quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Voyager 1 alcança nova região na fronteira do Sistema Solar

A sonda Voyager 1 da NASA entrou em uma nova região entre o nosso Sistema Solar e o chamado espaço interestelar. Dados obtidos da Voyager 1 no último ano revelaram que essa nova região é um tipo de purgatório cósmico. Nessa região, o vento de partículas carregadas emitido pelo Sol se acalma, o campo magnético do nosso Sistema Solar é empilhado e as partículas de alta energia de dentro do Sistema Solar parecem vazar para o espaço interestelar. “A Voyager 1 nos diz agora que estamos numa região de estagnação na camada ultraperiférica da bolha em torno do nosso Sistema Solar”, disse Ed Stone, cientista de projeto da Voyager no Instituto California of Technology em Pasadena. “A Voyager 1 está mostrando que o que está fora está a empurrando para trás. Nós não devemos ter que esperar muito para descobrir como o espaço entre as estrelas se parece”. Embora a Voyager 1 esteja a cerca de 18 bilhões de quilômetros de distância do Sol, ela ainda não está no espaço interestelar. Em dados mais recentes, a direção das linhas de campo magnético não mudou, indicando que a Voyager ainda está dentro da heliosfera, a bolha de partículas carregadas do Sol que envolve o nosso sistema. Os dados não revelam exatamente quando a Voyager 1 fará a passagem pela borda da atmosfera solar entrando assim no espaço interestelar, mas os dados sugerem que essa passagem deva acontecer entre alguns meses até alguns anos. As últimas descobertas, descritas na reunião da União Geofísica Americana em San Francisco, vieram dos instrumentos da Voyager 1, chamados Low Energy Charged Particle instrument, Cosmic Ray Subsystem e Magnetometer. Os trabalhos apresentados na reunião da AGU sobre o tema podem ser encontrados ao final desse post. Os cientistas haviam relatado anteriormente que a velocidade exterior do vento solar havia diminuído a zero em Abril de 2010, marcando assim o início dessa nova região. Os gerentes da missão rolaram a sonda várias vezes durante a primavera e o verão no hemisfério norte para ajudar os cientistas a discernirem se vento solar estava soprando fortemente em outra direção. Não estava. A Voyager 1 está operando nesse momento no mar celestial em uma região semelhante à zona de calmaria equatorial encontrada na Terra, onde há muito pouco vento. No ano passado, o magnetômetro da Voyager 1 também detectou uma duplicação na intensidade do campo magnético na região de estagnação. Como carros empilhados em uma rampa de acesso de uma estrada obstruída, o aumento da intensidade do campo magnético mostra que a pressão dentro do espaço interestelar é compactada. A Voyager 1 tem medido partículas energéticas que se originam de dentro e de fora do nosso Sistema Solar. Até meados de 2010, a intensidade de partículas originadas de dentro do nosso sistema solar tinha se estabilizado. Mas durante o ano passado, a intensidade dessas partículas energéticas vem diminuindo, como se estivessem vazando para o espaço interestelar. A quantidade de partículas é agora igual à metade do que era durante os últimos 5 anos. Ao mesmo tempo, a Voyager 1, detectou um aumento de 100 vezes na intensidade de elétrons de alta energia de outro lugar na galáxia difundindo no nosso Sistema Solar a partir de fora, que é mais uma indicação que o limite se aproxima. “Estamos utilizando o fluxo de partículas energéticas carregadas na Voyager 1 como uma espécie de biruta para estimar a velocidade do vento solar”, disse Rob Decker, um co-investigador do Voyager Low-Energy Charged Particle Instrument do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins em Laurel, Md. “Descobrimos que as velocidades do vento são baixas nesta região e possuem rajadas erraticamente. Pela primeira vez, o vento sopra de volta para nós. Estamos evidentemente viajando completamente num novo território. Os cientistas haviam sugerido anteriormente que poderia haver uma camada de estagnação, mas nós não tínhamos certeza da existência dessa camada até agora”. Lançadas em 1977, as sondas Voyager 1 e 2 estão em bom estado de saúde. A Voyager 2 está a 15 bilhões de quilômetros de distância do Sol.

Créditos: Cienctec

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