Utilizando o telescópio APEX, uma equipe de astrônomos descobriu a melhor relação encontrada até hoje entre os mais intensos episódios de formação estelar no Universo primordial e as galáxias de maior massa que se observam atualmente. As galáxias, em pleno crescimento devido a fortes episódios de formação estelar no Universo primitivo, viram o nascimento de novas estrelas parar abruptamente, deixando-as como galáxias de elevada massa – mas passivas – com estrelas a envelhecer no Universo atual. Os astrônomos pensam ter encontrado o provável culpado desta súbita travagem na formação estelar: a emergência de buracos negros supermassivos. As galáxias estão tão distantes que a sua luz demorou cerca de dez bilhões de anos para chegar até nós, por isso estamos a observá-las tal como eram há cerca de dez bilhões de anos atrás. Nestas fotografias do Universo primordial as galáxias estão sujeitas ao tipo de formação estelar mais intensa que se conhece, a chamada formação estelar explosiva. As novas observações indicam que a formação estelar explosiva nestas galáxias distantes durou uns meros 100 milhões de anos – um tempo muito curto em termos cosmológicos – no entanto, durante este breve período, a quantidade de estrelas nas galáxias duplicou. A paragem abrupta deste crescimento tão rápido corresponde a outro episódio na história das galáxias, o qual não se compreende ainda muito bem. Os resultados da equipe apontam para uma possível explicação: nessa fase da história do cosmos, as galáxias com formação estelar explosiva aglomeram-se de modo muito semelhante aos quasares, o que indica que estes últimos são encontrados nos mesmos halos de matéria escura. Os quasares estão entre os objetos mais energéticos do Universo – faróis galácticos que emitem intensa radiação, alimentados por um buraco negro supermassivo situado nos seus centros. Existem cada vez mais evidências que sugerem que a formação estelar explosiva intensa alimenta também o quasar, com enormes quantidades de matéria a serem sugadas pelo buraco negro. O quasar, por sua vez, emite enormes quantidades de energia que se pensa que limparão o restante gás da galáxia – a matéria prima necessária à formação de novas estrelas – travando assim de maneira eficaz a fase de formação estelar. “Em poucas palavras, a intensa formação estelar dos dias de glória das galáxias acabou também por ser a sua perdição ao alimentar os buracos negros nos seus centros, os quais rapidamente limpam ou destroem as nuvens de formação estelar,” explica David Alexander (Durham University, RU), um membro da equipe.
Créditos: AstroPT
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