade de calcular manobras de posicionamento eficientes para a sonda New Horizons,” disse Hal Weaver, cientista de projeto da New Horizons e membro da equipa de investigação do John Hopkins University Applied Physics Laboratory em Laurel, Maryland, EUA. A equipe da New Horizons utilizou os dados de posicionamento do ALMA, juntamente com medições em luz visível analisadas de novo, que vão quase até à altura da descoberta de Plutão, para determinar a melhor maneira de fazer a primeira correção de trajetória da sonda. Para se prepararem para este importante marco, os astrônomos têm que localizar de modo preciso a posição de Plutão, usando os mais distantes e estáveis pontos de referência possíveis. Encontrar um tal ponto de referência para calcular de maneira precisa trajetórias de objetos tão pequenos a distâncias tão grandes torna-se uma tarefa assaz complicada. Normalmente, os telescópios ópticos utilizam estrelas distantes, já que estes objetos mudam muito pouco de posição ao longo de muitos anos. No entanto, para a New Horizons foi necessário fazer medições ainda mais precisas de modo a garantir-se que o seu encontro com Plutão seja tão certeiro quanto possível. Os objetos mais distantes e aparentemente mais estáveis no Universo são quasares - galáxias muito remotas com núcleos muito brilhantes. No entanto, os quasares são muito tênues quando observados por telescópios ópticos, o que torna difícil a execução de medições precisas. Mas, devido aos buracos negros supermassivos que se encontram no seus centros e à emissão da poeira, estes objetos brilham nos comprimentos de onda do rádio, particularmente nos comprimentos de onda do milímetro que o ALMA observa. “A astrometria ALMA utilizou um quasar brilhante chamado J1911-2006 com o intuito de diminuir para metade a incerteza da posição de Plutão,” disse Ed Formalont, astrônomo no National Radio Astronomy Observatory em Charlottesville, Virginia, EUA, a trabalhar atualmente no Local de Apoio às Operações do ALMA, no Chile. O ALMA estudou Plutão e Caronte através da emissão de rádio das suas superfícies frias, as quais se encontram a cerca de -230 graus Celsius. A equipe observou inicialmente estes dois mundos gelados em novembro de 2013 e depois mais três vezes em 2014 – uma vez em abril e duas vezes em julho. Estão previstas observações adicionais para outubro de 2014. “Estamos muito entusiasmados com as capacidades de vanguarda que o ALMA nos proporciona e que nos ajudam a melhorar a nossa exploração histórica do sistema de Plutão,” disse o investigador principal da missão Alan Stern, do Southwest Research Institute, em Boulder, Colorado, EUA. “Queremos agradecer a toda a equipe ALMA pelo seu apoio e pelos magníficos dados que estão a ser recolhidos para a New Horizons.”


Fonte: Cienctec

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Vídeo mostra que sonda New Horizons está pronta para encontrar Plutão

Em menos de um ano, a partir de agora, a sonda New Horizons, começará seu encontro com Plutão. Enquanto a maior aproximação está programada para acontecer em Julho de 2015, o Long Range Reconnaissance Imager, ou LORRI, começará a fazer imagens do sistema de Plutão seis meses antes. A primeira missão a Plutão tem sido esperada por muito tempo, e o novo vídeo acima, gerado pela equipe da New Horizons conta o que tem sido feito para enviar a sonda mais rápida já construída a uma jornada de 5 bilhões de quilômetros para Plutão, sua maior lua, Caronte, e além do Cinturão de Kuiper. A sonda tem estado a caminho da fronteira do Sistema Solar, nos últimos 8 anos, desde que foi lançada em 19 de Janeiro de 2006. No final de Abril de 2015, a sonda em aproximação fará fotos de Plutão que irão superar as melhores imagens já feitas até hoje do planeta anão, pelo Hubble. No seu ponto de encontro mais próximo com Plutão, a sonda passará a 10.000 km do objeto – e aí um mundo totalmente novo se abrirá para as câmeras da sonda. Se a sonda New Horizons voasse sobre a Terra, a essa mesma altura, suas câmeras poderiam ver prédios individuais e as formas das construções no solo do nosso planeta. “A humanidade não tem uma experiência como essa, ou seja, encontrar com um novo planeta, a muito tempo”, disse Alan Stern, o principal pesquisador da New Horizons. “Tudo que observarmos de Plutão será uma revelação”. Provavelmente novos corpos planetários serão descobertos durante a missão em adição às cinco luas já conhecidas de Plutão: Caronte, Styx, Nix, Kerberos e Hydra. “Existe a possibilidade real que a New Horizons descubra novas luas e até mesmo um sistema de anéis”, disse Stern. Não importa o que ela descubra, disse Stern, será uma viagem fantástica. “Estamos voando em direção ao desconhecido”, disse ele, “e não se tem pista do que realmente podemos encontrar”. Acompanhe a contagem regressiva e muito mais sobre a missão New Horizons, em: http://pluto.jhuapl.edu/.

