sábado, 3 de novembro de 2012

Curiosity analisa primeiras amostras de solo marciano

O rover Curiosity da NASA completou experiências iniciais que mostram que a mineralogia do solo marciano é semelhante a solos basálticos intemperizados de origem vulcânica. Os minerais foram identificados na primeira amostra de solo marciano analisado recentemente pelo rover. O Curiosity usou o instrumento CheMin para obter os resultados, que estão preenchendo lacunas e acrescentando confiança em estimativas anteriores da composição mineralógica da poeira e do solo difundido no Planeta Vermelho. "Tivemos muitas inferências anteriores e discussões acerca da mineralogia do solo marciano," afirma David Blake do Centro de Pesquisa Ames da NASA em Moffett Field, Califórnia, EUA, que é o investigador principal do CheMin. "Os nossos resultados quantitativos providenciam identificações refinadas e em alguns casos, novas, dos minerais nesta primeira análise por difração de raios-X em Marte." "A identificação dos minerais nas rochas e no solo é fundamental para o objetivo da missão de avaliar as condições ambientais do passado. Cada mineral regista as condições em que se formou. A composição química de uma rocha fornece apenas informação mineralógica ambígua, como no caso de estudo para o diamante e para a grafite, que têm a mesma composição química, mas que são notavelmente diferentes em termos de estrutura e propriedades. O CheMin usa difração por raios-X, a prática padrão para os geólogos na Terra, usando instrumentos de laboratório muito maiores. Este método fornece identificações mais precisas de minerais do que qualquer método usado anteriormente em Marte. A difração por raios-X "lê" a estrutura interna dos minerais ao registar como os seus cristais interagem distintamente com raios-X. As inovações do Centro Ames levaram a um instrumento de difração por raios-X compacto o suficiente para caber dentro do rover. Estes avanços tecnológicos da NASA têm outras aplicações cá na Terra, incluindo equipamento compacto e portátil de difração de raios-X para a exploração de petróleo e gás, análise de objetos arqueológicos e triagem de produtos farmacêuticos falsificados, entre outros usos. "A nossa equipe está exultante com estes primeiros resultados do instrumento," afirma Blake. "Eles aumentam a nossa expectativa para análises futuras pelo CheMin nos meses e quilômetros que se seguem para o Curiosity." A amostra específica para a primeira análise do CheMin foi solo recolhido pelo Curiosity numa mancha de poeira e areia que a equipe chamou de Rocknest. A amostra foi processada através de uma peneira para excluir partículas maiores do que 150 micrômetros, mais ou menos a largura de um cabelo humano. A amostra tem pelo menos dois componentes: poeira distribuída globalmente em tempestades de areia e areia fina de origem mais local. Ao contrário de rochas investigadas pelo Curiosity há algumas semanas, com vários milhares de milhões de anos e indicativas de água corrente, o material que o CheMin analisou é mais representativo de processos modernos em Marte. "Grande parte de Marte está coberto por poeira, e nós tínhamos uma compreensão incompleta da sua mineralogia," afirma David Bish, co-investigador do CheMin da Universidade de Indiana em Bloomington, EUA. "Nós sabemos agora que é mineralogicamente semelhante ao material basáltico, com quantidades significativas de piroxênio, feldspato e olivina, o que não era inesperado. Cerca de metade do solo é material não-cristalino, como vidro vulcânico ou produtos de intemperismo do vidro." Bish disse, "Até agora, os minerais que o Curiosity analisou são consistentes com as nossas idéias iniciais dos depósitos da Cratera Gale, que registram uma transição através do tempo a partir de um ambiente úmido até um ambiente seco. As rochas antigas, como os conglomerados, sugerem água corrente, enquanto os minerais do solo mais jovem são consistentes com interação limitada com água." Durante a missão principal de dois anos do rover, os cientistas vão utilizar os 10 instrumentos a bordo do Curiosity para investigar se a área da Cratera Gale já teve condições ambientais favoráveis à vida microbiana.

Créditos: Astronomia On-line

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