domingo, 29 de agosto de 2010

Descoberto planeta pulverizado ao redor de estrelas binárias


Sistemas duplos estelares onde as estrelas se localizam muito próximo uma da outra pode não ser o melhor lugar para a vida florescer, de acordo com um novo estudo que utiliza dados do Telescópio Espacial Spitzer. O observatório infravermelho conseguiu identificar uma enorme quantidade de poeira ao redor de três estrelas maduras que possuem uma órbita muito próxima. De onde vem essa poeira? Os astrônomos dizem que ela pode ter origem em colisões planetárias que ocorreram nesse sistema. “Isso é ficção científica na vida real”, disse Jeremy Drake do Centro para Astrofísica Harvard-Smithsonian em Cambridge, Mass. “Nossos dados nos dizem que planetas que existam nesse tipo de sistema podem não ter muita sorte – as colisões poderiam ser muito comuns. Teoricamente é possível que planeta habitáveis poderiam existir ao redor desse tipo de estrela, então se isso aconteceu em algum momento, eles poderiam estar condenados”. Drake é o principal executor da pesquisa, publicada na edição de 19 de Agosto de 2010 da revista especializada Astrophysical Journal Letters. A classe particular de estrela dupla ou binária contemplada nesse estudo são as que possuem as menores distâncias entre elas entre as classes existentes. Chamadas de RS Canum Venaticorums, ou simplesmente RS CVns, elas são separadas por uma distância de apenas 3.2 milhões de quilômetros, ou dois por cento da distância entre a Terra e o Sol. O par de estrelas descreve uma órbita uma em relação a outra de poucos dias, com as estrelas eternamente mostrando a mesma face uma para a outra. As estrelas que fazem parte desse sistema duplo tem um tamanho similar ao Sol e têm provavelmente uma idade entre um bilhão e alguns bilhões de anos – a mesma idade que tinha o nosso Sol quando a vida começou a se desenvolver na Terra. Mas essas estrelas giram muito rapidamente, e como resultado disso, geram poderosos campos magnéticos e gigantescas manchas negras. A atividade magnética gera ventos estelares poderosos – uma versão muito mais forte do que o vento solar – que diminuem a velocidade das estrelas empurrando uma em direção a outra a cada instante. E nesse ponto é que o caos planetário pode ter começado. À medida que as estrelas se aproximam suas influências gravitacionais mudam e isso poderia causar distúrbios aos possíveis corpos planetários orbitando o sistema. Cometas e qualquer planeta que pudesse existir nesse sistema começaria a entrar em rota de colisão uns com os outros e algumas vezes essas colisões iriam acontecer mesmo. Esse cenário inclui planetas que teoricamente poderiam existir na chamada zona habitável das estrelas, uma região onde as temperaturas permitiriam que água existisse em seu estado líquido. Acredita-se que planetas não habitáveis tenham sido descobertos ao redor de qualquer estrela além do nosso Sol, e além disso esse tipo de sistema binário é conhecido como um bom sistema hospedeiro de planetas, por exemplo, um sistema que não faz parte desse estudo, chamado HW Vir possui dois planetas gigantes gasosos em suas órbitas. “Esse tipo de sistema apresenta uma situação relacionada aos estágios finais na vida de sistemas planetários”, disse Marc Kuchner, co-autor do trabalho e que pertence ao Goddard Space Flight Center da NASA em Greenbelt, Md. “E essa etapa final pode ser um estágio bagunçado e violento”. O Spitzer registrou o brilho infravermelho de discos de poeira quentes, uma temperatura semelhante ao de um rio de lava derretida, ao redor do sistema binário. Um desses sistemas já havia sido classificado anteriormente como tendo excesso de luz infravermelha em 1983 através de um estudo feito com o Infrared Astronomical Satellite. Em adição a isso, os pesquisadores usando o Spitzer recentemente encontraram um disco quente de detritos ao redor de outra estrela que parece fazer parte do sistema binário. A equipe de astronomia disse que a poeira normalmente se dissipa e é soprada para fora da estrela devido ao estágio maduro de vida em que ela se encontra. Eles então concluíram que algo – muito provavelmente colisões – precisaria ter ocorrido para soprar essa poeira fresca. Em adição a isso, pelo fato de discos empoeirados terem sido encontrados ao redor de quatro sistemas binários mais velhos, os cientistas sabem que as observações desses discos não foram obra do acaso. Algo caótico provavelmente está acontecendo ali. Se alguma forma de vida existisse nesse sistema de estrelas duplas e essa forma de vida pudesse olhar para o céu teriam uma bela imagem. Marco Matranga primeiro autor do artigo, do Centro para Astrofísica Harvard-Smithsonian e agora está como astrônomo visitante no Palermo Astronomical Observatory na Scicilia Itália. “O céu teria dois sóis imensos como o céu que aparece no filme Star Wars sobre o planeta Tatooine”. Entre os autores do trablaho estão V.L. Kaashyap do Centro para Astrofísica Harvard-Smithsonian e Massimo Marengo da Universidade do Arizona.


Créditos: CIENCTEC

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