sexta-feira, 12 de agosto de 2011

WASP 12b: um exoplaneta de grafite e diamante intriga cientistas

Embora grande parte dos mais de 500 exoplanetas, descobertos até hoje, sejam demasiado quentes para serem habitáveis, a probabilidade de descobrirmos um exoplaneta pequeno e frio o bastante para sustentar a vida deverá aumentar à medida que a tecnologia melhora, nos próximos anos. Telescópios maiores e melhores deverão ajudar os astrônomos a decompor as atmosferas de planetas extrasolares menores e a determinar se contêm moléculas fundamentais como água e oxigênio, essenciais para a vida como a conhecemos. A proporção relativa da composição de carbono e oxigênio na atmosfera consiste em uma pista importante acerca da natureza tanto da atmosfera como do interior de um exoplaneta. No Sistema Solar, os planetas rochosos, ou telúricos (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte), têm todos mais oxigênio que carbono, assim como o nosso Sol, que possui a razão-carbono-oxigênio de 1/2, ou seja, 0,5. Mas esta relação não nos é permitido confirmar para os planetas gigantes gasosos como Júpiter (318 vezes a massa da Terra) porque a água, o portador principal do oxigênio, se apresenta apenas nas profundezas das suas atmosferas, o que torna impraticável medi-la. Por causa desta limitação, durante anos, os astrônomos têm desenvolvido modelos das atmosferas e interiores exoplanetários assumindo a premissa de que a proporção carbono-oxigênio seria também de 1/2. Todavia, a equipe liderada por um antigo cientista pertencente ao Departamento de Ciências Terrestres, Atmosféricas e Planetárias (MIT), e também do Instituto Kavli para Astrofísica (MIT), recentemente mediu, pela primeira vez, um exoplaneta com atmosfera substancialmente rica em carbono. Os cientistas descobriram que a razão-carbono-oxigênio de WASP-12b, o exoplaneta suicida com 1,4 vezes a massa de Júpiter que reside a 1.200 anos-luz de distância da Terra, é maior que 1. O artigo publicado no dia 08 de dezembro de 2010 na revista Nature explica que esta atmosfera rica em carbono suporta a possibilidade de exoplanetas rochosos serem compostos puramente por rochas de carbono, como diamante ou grafite, em vez das rochas com base em sílica, comumente encontradas aqui na Terra. “Este é um território inexplorado que vai motivar cientistas a estudar como seriam os interiores de planetas ricos em carbono,” afirmou Nikku Madhusudhan, autor principal do estudo, agora cientista pós-doutoral da Universidade de Princeton. Embora WASP-12b seja um “Júpiter Quente”, um exoplaneta com o tamanho de Júpiter, extremamente quente, constituído principalmente por gases e sem superfície para hospedar vida, pode potencialmente ter um interior contendo diamante e/ou grafite. A primeira descoberta de um exoplaneta rico em carbono introduz uma classe inteiramente nova de exoplanetas exóticos para explorar. É também possível que exoplanetas rochosos ‘carbonados’ com o tamanho da Terra, possam também ter-se formado em torno da estrela WASP-12 há bilhões de anos. Se descobertos, estes exoplanetas menores deverão ter também atmosferas e interiores ricos em carbono, o que implica que a vida nesses planetas, terá que arranjar um meio hoje para nós desconhecido de sobreviver com muito pouca água e oxigênio e abundância de metano e outros hidrocarbonetos , afirmou Madhusudhan.

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