sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Dados de sonda da NASA mostram evidências de água líquida em Europa

Dados de uma sonda planetária da NASA providenciaram aos cientistas evidências do que parece ser um corpo de água líquida, igual em volume aos grandes lagos da América do Norte, por baixo da superfície gelada da lua de Júpiter, Europa. Os dados sugerem que existe uma troca importante entre a concha gelada de Europa e o oceano por baixo. Esta informação pode alargar os argumentos de que o oceano global subsuperficial de Europa representa um potencial habitat para a vida noutro local do Sistema Solar. As descobertas foram publicadas na revista Nature. "Os dados abrem novas possibilidades," afirma Mary Voytek, diretor do Programa de Astrobiologia da NASA na sede da agência em Washington, EUA. "No entanto, cientistas pelo mundo inteiro vão querer estudar com mais atenção esta análise e rever os dados antes de podermos apreciar a implicação destes resultados." A sonda Galileu da NASA, lançada pelo Atlantis em 1989 com destino Júpiter, produziu inúmeras descobertas e providenciou aos cientistas décadas de dados para analisar. A Galileu estudou Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar, e algumas das suas luas. Uma das suas descobertas mais importantes foi a inferência de um oceano global de água salgada por baixo da superfície de Europa. Este oceano é profundo o suficiente para cobrir toda a superfície de Europa e contém mais água líquida do que a soma de todos os oceanos da Terra. No entanto, à distância do Sol, a superfície do oceano está completamente gelada. A maioria dos cientistas pensa que esta crosta gelada mede dezenas de quilômetros de espessura. "Tem havido discussão na comunidade científica acerca da espessura da concha gelada: se for muito espessa, isso é mau para a biologia. Isto significa que a superfície não está a comunicar com o oceano por baixo," afirma Britney Schmidt, autora principal do artigo e pós-doutorada do Instituto de Geofísica da Universidade do Texas, em Austin, EUA. "Agora, vemos evidências de que é uma espessa concha gelada e que pode ter grandes lagos superficiais. Isto pode significar que o oceano de Europa é mais habitável." Schmidt e a sua equipe focaram-se em imagens, obtidas pela Galileu, de duas características irregulares aproximadamente circulares na superfície de Europa denominadas terrenos caóticos. Com base em processos similares vistos na Terra - em plataformas de gelo e por baixo de glaciares sobre vulcões - desenvolveram um modelo com quatro passos para explicar a formação das características. O modelo resolve várias observações contraditórias. Algumas parecem sugerir que a concha gelada é espessa. Outras sugerem que é fina. Esta recente análise mostra que as características caóticas da superfície de Europa podem ser formadas por mecanismos que envolvem trocas importantes entre a concha gelada e o lago gelado por baixo. Isto providencia um mecanismo ou modelo para a transferência de nutrientes e energia entre a superfície e o vasto oceano global já inferido por baixo da concha gelada. Pensa-se que isto aumente o potencial para a vida na lua. Os autores do estudo têm boas razões para acreditar que o seu modelo está correto, com base em observações de Europa obtidas pela Galileu e cá na Terra. Mesmo assim, dado que os lagos inferidos estão vários quilômetros por baixo da superfície, a única confirmação da sua presença terá que vir de uma futura sonda desenhada para estudar a concha gelada. Tal missão foi considerada como a segunda mais importante pelo Conselho de Pesquisa dos EUA e está sendo estudada pela NASA. "Estes novos conhecimentos acerca dos processos em Europa não teriam sido possíveis sem as observações, ao longo dos últimos 20 anos, de camadas geladas e glaciares da Terra," afirma Don Blankenship, co-autor e cientista do Instituto de Geofísica dos EUA, onde lidera estudos das camadas geladas do planeta.

Créditos: Astronomia On-line

Nenhum comentário:

Postar um comentário