sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Formas de vida extrema podem ser capazes de sobreviver em exoplanetas excêntricos

Astrônomos descobriram uma verdadeira galeria de exoplanetas estranhos - desde mundos escaldantes com superfícies derretidas até frígidas bolas de gelo. E enquanto a caça continua em busca do elusivo "ponto azul" - um planeta com aproximadamente as mesmas características que a Terra - novas pesquisas revelam que a vida pode realmente ser capaz de sobreviver em alguns dos excêntricos planetas que existem por aí. "Quando falamos de planeta habitável, falamos de um mundo onde a água líquida pode existir," afirma Stephen Kane, cientista do Instituto de Ciências Exoplanetárias da NASA no Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena, EUA. "Um planeta precisa estar à distância certa da sua estrela - não muito quente nem muito frio." Determinada pelo tamanho e temperatura da estrela, esta faixa de temperatura é normalmente referida como a "zona habitável" em torno de uma estrela. Kane e a sua colega do mesmo instituto, Dawn Gelino, criaram um recurso a que chamaram de "Galeria da Zona Habitável." Calcula o tamanho e distância da zona habitável para cada sistema exoplanetário já descoberto e mostra quais os planetas extrasolares que orbitam nesta zona preciosa. O estudo que descreve a pesquisa aparece na revista Astrobiology Journal e pode ser consultado online. Mas nem todos os exoplanetas têm órbitas como a da Terra, que permanece mais ou menos a distâncias constantes do Sol. Uma das revelações inesperadas da caça por planetas foi a de que muitos planetas viajam em órbitas muito elípticas ou excêntricas, que variam muito na distância às suas estrelas. "Planetas como estes podem passar algum tempo, mas não a totalidade na zona habitável," afirma Kane. "Podemos ter um mundo que aquece por períodos breves de tempo, alternados por invernos longos, ou podemos ter breves instantes de condições muito quentes." Embora planetas como estes sejam muito diferentes da Terra, isto não os impede de serem capazes de suportar vida. "Os cientistas já descobriram formas de vida microscópica na Terra que conseguem sobreviver a todo o gênero de condições extremas," afirma Kane. "Alguns organismos podem basicamente diminuir o seu metabolismo até zero de modo a sobreviverem a condições frias e persistentes. Sabemos que outros podem resistir a condições extremas de calor se tiverem uma camada protetora de rocha ou água. Até já foram feitos estudos na Terra com base em esporos, bactérias e líquenes, que mostram que conseguem sobreviver em ambientes agressivos na Terra e sob as condições extremas do espaço." A pesquisa de Kane e Gelino sugere que as zonas habitáveis em torno das estrelas podem ser maiores do que se pensava, e que os planetas que podem ser hostis para a vida humana podem ser o local perfeito para extremófilos, como líquenes e bactérias, sobreviverem. "A vida evoluiu na Terra num estágio muito inicial de desenvolvimento do planeta, em condições muito mais duras do que as de hoje," afirma Kane. Kane explica que muitos dos mundos capazes de suportar vida podem até nem ser planetas, mas ao invés luas de planetas gigantes e gasosos como Júpiter no nosso próprio Sistema Solar. "Existem muitos planetas gigantes lá fora, e todos eles podem ter luas, se forem como os planetas gigantes do Sistema Solar," acrescenta Kane. "A lua de um planeta que esteja, ou que passe tempo numa zona habitável, pode ela própria ser habitável." Como exemplo, Kane mencionou Titã, a maior lua de Saturno, que, apesar da sua espessa atmosfera, está demasiado distante do Sol e é demasiado fria para a vida como a conhecemos existir à sua superfície. "Se movêssemos Titã para mais perto do Sol, teria muito mais vapor de água e condições muito mais favoráveis para a vida." Kane é rápido a apontar que existem limites para o que os cientistas podem determinar atualmente acerca da habitabilidade de exoplanetas já descobertos. "É difícil conhecer realmente um planeta quando não possuímos conhecimento sobre a sua atmosfera," realça. Por exemplo, tanto a Terra como Vênus têm um "efeito estufa" atmosférico - mas o efeito de fuga em Vénus torna-o no lugar mais quente do Sistema Solar. "Sem análogos no nosso próprio Sistema Solar, é difícil saber exatamente como seria uma lua habitável ou um planeta com uma órbita excêntrica." Ainda assim, a pesquisa sugere que a habitabilidade pode existir sob muitas formas na Galáxia - e não apenas em planetas parecidos com o nosso. Kane e Gelino trabalham afincadamente para determinar quais os planetas extrasolares já descobertos que podem ser candidatos à vida extremófila ou a terem luas habitáveis. "Existem muitos planetas excêntricos e gigantes gasosos," diz Kane. "Podemos encontrar algumas surpresas por aí, à medida que começamos a determinar exatamente o que consideramos habitável."

Créditos: Astronomia On-line

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