Créditos: Cienctec

sábado, 25 de janeiro de 2014

Cientistas europeus descobrem água em planeta anão

Dados registrados pelo telescópio espacial Herschel mostraram que o planeta anão Ceres não é apenas uma grande rocha no cinturão de asteróides. Segundo os pesquisadores, o objeto revela nuvens de vapor de água quando partes de sua superfície gelada se aquecem. Essa é a primeira detecção positiva da existência de vapor de água em um objeto localizado no cinturão de asteróides. Até agora, a existência de água em Ceres era apenas uma teoria, já que a detecção conclusiva não havia ocorrido. A confirmação de água no planeta anão foi obtida com base em imagens em infravermelho feitas pelo telescópio espacial europeu Herschel, cujas análises luminosas revelaram a clara assinatura espectral típica do vapor de água. Apesar da detecção inequívoca, os dados não mostraram a assinatura espectral em todas as observações, mas apenas quando Ceres estava no ponto da órbita mais próximo do Sol. De acordo com os cientistas, quando Ceres está no periélio, cerca de 6 kg de vapor por segundo escapam de sua superfície. Quando está distante, não acontece a evaporação. A detecção de água em Ceres veio em boa hora, já que a sonda estadunidense Dawn deve chegar ao planeta anão em 2015, onde fará imagens em close de sua superfície. O trabalho sobre a descoberta de água em Ceres foi publicado esta semana na revista Science e tem como principal autor o cientista Michael Küppers, da Agência Espacial Européia, na Espanha. Até o século passado, Ceres era conhecido como o maior asteróide em nosso sistema solar, mas foi reclassificado como planeta anão em 2006 devido ao seu grande tamanho, com cerca de 950 km de diâmetro. A primeira vez que os astrônomos viram Ceres foi em 1801, quando se imaginou que o objeto era um planeta que orbitava entre Marte e Júpiter. Mais tarde, outros objetos semelhantes foram encontrados, o que culminou com a descoberta de um gigantesco cinturão de asteróides entre a órbita dos dois planetas.

Créditos: Apolo 11

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Ceres - um dos fatores de mudança no prisma do Sistema Solar

