quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Kepler descobre novas classes de sistemas planetários

Usando arquivos da Missão Kepler, astrônomos fizeram uma importante descoberta de mais dois planetas circumbinários, isto é, planetas que orbitam um sistema formado por duas estrelas. O Kepler tinha já descoberto um sistema com estas características, o Kepler-16, cujo planeta foi afetuosamente apelidado de “Tatooine” pela equipe da missão. A descoberta, mostra que este tipo de sistemas é afinal comum na nossa galáxia e demonstra que os sistemas binários, outrora considerados um ambiente hostil para a formação de planetas, constituem afinal um território fértil para a exploração planetária. Os novos planetas, designados de Kepler-34b e Kepler-35b, são ambos gigantes de gás, comparáveis a Saturno, com massas de 70 e 40 vezes a da Terra (Saturno = 95 vezes) e com raios de 8.6 e 8.2 vezes o da Terra (Saturno = 9.4 vezes), respectivamente. O primeiro orbita o sistema binário com um período de 289 dias ao passo que as estrelas, no centro do sistema, efetuam uma órbita completa em 28 dias apenas. Os eclipses permitem a medição muito precisa dos raios não só do planeta mas também das duas estrelas. O sistema Kepler-34 (também KOI-2459) situa-se a uma distância estimada de 4.900 anos-luz. O Kepler-35b, por sua vez, orbita um sistema binário com um período de 131 dias. As estrelas, com 80% e 89% da massa do Sol, orbitam em torno do seu centro de gravidade comum em apenas 21 dias e também se eclipsam mutuamente. O sistema Kepler-35 (também KOI-2937) situa-se a cerca de 5.400 anos-luz. A segunda novidade do dia foi a descoberta de um sistema planetário em miniatura em torno de uma pequena anã vermelha, também no campo do telescópio Kepler mas a uma distância de apenas 130 anos-luz. O sistema, designado de KOI-961, é absolutamente incrível, com uma dimensão semelhante ao sistema formado por Júpiter e as suas luas galileanas. Os planetas têm apenas 78%, 73% e 57% do raio da Terra e os trânsitos, apesar da precisão do Kepler, só foram detectados porque a estrela hospedeira é muito pequena, apenas 70% maior do que Júpiter. Ainda não foi possível calcular a massa dos planetas mas o seu tamanho sugere que sejam planetas do tipo terrestre. O menor destes planetas, com 57% do raio da Terra, é sensivelmente do tamanho de Marte. A descoberta foi feita por uma equip do California Institute of Technology que usou dados disponibilizados ao público pela equipe da missão Kepler complementados com observações realizadas nos observatórios do Monte Palomar, na Califórnia, e Keck, no Hawaii. Segundo John Johnson, um dos investigadores envolvidos neste estudo: “este é o menor sistema planetário descoberto até à data. É mais semelhante a Júpiter e às suas luas em escala do que qualquer outro sistema descoberto e demonstra a diversidade de sistemas planetários existentes na nossa galáxia”. A existência deste sistema tem implicações importantes pois as anãs vermelhas são de longe o tipo mais comum de estrela na nossa galáxia. Phil Muirhead, o primeiro autor do estudo, resumiu a importância desta descoberta quando afirmou: “sistemas como este poderão ser ubíquos no Universo”.

Créditos: Kepler

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