terça-feira, 11 de setembro de 2012

Marte não tão úmido: argilas podem também vir de lava

A procura por marcianos pode ser mais complicada do que o previsto. As argilas, que há muito se pensa serem sinais claros de um passado mais quente e molhado do Planeta Vermelho, podem ser meramente sinais de atividade vulcânica - o que torna algumas regiões em Marte menos favoráveis à vida. As camadas de argilas descobertas em Marte sugerem que durante o período Noachiano, há cerca de 4,2-3,5 bilhões de anos atrás, o planeta era quente o suficiente para conter água líquida - necessária para a vida como a conhecemos. Os cientistas pensavam que as argilas de Marte podiam ter-se formado numa de duas maneiras: através da interação do solo com água à superfície, ou graças a água que borbulhava até à superfície via fontes hidrotermais. "Ambas as maneiras teriam criado habitats que podiam suportar micróbios," afirma a co-autora do estudo Bethany Ehlmann, do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena. "Na Terra, os micróbios teriam prosperado." Mas uma nova análise dos meteoritos marcianos aponta para que algumas argilas tenham se formado de outro modo. Alain Meunier da Universidade de Poitiers na França descobriu que alguns minerais marcianos oriundos do período Noachiano são uma boa correspondência química com argilas no Atol Mururoa na Polinésia Francesa, que se formaram através do arrefecimento de lava em contato com água. Mais, estas antigas argilas marcianas podem ter até centenas de metros de espessura, que é mais provável estarem associadas com fluxos de lava do que solo interagindo com água. "Este resultado implicaria que Marte não teria sido tão hospitaleiro para a vida como se pensava na altura em que a vida na Terra estava a começar a prosperar," afirma Brian Hynek da Universidade do Colorado em Boulder, que não esteve envolvido no estudo. Uma maneira de confirmar a origem das argilas marcianas é verificar a textura do solo com um microscópio de alta-resolução. "Em cada um dos cenários, existem características particulares da textura," diz Ehlmann. O rover Curiosity da NASA já passou mais de um mês na Cratera Gale perto do equador marciano, que alberga muitos minerais argilosos. O Curiosity tem um microscópio a bordo, mas não é bom o suficiente para fazer a distinção. Outra opção seria fazer análises químicas e procurar certos elementos raros. Mas isso necessitaria de uma missão capaz de enviar amostras pristinas para a Terra. Mesmo assim, Ehlmann não está preocupada com as hipóteses do Curiosity descobrir argilas feitas por água líquida. A morfologia da Cratera Gale - o fato de que é "um grande buraco no chão" - encaixa-se melhor com a teoria de que era um lago, não um vulcão. "Penso que a Gale é um sabor diferente de Marte," afirma Ehlmann. "Se quiséssemos testar esta hipótese, tínhamos que estudar outro local."

Créditos: Astronomia On-line

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