Em Março de 2015, a missão Dawn da NASA alcançará o planeta anão Ceres, o primeiro da classe de planetas menores a ser descoberto e o mais próximo da Terra. Ceres, que orbita o Sol no cinturão de asteróides entre Marte e Júpiter, é um corpo único no Sistema Solar, tendo muitas semelhanças com a lua de Júpiter, Europa, e a lua de Saturno, Encelado, ambas consideradas como fontes potenciais para albergar vida. No passado dia 15 de Agosto, Britney Schmidt, cientista da missão Dawn, e Julie Castillo-Rogez, cientista planetária do JPL da NASA, falaram num Google+ Hangout com o nome "Ceres: Mundo Gelado Revelado?" acerca da crescente excitação em redor do corpo gelado mais próximo. "Eu acho que, na verdade, Ceres é como um divisor de águas no Sistema Solar," afirma Schmidt. "Ceres é sem dúvida o único da sua espécie." Quando Ceres foi descoberto em 1801, os astrônomos classificaram-no como planeta. O corpo massivo viajava entre Marte e Júpiter, onde os cientistas haviam previsto matematicamente a existência de um planeta. Observações posteriores revelaram que uma série de pequenos corpos entulhavam a região, e Ceres foi desclassificado para apenas mais um asteróide no cinturão. Foi só em 2006, quando Plutão foi classificado como planeta anão, que Ceres foi atualizado para o mesmo nível. Ceres é o corpo de maior massa no cinturão de asteróides, maior que algumas das luas geladas que os cientistas consideram ideais para albergar vida. Tem o dobro do tamanho de Encelado, a lua de Saturno que expele jatos e que pode esconder água líquida por baixo da sua superfície. Ao contrário dos outros asteróides, Ceres tem uma forma perfeitamente arredondada que sugere as suas origens. "O fato de Ceres ser tão redondo diz-nos com quase toda a certeza que se formou no início do Sistema Solar," afirma Schmidt. Ela explicou que uma formação posterior teria criado uma forma menos arredondada. A forma do planeta anão, combinada com o seu tamanho e massa total, revelam um corpo de densidade extremamente baixa. "Sob esta superfície empoeirada, suja, tipo-argila, pensamos que Ceres pode ser gelado," acrescenta Schmidt. "Pode até ter tido um oceano no seu passado." "A diferença entre Ceres e os outros corpos gelados [no Sistema Solar] é que é o mais próximo do Sol," realça Castillo-Rogez. A menos de três vezes a distância entre a Terra e o Sol, Ceres está perto o suficiente para sentir o calor da estrela, permitindo com que o gelo derreta e volte a solidificar. A investigação do interior do planeta anão pode fornecer informações sobre o Sistema Solar jovem, especialmente locais onde a água e outros compostos voláteis podem ter existido. "Ceres é uma espécie de guardião da história da água no meio do Sistema Solar," comenta Schmidt. Por maior que Ceres seja, é um desafio estudá-lo a partir da Terra devido à sua distância. Imagens obtidas pelo Telescópio Espacial Hubble forneceram algumas dicas em relação à sua superfície, mas para serem avistadas, as características não podem ter menos do que 25 km em diâmetro. Várias manchas circulares pintam o terreno, características que Schmidt diz poderem ser vários terrenos geológicos, incluindo potenciais bacias de impacto ou terrenos caóticos como aqueles encontrados em Europa. A maior delas, com o nome de Piazzi em honra ao descobridor do planeta anão, tem um diâmetro de aproximadamente 250 km. Se esta característica for uma bacia de impacto, provavelmente foi formada por um objeto com aproximadamente 25 km em diâmetro. Mas para Schmidt, esta é uma outra possível indicação acerca da superfície do planeta anão. "Isto não significa que Ceres não tenha sido atingido por algo maior que 25 km," afirma. "Significa apenas que o que quer que esteja acontecendo em Ceres não apagou totalmente [a assinatura topográfica desse evento]." Ceres pode ter sofrido grandes impactos, especialmente durante períodos de intenso bombardeamento no início da história do Sistema Solar. No entanto, se a superfície contiver gelo, essas características podem ter sido apagadas. Os telescópios na Terra também foram capazes de estudar a luz refletida do planeta e ler os seus espectros. "O espectro diz-nos que a água tem estado envolvida na criação de materiais à superfície," realça Schmidt. O espectro indica que a água está ligada ao material na superfície de Ceres, formando uma argila. Schmidt comparou-a com a recente descoberta de minerais pelo rover Curiosity à superfície de Marte. "[A água está] literalmente banhando a superfície de Ceres," comenta. Além disso, os astrônomos descobriram evidências de carbonatos, minerais que se formam num processo que envolve água e calor. Os carbonatos são geralmente produzidos por processos de vida. O material original formado com Ceres misturou o material impactante ao longo dos últimos 4,5 bilhões de anos, criando o que Schmidt chama de "esta mistura de materiais ricos em água que encontramos em planetas habitáveis como a Terra e planetas potencialmente habitáveis como Marte." A água é considerada um ingrediente necessário para a evolução da vida como a conhecemos. Pensa-se que os planetas que podem ter contido água, como Marte, bem como luas que ainda a têm hoje, como Encelado e Europa, são ideais para albergar ou ter albergado vida. Devido ao seu tamanho e proximidade, Schmidt considera Ceres "sem dúvida mais interessante do que alguns destes satélites gelados. Se é gelado, deve ter tido um oceano em algum ponto do seu passado," realça. Castillo-Rogez comparou a Terra, Europa e Ceres, e descobriu que o planeta anão tem muitas parecenças com a Terra, talvez até mais do que a lua gelada de Júpiter. Tanto a Terra como Ceres usam o Sol como fonte principal de calor, enquanto que Europa recebe a maioria do seu calor a partir das interacções de maré com Júpiter. Além disso, a temperatura média à superfície do planeta anão varia entre os -143ºC e os -73ºC, em comparação com os 27ºC da Terra, enquanto Europa varia entre uns gelados -223ºC e -263ºC. "Pelo menos na linha do equador onde a superfície é mais quente, Ceres poderia ter preservado uma espécie de líquido," afirma Castillo-Rogez. A água líquida poderia existir noutros pontos do planeta anão, conhecidos como armadilhas frias, ou áreas permanentemente à sombra onde a água gelada poderia permanecer à superfície. Tais "poças" geladas já foram encontradas na Lua. "A química, atividade térmica, a fonte de calor e as perspectivas de convecção no interior do reservatório de gelo são os principais fatores que nos fazem pensar que Ceres já pode ter sido habitável pelo menos em algum momento da sua história," acrescenta Castillo-Rogez. À medida que os cientistas desenvolvem mais informações sobre Europa e Encelado, tem havido uma maior atração para investigar os dois locais privilegiados para a vida. Mas Schmidt e Castillo-Rogez pensam que Ceres também poderia trazer grandes benefícios para a astrobiologia e exploração espacial. "Não é um ambiente difícil de investigar," afirma. "Quando pensamos no futuro das missões com rovers ou até tripuladas, porque não visitar Ceres?" Apesar de que seria mais difícil perfurar Ceres do que Europa, que possui uma camada superficial de gelo, o planeta anão seria um ótimo local para conduzir um rover. Schmidt também realça que poderia ser um esplêndido ponto de partida quando se trata de alcançar o Sistema Solar exterior. A sua massa menor tornaria mais fácil os pousos e descolagens do que em Marte, o que o tornaria num bom local para missões tripuladas. "Neste lugar especial do Sistema Solar, temos um objeto único que pode dizer-nos muito mais sobre a construção de um planeta habitável." A missão Dawn da NASA foi lançada no dia 27 de Setembro de 2007. Viajou até ao asteróide Vesta, onde permaneceu em órbita entre Julho de 2011 e Julho de 2012, antes de partir em direção a Ceres. Está programada para passar cinco meses estudando o planeta anão, embora Schmidt tenha expressado o desejo de que a sonda continue a trabalhar para lá da missão principal, permitindo com que a equipe estude o corpo gelado por mais tempo. Castillo-Rogez acrescenta que não só irá a Dawn alcançar Ceres em 2015, como também a sonda Rosetta da ESA chegará no mesmo ano ao cometa Churyumov-Gerasimenko, e que a sonda New Horizons da NASA chegará a Plutão e à sua lua Caronte. "2015 vai ser um grande ano para os corpos gelados," conclui Castillo-Rogez. "Eu acho que quando alcançarmos Ceres, vai ser um grande divisor de águas, uma nova janela para o Sistema Solar que não teríamos sem ir lá," conclui Schmidt.

