Com lentes semelhantes às de uma câmera fotográfica, um telescópio “extremamente pequeno”, localizado no estado americano do Arizona, acaba de revelar a existência de dois planetas “estranhos” e distantes do Sistema Solar. Os cientistas Thomas Beatty, da Universidade de Ohio, e Robert Siverd, da Universidade Vanderbilt, ambas nos EUA, relataram a descoberta nesta quarta-feira (13) à Sociedade Americana de Astronomia, em entrevista coletiva na cidade de Anchorage, no Alasca. Um dos corpos (na foto acima) é uma bola superdensa e quente, feita de hidrogênio metálico e ósmio, o metal mais pesado que se conhece na natureza, encontrado na platina e de cor cinza ou azulada. O planeta foi chamado de Kelt-1b e está situado na constelação de Andrômeda. O Kelt-1b fica tão próximo de sua estrela, que completa uma órbita ao redor dela em 30 horas. Além disso, ele recebe cerca de seis mil vezes mais radiação que a Terra do Sol. Sua temperatura na superfície gira em torno dos 2.200° C. Comparativamente, Mercúrio orbita o Sol uma vez a cada 68 dias, e sua maior temperatura na superfície chega a 425° C. O novo planeta e sua estrela fazem uma espécie de “dança cósmica” que se assemelha à da Terra com a Lua, embora haja uma exceção: a Lua está “presa” à Terra, por isso vemos sempre a mesma face dela. Em alguns bilhões de anos, essa estrela deve se expandir e engolir o Kelt-1b inteiro. No passado, o corpo celeste recém-descoberto pode ter sido empurrado por uma estrela companheira que está hoje orbitando esse sistema solar. Os pesquisadores acreditam que o planeta, mais parecido com uma anã marrom, seja capaz de mudar a atual concepção de como os sistemas solares evoluem. Menos de 1% dos exoplanetas ou planetas extrassolares – fora do Sistema Solar – já descobertos são extremamente grandes e, ao mesmo tempo, muito próximos de suas estrelas hospedeiras. O outro planeta encontrado pelo telescópio é denominado Kelt-2ab e se apresenta como uma estrela muito brilhante, 30% maior e 50% mais densa que Júpiter. Ele está localizado na constelação de Auriga, a cerca de 12 mil anos-luz da Terra. A estrela-mãe do Kelt-2ab é tão brilhante que pode ser vista da Terra por meio de binóculos. Os astrônomos acreditam que poderão observar diretamente a atmosfera desse planeta, estudando a luz da estrela que brilha através dele e do calor infravermelho que irradia dele, usando telescópios localizados não só no espaço, mas também no solo. Esse telescópio e seu “irmão gêmeo” foram projetados para observar milhões de estrelas brilhantes de uma vez só, em extensas áreas do Universo, com baixa resolução de imagem. É um meio de “caçar” planetas fora do sistema solar por um baixo custo. Enquanto a construção de um telescópio tradicional sai por milhões de dólares, esse exemplar sai por US$ 75 mil ou menos de R$ 155 mil. A equipe usa métodos como o de trânsito, em que o brilho de uma estrela é ofuscado quando um planeta atravessa a sua frente. A recente passagem de Vênus pelo Sol foi um exemplo do uso dessa técnica, que pode trazer mais informações astronômicas.
Créditos: G1
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