Créditos: Astronomia On-line
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Urano recebeu a sua inclinação devido a múltiplos impactos
Um novo estudo sugere que o planeta gigante Urano foi inclinado para um lado por uma sucessão de "murros" em vez de um único KO como se pensava anteriormente. O achado lança luz sobre a história de Urano e das suas muitas luas. Pode também forçar os astrônomos a repensar as suas idéias acerca da formação e evolução dos planetas gigantes do Sistema Solar. "A teoria padrão da formação planetária assume que Urano, Netuno e os núcleos de Júpiter e Saturno foram formados por acreção de pequenos objetos no disco protoplanetário," afirma Alessandro Morbidelli, líder do estudo do Observatório da Riviera Francesa em Nice. "Não devem ter sofrido colisões gigantes. O facto de Urano ter sido atingido pelo menos duas vezes sugere que os impactos eram comuns na formação dos planetas gigantes," acrescenta Morbidelli. "Por isso, a teoria padrão tem que ser revista." Urano é um planeta invulgar. O seu eixo de rotação está inclinado uns incríveis 98 graus, o que significa que essencialmente roda de lado. Nenhum outro planeta tem uma inclinação parecida. Júpiter está inclinado 3 graus, e a Terra 23 graus. Os cientistas há muito que suspeitam que um impacto violento deve ter inclinado Urano. O conhecimento aceite é que um único objecto, com várias vezes a massa da Terra, fez esse estrago, colidindo há muito tempo atrás com Urano, realçaram os investigadores. Após levarem a cabo uma série de simulações computacionais, Morbidelli e a sua equipa podem ter descoberto uma explicação melhor. A pesquisa foi apresentada no passado dia 6 de Outubro numa reunião do Congresso Europeu de Ciências Planetárias e da Divisão de Ciências Planetárias da Sociedade Astronômica Americana, que teve lugar em Nantes, França. Os investigadores começaram por modelar o cenário de impacto único. Descobriram que a colisão provavelmente ocorreu nos primeiros tempos do Sistema Solar, quando Urano estava ainda rodeado pelo disco de gás e poeira que iria eventualmente formar as suas luas. Após esta monstruosa colisão, o disco teria sido reformado em torno do novo plano equatorial, altamente inclinado, de Urano. As luas assim partilhariam da inclinação de Urano, como fazem. Até agora, tudo bem, mas depois as simulações proporcionaram uma surpresa, dizem os cientistas. Se tivesse havido apenas uma colisão, as luas de Urano teriam ficado com movimento retrógrado, orbitando na direção oposta da que os astrónomos observam actualmente. Para corresponder à discrepância, os investigadores ajustaram um pouco os parâmetros da sua simulação. Descobriram que uma série de pelo menos duas colisões mais pequenas conseguem explicar os movimentos das luas muito melhor do que um único impacto gigante. Concluem por isso que o Sistema Solar primitivo deve ter sido muito mais volátil e violento do que se pensava.
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