Fonte: Astronomia On-line

segunda-feira, 29 de julho de 2013

A cara em mudança do gelado Quaoar

Plutão não se pode queixar. Embora já não seja um planeta principal, pelo menos consegue ser o amado rei dos anões. A vida não é tão simples para Quaoar, outra bola de rocha e gelo à deriva nas periferias do Sistema Solar. Em tempos foi o segundo no comando de Plutão, o segundo maior objeto no cinturão de Kuiper, um anel de planetas anões e outros corpos para lá da órbita de Netuno. Mas mundos recém-descobertos e maiores continuam aparecendo. Entretanto, o tamanho de Quaoar (pronuncia-se "kwawar") foi revisto em baixa, graças a novas e melhoradas medições. O mundo estranho foi praticamente esquecido. Agora Quaoar pode ter perdido a honra que lhe resta, como o objeto mais denso no cinturão de Kuiper. As últimas revisões do seu tamanho, densidade e forma sugerem que o objeto negligenciado tem muito mais em comum com os seus vizinhos do que se suspeitava. Isso pode ser bom - o seu novo e maior tamanho potencialmente aumenta a sua elegibilidade de adesão ao clube de planetas anões, formado como resultado da despromoção de Plutão. Só que Quaoar parece ser um elipsóide, o que lhe poderá negar entrada - até os planetas anões têm que ser esféricos. Com o nome de um deus-criador nativo americano, Quaoar orbita a 6,5 bilhões de quilômetros do Sol. O seu tamanho coloca-o perto do limite do que o Telescópio Espacial Hubble pode ver, o que torna difícil obter mais detalhes. Trabalhos anteriores vasculharam as imagens desfocadas do Hubble e fizeram modelos de Quaoar e da sua única lua, Weywot, com base na noção de que ambos os objetos seriam mais ou menos como as luas de Urano. Essa pesquisa indicou que Quaoar tem cerca de 900 km de largura e é tão denso que pode ser principalmente rocha - incomum para o cinturão de Kuiper, onde a maioria dos objetos são misturas de gelo e poeira. Mas imagens infravermelhas por telescópios modernos, tais como o telescópio espacial Herschel, e outras observações, mostraram que a composição da superfície de Quaoar não é nada como as das luas uranianas. Por isso, Felipe Braga-Ribas do Observatório Nacional do Rio de Janeiro, Brasil, e colegas tomaram um rumo diferente. Em 2011 e 2012, várias equipes observaram Quaoar a passar em frente de uma estrela, fazendo com que diminuísse de brilho durante um curto período de tempo. Ao cronometrar cuidadosamente as observações e ao registar as mudanças na luz da estrela, estas ocultações proporcionaram algumas das medições mais precisas do tamanho e forma do distante Quaoar. A equipe de Braga-Ribas calcula que Quaoar tem na realidade 1.138 km de largura - um pouco maior que o planeta anão Ceres - e que tem uma densidade de apenas 1,99 gramas por centímetro cúbico, o que pode torná-lo mais numa bola de neve suja como Plutão. Mas há um senão. As ocultações fazem mais sentido se Quaoar for um elipsóide alongado incorporando ou uma montanha muito grande ou uma cratera profunda. O problema é que nenhuma destas características deve perdurar por muito tempo se o objeto for constituído por uma mistura de gelo e rocha. "Quando interpretamos os valores, Quaoar parece disparatado - é completamente irracional," afirma Wesley Fraser do Instituto Herzberg para Astrofísica em Victoria, Colúmbia Britânica, Canadá, que não fez parte da equipe de pesquisa. Por isso a equipe também examinou o que seria necessário para uma forma mais suave coincidir com os dados. Assumindo pequenos erros de temporização que estão maioritariamente dentro dos limites esperados, um inexpressivo elipsóide, mas mais redondo, em forma de ovo, também pode explicar os dados. A equipe de Braga-Ribas também relata a inexistência de uma atmosfera em Quaoar. Isto é algo que Fraser acha suspeito. "Espera-se que a maioria dos grandes objetos no cinturão de Kuiper tenha atmosferas de algum tipo," afirma. "Eles têm gelos moderadamente voláteis nas suas superfícies que são relativamente quentes o suficiente para produzir atmosferas ligeiras e frágeis. No trabalho submetido à revista Astrophysical Journal Letters, Fraser e colegas apresentam os dados de quando Quaoar passou em frente de uma estrela em meados de Julho, a partir da perspectiva do telescópio Gemini Sul, no Chile. Eles descartam uma atmosfera de nitrogênio ou dióxido de carbono, mas pensam que é ainda possível uma atmosfera de metano puro, e que uma cobertura fofa e difusa de metano poderia encaixar nos resultados da ocultação de Braga-Ribas. Ou Quaoar tem um fino invólucro de gás, ou está de algum modo a desafiar os nossos conhecimentos da química do cinturão de Kuiper. O que é claro das várias observações é que Quaoar não é perfeitamente redondo. Mas quando a União Astronômica Internacional redefiniu o termo planeta, também decidiu que os planetas anões precisam ser massivos o suficiente para que a sua gravidade os torne pelo menos quase redondos. Será então possível que a forma de ovo de Quaoar o exclua do clube? "Ceres também não é perfeitamente redondo. Isto sugere que a definição da UAI pode ter de ser reexaminada," realça Fraser. "Eu inclino-me a chamá-lo de anão, e alguém terá que me convencer do contrário."

Fonte: Astronomia On-line

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Makemake, planeta anão a 6,4 bilhões de km do Sol, é completamente sem atmosfera

