Ao estudar rochas expelidas por crateras de impacto, a sonda Mars Express da ESA descobriu evidências de que a água subterrânea persistiu durante períodos prolongados no primeiro 1 bilhão de anos do Planeta Vermelho. As crateras de impacto são janelas naturais para a história das superfícies naturais - quanto mais profunda é a cratera, mais longe no tempo conseguimos estudar. Em adição, as rochas expelidas durante o impacto fornecem uma hipótese de estudar material que esteve escondido por baixo da superfície. Num novo estudo, a sonda Mars Express da ESA e a Mars Reconnaissance Orbiter da NASA estudaram crateras numa região com 1.000 x 2.000 km das antigas terras altas do hemisfério Sul, com o nome de Tyrrhena Terra, para aprender mais sobre a história da água nesta região. Focando-se na química das rochas embebidas nas paredes, limites e elevações centrais das crateras, bem como o material em redor, os cientistas identificaram 175 locais com minerais formados na presença de água. "A grande variedade no tamanho das crateras estudadas, entre menos de 1 km e até 84 km em diâmetro, indica que estes silicatos hidratados foram escavados entre profundidades de algumas dezenas de metros até quilômetros," afirma Damien Loizeau, autor principal do estudo. "A composição das rochas indica que a água subterrânea deve ter estado presente durante um longo período de tempo em ordem a alterar a sua química." Embora o material escavado pelos impactos pareça ter estado em contato íntimo com a água, há poucas evidências de rochas à superfície entre as crateras em Tyrrhena Terra que pareçam ter sido alteradas por água. "A circulação de água ocorreu a vários quilômetros de profundidade na crosta há cerca de 3,7 bilhões de anos, antes da maioria das crateras desta região terem se formado," afirma o co-autor Nicolas Mangold. "A água gerou uma diversidade de mudanças químicas nas rochas, que refletiram as baixas temperaturas perto da superfície até altas temperaturas nas profundezas, mas sem uma relação direta com as condições superfíciais dessa altura." Por comparação, Mawrth Ballis, uma das maiores regiões identificada como rica em argila, de Marte, mostra uma mineralogia aquosa mais uniforme que indica uma ligação mais próxima com os processos superficiais. "O papel da água líquida em Marte é muito importante para a sua habitabilidade e este estudo levado a cabo com a Mars Express descreve uma enorme zona onde a água subterrânea esteve presente durante muito tempo," afirma Olivier Witasse, cientista do projecto Mars Express da ESA.
Créditos: Astronomia On-line
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