Cientistas descobriram que Makemake, um planeta anão descoberto em 2005, localizado próximo do extremo do Sistema Solar e cujo nome é uma homenagem a um deus polinésio, é um mundo frio, morto e sem atmosfera. Só agora, sete anos após sua descoberta, os cientistas fizeram o primeiro estudo detalhado do planeta, incluindo seu tamanho, formato e superfície. Ele é um dos cinco mundos distantes conhecidos como planetas anões presentes em nosso sistema – Plutão, reconhecido como planeta até poucos anos atrás, é o mais famoso deles e possui um tamanho 50% maior do que Makemake, além de estar mais próximo do Sol. Makemake fica a 6,4 bilhões de quilômetros do Sol, no Cinturão de Kuiper, uma região repleta de objetos congelados. Sua órbita dura cerca de 310 anos. Seu formato é o de uma esfera oblata, ou seja, uma esfera imperfeita – como a Terra. Ao passar em frente a uma estrela – um evento conhecido como ocultação – o planeta pôde ser mais bem observado por astrônomos do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês), onde a existência de sua atmosfera foi finalmente estudada – e descobriu-se que Makemake simplesmente não tinha uma atmosfera. Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores combinaram dados de telescópios do Chile e outros lugares da América do Sul conforme o planeta anão deslizava pelo espaço. Contrariando observações anteriores, que sugeriam a presença de uma atmosfera bem fina como a de Plutão – ou seja, de cerca de um milionésimo da atmosfera da Terra – eles descobriram a total ausência da camada de gases. Dr. Jose Ortiz, do Instituto de Astrofísica de Andaluzia, afirmou: “Quando o Makemake passou em frente à estrela e a bloqueou, ela desapareceu e reapareceu muito repentinamente, ao invés de escurecer e se iluminar gradualmente. Isso significa que o pequeno planeta anão não tem atmosfera considerável. Pensava-se que o Makemake tinha uma boa chance de ter desenvolvido uma atmosfera. Isso mostra o quanto nós ainda temos que aprender sobre esses corpos misteriosos. Descobrir sobre as propriedades de Makemake pela primeira vez é um grande passo à frente no nosso estudo do seleto grupo de planetas anões congelados”. A falta de luas em Makemake e sua distância tornaram-no um objeto bem difícil de ser estudado, mas mesmo assim a equipe do ESO conseguiu determinar com maior precisão o seu tamanho; sua possível atmosfera e sua densidade, caso ela existisse; e o albedo de sua superfície – isto é, quantidade de luz solar que sua superfície reflete. O valor estimado de seu albedo é de 0,77, ou seja, similar a neve suja, mais alto que o de Plutão e menor que o de Eris, outro planeta anão do nosso sistema. Para efeito de comparação, um objeto que reflete 100% da luz incidida sobre ele possui um albedo de 1, enquanto que um valor de 0 representa uma superfície negra que não reflete nada. Ocultações são fenômenos raros, porém muito importantes, pois permitem aos astrônomos descobrir muito sobre as atmosferas desses membros distantes do Sistema Solar. No caso do Makemake, é algo ainda mais difícil, pois ele se move em uma área dos céus com poucas estrelas. Prever e detectar ocultações com precisão é um desafio tão grande que qualquer observação pode ser considerada como uma grande conquista. Segundo o Dr. Jose, “Plutão, Eris e Makemake estão entre os maiores exemplos dos numerosos corpos gelados orbitando bem longe do Sol. Nossas novas observações melhoraram bastante o conhecimento de um dos maiores, Makemake – nós poderemos usar essas informações quando explorarmos mais os objetos intrigantes desta região do espaço”. Makemake foi descoberto em março de 2005. Inicialmente, foi chamado de 2005 FY9 e recebeu o apelido de Coelhinho da Páscoa, devido à época do ano. Seu nome oficial só veio em 2008, em homenagem ao deus da fertilidade e criador da humanidade na mitologia da Ilha de Páscoa. Planetas anões foram reconhecidos oficialmente em 2006 pela União Astronômica Internacional (UAI) após um debate sobre como definir um planeta. Foi nesta ocasião que Plutão deixou de ser um planeta e passou a ser um planeta anão, junto com Ceres, Haumea e Eris.

Fonte: Jornal Ciência

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Planeta anão Makemake não tem atmosfera

O planeta anão Makemake tem cerca de dois terços do tamanho de Plutão e viaja em torno do Sol numa órbita distante, que se situa além de Plutão, mas mais próximo do Sol do que Éris, o planeta anão de maior massa conhecido no Sistema Solar. Observações anteriores do gélido Makemake mostraram que este corpo é similar aos outros planetas anões, o que levou os astrônomos a pensarem que ele possuiria uma atmosfera semelhante à de Plutão. No entanto, este novo estudo mostra que, tal como Éris, Makemake não se encontra rodeado por uma atmosfera significativa. A equipe liderada por José Luis Ortiz (Instituto de Astrofísica de Andalucía, CSIC, Espanha), combinou várias observações obtidas por três telescópios situados nos observatórios de La Silla e Paranal do ESO, no Chile - o Very Large Telescope (VLT), o New Technology Telescope (NTT) e o TRAPPIST (sigla do inglês para TRAnsiting Planets and PlanetesImals Small Telescope) - com dados de outros telescópios menores situados na América do Sul, para olhar para Makemake à medida que este passava em frente a uma estrela distante. "Quando Makemake passou em frente da estrela, a radiação emitida por esta foi bloqueada, a estrela desapareceu e apareceu muito abruptamente, em vez de desaparecer lentamente e depois ficar gradualmente mais brilhante. Isto significa que o pequeno planeta anão não tem uma atmosfera significativa," diz José Luis Ortiz. "Pensava-se que Makemake tivesse desenvolvido uma atmosfera - o fato de não haver sinais de uma, mostra apenas o quanto temos ainda a aprender sobre estes corpos misteriosos. Descobrir as propriedades de Makemake pela primeira vez é um grande passo em frente no estudo deste grupo seleto de planetas anões gélidos." A ausência de luas do Makemake e a grande distância a que se encontra de nós, tornam-no difícil de estudar, por isso o pouco que sabemos dele é apenas aproximado. As novas observações da equipe acrescentam muito mais detalhes ao nosso conhecimento deste objeto - determinando o seu tamanho de forma mais precisa, impondo limites a uma possível atmosfera e estimando a densidade do planeta anão pela primeira vez. Os dados também permitiram medir qual a quantidade de luz solar que é refletida pela superfície do planeta - o seu albedo. O albedo de Makemake é cerca de 0,77, comparável ao da neve suja, maior que o de Plutão, mas menor que o do Éris. Conseguiu-se observar Makemake com tanto detalhes, apenas porque este passou em frente de uma estrela - um fenômeno conhecido como uma ocultação estelar. Estas oportunidades raras permitem aos astrônomos descobrir muitas coisas sobre as atmosferas, muitas vezes tênues e delicadas, que se encontram em torno destes distantes, mas importantes membros do Sistema Solar e fornecem informações precisas sobre as suas outras propriedades. As ocultações são particularmente incomuns no caso de Makemake, já que este é um objeto que se move numa região do céu com relativamente poucas estrelas. Predizer de forma precisa e detectar estes eventos raros é extremamente difícil, e a observação bem sucedida levada a cabo por uma equipe de observação bem coordenada, espalhada por diversos locais em toda a América do Sul, é uma façanha extraordinária."Plutão, Éris e Makemake estão entre os maiores exemplos dos inúmeros corpos gélidos que orbitam muito longe do Sol," diz José Luis Ortiz. "As nossas novas observações fizeram avançar muito o conhecimento sobre um dos maiores, Makemake. Poderemos agora usar esta informação para explorar mais a fundo os intrigantes objetos que se situam nesta região do espaço."

Créditos: ESO

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Grupo "caça" Plutão para proteger espaçonave

Em julho de 2015, a sonda americana New Horizons passará zunindo pelas proximidades de Plutão e suas luas. A trajetória coloca a espaçonave a grande proximidade do planeta anão, para maximizar a qualidade das observações científicas. Mas e se houver um erro de cálculo na posição exata do astro? Pode dar zebra? Por incrível que pareça, apesar de Plutão ter sido descoberto no longínquo ano de 1930, e ter sido alvo constante de observações desde então, essa é uma possibilidade. "Nas efemérides [plutonianas] há uma falta de confiabilidade muito grande", explica Roberto Vieira Martins, astrônomo do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro. "Isso porque ninguém costuma corrigir os dados em função da refração [causada pela atmosfera]." Para preencher essa lacuna, Vieira Martins e seus colegas fazem sistematicamente um esforço de monitorar Plutão e tentar executar essa correção apropriada dos dados, de forma a dar mais confiança às estimativas de posição e distância do planeta anão. As medições são feitas nas ocasiões em que Plutão passa à frente de outra estrela mais distante. Ao acompanhar a variação de brilho e o sumiço temporário da estrela no céu, os pesquisadores conseguem dados importantes acerca da dinâmica do sistema plutoniano, que, além do planeta anão, inclui pelo menos quatro luas. O trabalho, que até agora envolveu 151 noites de observação no Observatório Pico dos Dias, em Itajubá (MG), e mais 13 noites no telescópio de 2,2 metros do ESO (Observatório Europeu do Sul), compreendendo um período total de 17 anos, foi apresentado por Gustavo Benedetti-Rossi, também do ON, durante a 37ª Reunião Anual da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), em Águas de Lindoia (SP). Monitorando com precisão e de forma sistemática possíveis interferências causadas pela atmosfera da Terra, ou mesmo interações entre Plutão e Caronte (a maior de suas luas), os pesquisadores brasileiros puderam "filtrar" os erros das observações, permitindo uma determinação mais precisa da posição do astro. Além disso, os pesquisadores notaram uma possível (mas ainda não confirmada) variação periódica na posição de Plutão, que segue sem qualquer explicação. "Pode ser um efeito observacional [ou seja, algum erro que ainda não foi "filtrado" dos dados], pode ser um efeito real da dinâmica do sistema. Não sabemos", diz Vieira Martins. De toda forma, quanto mais consistente for o cálculo da posição de Plutão, mais segurança ele trará para a New Horizons. É fato que a Nasa ligará os sensores da nave quando ela estiver se aproximando, a fim de fazer quaisquer correções de curso de última hora. Contudo, melhorar os dados da órbita do planeta anão ajuda a dar a certeza de que a ligação programada dos sistemas a bordo não aconteça num ponto do vôo em que a correção desejada já seria inviável.

Créditos: Folha

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Cientistas tentam evitar destruição de sonda a caminho de Plutão

Pesquisadores da Nasa - a agência espacial americana - estão preocupados com a possibilidade de a sonda New Horizons colidir com algum objeto no seu caminho para Plutão. O planeta-anão teve recentemente descoberta sua quinta lua e esses satélites naturais podem deixar rochas e outros materiais pelo caminho da nave - que viaja a 48 mil km/h. "Nós descobrimos mais e mais luas orbitando próximo de Plutão - a conta agora está em cinco", diz Alan Stern, do Instituto de Pesquisa do Sudoeste dos Estados Unidos e principal cientista da missão. "E nós temos que avaliar que estas luas, assim como aquelas ainda não descobertas, agem como geradores de detritos que povoam o sistema de Plutão com restos de colisões entre essas luas e pequenos objetos do Cinturão de Kuiper." "Porque a nossa espaçonave está viajando tão rápido, uma colisão com um simples seixo ou até um grão milimétrico pode danificar ou destruir a New Horizons", diz Hal Weaver, membro da missão e pesquisador da Universidade Johns Hopkins. A sonda já passou por sete dos seus nove anos e meio de viagem até o planeta-anão, que fica no Cinturão de Kuiper, e os cientistas tentam agora usar cada ferramenta disponível - de gigantescos telescópios no solo e o Hubble a simulações em supercomputadores - para encontrar objetos na órbita de Plutão. Ao mesmo tempo, eles estudam rotas alternativas, mas que sejam mais seguras para a nave. Há a possibilidade, inclusive, de a nave passar por uma distância maior de Plutão do que o planejado, mas que permitiria à missão ainda atingir seus objetivos principais de estudo.

Créditos: Terra

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A Imagem mais detalhada de Plutão (visto da Terra)

Eis a melhor imagem tirada alguma vez a Plutão, o planeta mais distante do sistema solar… ou, melhor, o planeta anão… ou será o simples objeto do cinturão de Kuiper? Bem, independentemente da sua recente despromoção a planeta anão pela União Astronómica Internacional (mais precisamente a 24 de agosto de 2006), a verdade é que este pequeno, longínquo e misterioso corpo celeste continua a ser um dos objetos que mais curiosidade desperta entre amantes da astronomia. Às vezes paixão: é raro não ser questionado sobre Plutão pelos mais novos que, lembre-se, são demasiado novos para referências entre o planeta e a personagem da Disney. Talvez haja tanta curiosidade à volta deste “planeta” devido ao mistério que o envolve, (porque, afinal, sabe-se tão pouco dele) ou mesmo pela consciência que ele nos entrega sobre as dimensões do Universo e os limites do nosso conhecimento. Afinal, nem o menos sensível pode ficar indiferente a um vizinho que vive em média 40 vezes mais longe da Terra que o Sol. Esta imagem, que se celebra como a mais detalhada de sempre de Plutão, capturada a partir do nosso planeta, comprova a enorme distância a que ele se encontra. Sendo um corpo rochoso e frio que não tem luz própria, pouca da longínqua luz solar chega a Plutão para que possa ser refletida de volta para o nosso olhar. E ali está Plutão e a sua Lua Caronte: pixelizados pela distância e escondidos na bruma dos confins do sistema solar. Mesmo assim, esta é a imagem mais detalhada de sempre. Foi possível através da conjunção de várias imagens rápidas tiradas a Plutão e Caronte, utilizando a recentemente desenvolvida câmara DSSI (Differential Speckle Survey Instrument) montada no Telescópio de 8 metros Gemini North, no Hawaii. Após a conjunção das imagens numa só, foi removido o ruído causado pela aberração óptica e pela turbulência da nossa atmosfera. Revelada, a imagem espelha a frustração de quem pede se é possível ver Plutão por um humilde telescópio de 8 polegadas. Resta-nos esperar a aproximação da sonda ‘New Horizons’ para ver um pouco mais deste distante vizinho.


Créditos: AstroPT

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Descoberta do 1º objeto do Cinturão de Kuiper completa 20 anos

Gerard Kuiper foi um daqueles astrônomos que contribuíram muito com a ciência. Por exemplo: ele propôs a teoria de que nossos planetas se formaram a partir da condensação de uma grande nuvem de gás e poeira que existia ao redor do Sol. Ele ainda descobriu a lua Miranda, de Urano; previu com exatidão a composição dos anéis de Saturno; a composição da atmosfera de Marte; a existência de água em forma de gelo no planeta vermelho; ele previu até a sensação de pisar na superfície da Lua (Neil Armstrong confirmou: "como caminhar na neve"). Contudo, a maior hipótese deste holandês veio a eternizar seu nome, e foi uma dupla de astrônomos que confirmou sua existência há 20 anos. Já se conhecia o Cinturão de Asteróides, que existe entre Marte e Júpiter. Kuiper, contudo, previu em um artigo de 1951 que existiria um grupo de objetos além de Plutão, vestígios da formação do Sistema Solar. O primeiro desses objetos foi descoberto em 1992 (chamado de 1992 QB1) por David Jewitt e Janet Luu com um telescópio no Havaí. Esse asteróide, afirma o Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês), tem uma luminosidade 6 mil vezes menor do que conseguimos ver a olho nu. A região com esses corpos acabou por receber o nome Cinturão de Kuiper em homenagem ao astrônomo - o holandês não foi o primeiro a prever a existência desses objetos, mas acabou por ganhar a fama. Três planetas-anões estão por lá: Makemake, Haumea e Éris (além deles, Ceres, no Cinturão de Asteroides - aquele mais próximo -, e Plutão também estão nessa categoria). Foi a descoberta de Éris, em 2005, que levou a uma das maiores polêmicas dos últimos anos na astronomia. Como Éris era maior que Plutão, veio a dúvida: teremos um 10º planeta no Sistema Solar? A decisão da União Astronômica Internacional, no ano seguinte, foi de "rebaixar" Plutão a planeta-anão (classificação criada no mesmo encontro). Éris e outros corpos gigantes que foram descobertos entraram nessa categoria.

Créditos: Terra

sábado, 9 de junho de 2012

Perigosos escombros poderão trazer perigo a New Horizons quando chegar a Plutão?

No futuro, quando conseguirmos criar espaçonaves que consigam atingir frações da velocidade da luz, certamente o pó interestelar trará um grande perigo nestas viagens. A questão torna-se bem mais crítica quando consideramos uma sonda interestelar chegando ao sistema solar de destino. Uma missão de fly-by (vôo rasante próximo a um astro) se movendo a 10% da velocidade da luz provavelmente encontrará um ambiente bem mais perigoso próximo ao sistema estudado que no meio interestelar. Para contornar o problema, equipamentos de proteção (escudos) deverão ter sido desenvolvidos para proteger a espaçonave. No entanto, mesmo nas velocidades atuais, devemos ter em mente que surpresas poderão acontecer quando uma sonda exploratória estiver para atingir seu alvo. O que esperamos encontrar quando a sonda New Horizons se aproximar do sistema Plutão/Caronte? Vamos olhar então para um cenário que ocorrerá em 2015 quando a sonda New Horizons se aproximar de Plutão/Caronte. Ao chegar por lá a espaçonave mais rápida já criada estará em alto risco potencial uma vez que os detritos possivelmente existentes nas vizinhanças de Plutão hoje são desconhecidos dos responsáveis pela missão. Os astrônomos especulam se os escombros em órbita do Sistema Plutão/Caronte poderiam tomar uma forma de tórus ou até mesmo formar um esferóide em volta do sistema. Não sabemos ainda qual a situação de impactos atual no Cinturão de Kuiper, mas colisões entre objetos a 1-2 km/s podem expelir detritos se movendo em altas velocidades, gerando anéis de escombros ou nuvens ainda invisíveis para nós. Além disso, a recente descoberta de uma quarta lua em Plutão o que gerou novas preocupações e questões: Existem mais satélites menores orbitando este distante sistema planetário? Que ameaças estes objetos poderão trazer a missão New Horizons? Em novembro de 2011 um time de cientistas se reuniu no Southwest Research Institute (Boulder, Colorado, EUA) para debater e analisar o problema. O chamado “New Horizons Pluto Encounter Hazards Workshop” teve uma agenda intensa. O grupo foi composto de 20 especialistas em sistemas de anéis, dinâmica orbital e métodos astronômicos necessários na observação de objetos nos confins do Sistema Solar (principalmente os KBOs – objetos do Cinturão de Kuiper). Para entender o problema, o Observatório Espacial Hubble foi alocado para desempenhar um papel fundamental na busca por mais luas no sistema Plutão/Caronte e possivelmente a presença de anéis de escombros. Nesta busca o Hubble vai ser ajudado por um conjunto de telescópios terrestres que estudarão o ambiente entre Plutão e Caronte, a região do espaço onde a New Horizons foi projetada para navegar. Stern acrescenta que o radiotelescópio ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) será capaz de realizar a leitura térmica do sistema. Toda esta campanha de observação tem por objetivo fornecer uma melhor idéia da situação que a New Horizons irá enfrentar e alimentar a missão com informações do cenário a enfrentar. Assim, os engenheiros da missão poderão estabelecer, se necessário, rotas alternativas caso se detecte que a trajetória atualmente planejada seja extremamente arriscada.
Stern escreveu:
"Estudos apresentados no New Horizons Pluto Encounter Hazards Workshop indicam que uma trajetória segura (Safe Haven BailOut Trajectory - SHBOT) pode ser estabelecida para direcionar a espaconave no fly-by a 10.000 km do seu destino. Mas especificamente, um bom candidato a SHBOT seria na região da órbita de Caronte, no lado diametralmente oposto deste, uma vez que a gravidade de Caronte tem limpado sua órbita, criando uma zona segura."
A New Horizons hoje está a cerca de 23,5 UA do Sol. O acompanhamento de uma espaçonave atualmente na metade do caminho em direção do planeta anão nunca antes visitado já é algo intrigante. No entanto, o workshop ocorreu por causa de descobertas realizadas após o lançamento da missão (19/1/2006), principalmente pela existência de uma quarta lua (P4) encontrada pelo Hubble em meados de 2011. Alan Stern especula que provavelmente há por lá luas mais tênues que ainda não foram encontradas e está preocupado com mais surpresas que nos aguardam a frente, no desenvolvimento da missão.
Stern comentou:
É algo irônico se pensar que nosso objeto de interesse e afeição nesta longa missão científica pode após tantos anos de trabalho para alcancá-lo se tornar menos hospitaleiro que outros planetas tem sido em missões anteriores (um exemplo: em Saturno a sonda Cassini está lá desde 2004 sem quaisquer danos).
A espaçonave New Horizons e os dispositivos que ela transporta são extremamente valiosos, o que justifica este esforço extra e os custos para garantir o sucesso da missão. Vamos ter esperança e assumir que a campanha de verificação do cenário a enfrentar seja bem sucedida.

Créditos: Eternos Aprendizes

terça-feira, 15 de maio de 2012

Superfície de Plutão talvez tenha moléculas orgânicas

O telescópio Hubble encontrou evidências de moléculas orgânicas complexas – os blocos de carbono que formam a vida como conhecemos – na superfície rígida de Plutão. As observações revelaram que algumas substâncias na superfície de Plutão estão absorvendo mais luz ultravioleta do que o imaginado. De acordo com os pesquisadores, esses componentes podem ser complexos de hidrogênio e carbono ou moléculas com nitrogênio. O planeta anão é conhecido por ter gelo de metano, monóxido de carbono e nitrogênio na superfície. Os químicos que absorvem a luz talvez sejam produzidos quando a luz solar ou partículas subatômicas muito rápidas (chamadas de raios cósmicos) interagem com esses compostos. “É uma descoberta excitante porque os hidrocarbonetos complexos e outras moléculas de Plutão talvez sejam responsáveis pela cor avermelhada do planeta, entre outras coisas”, comenta o líder do estudo, Alan Stern. Plutão circunda o Sol em um anel distante de corpos gelados, conhecido como Cinturão de Kuiper. Vários objetos dessa região também são vermelhos, e astrônomos já haviam especulado que formas orgânicas fossem responsáveis por isso. O grupo de pesquisadores também descobriu que o espectro ultravioleta do planeta mudou quando comparado com os dados dos anos 90. Essa diferença talvez esteja relacionada com mudanças no terreno de Plutão. Para os pesquisadores, é possível que um leve acréscimo na pressão atmosférica tenha causado isso. Mas, acima de tudo, as observações do Hubble são importantes para antecipar informações, já que daqui a alguns anos a primeira nave espacial vai visitar o distante corpo. “A descoberta que fizemos com o Hubble me lembra de que temos muito mais coisas interessantes da composição e da evolução de Plutão para descobrir, antes da nave New Horizons, da NASA, chegar em 2015”, comenta Stern. A nave foi lançada em janeiro de 2006, para uma jornada de 6,4 bilhões de quilômetros. A idéia é que ela atinja o máximo de proximidade com o planeta anão em 14 de julho de 2015.

Créditos: Hypescience