quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Rara imagem de "super-Júpiter" lança luz sobre a formação de planetas

Dos cerca de 850 exoplanetas - planetas que orbitam outras estrelas que não o Sol - atualmente conhecidos, apenas uma minúscula fração foi capturada em imagens astronômicas reais. A grande maioria das detecções baseia-se em métodos indiretos. A razão para esta discrepância: as estrelas são muito mais brilhantes do que os seus planetas (tipicamente por um fator de bilhões ou mais); utilizando técnicas tradicionais de observação, o planeta vai estar escondido no brilho da sua estrela-mãe. Agora, uma equipe de pesquisa liderada por Joseph Carson (da Universidade de Charleston no estado americano da Virginia do Sul e do Instituto Max Planck para Astronomia, em Heidelberg, Alemanha), conseguiu obter uma imagem de um grande "super-Júpiter" em torno da estrela gigante k And (kappa Andromedae). A sua descoberta faz uso do telescópio Subaru de 8 metros situado no cume do Mauna Kea, Hawaii, operado pelo Observatório Astronômico Nacional do Japão. k And é uma estrela muito jovem, com uma idade estimada em 30 milhões de anos (o nosso Sol, em comparação, tem cerca de 5 bilhões de anos). A obtenção de uma imagem do seu companheiro exoplanetário kappa Andromedae b necessitou técnicas avançadas tanto para a observação como para a análise de imagem. Um dos grandes desafios foi que a órbita do objeto recém-detectado é um pouco maior do que a de Netuno (1,8 vezes) - a maioria das imagens planetárias foram obtidas para planetas com órbitas significativamente maiores. Com uma massa de aproximadamente 13 vezes a de Júpiter, o objeto poderia ser tanto um planeta ou uma muito leve anã marrom, um objeto intermédio entre planetas e estrelas. As evidências circunstanciais indicam que é provável que seja um planeta. Um aspecto interessante do novo super-Júpiter é que orbita uma estrela muito jovem, e a uma distância comparável a órbitas planetárias dentro do nosso próprio Sistema Solar. Em conjunto, são fortes indicações de que o planeta formou-se de modo semelhante ao dos planetas de massa menor: dentro de um disco primordial e "protoplanetário" de gás e poeira que rodeava a estrela durante a sua fase inicial. Nos últimos anos, os observadores e teóricos têm argumentado que estrelas grandes e massivas como esta são mais propensas a ter grandes planetas do que estrelas menores como o nosso Sol. No entanto, também tem havido preocupações: as estrelas grandes e jovens emitem enormes quantidades de radiação altamente energética. Esta radiação poderia dissipar partes do disco protoplanetário, que por sua vez atrapalhariam a formação de planetas. A descoberta do super-Júpiter k And b sugere que as estrelas mais massivas do que 2,5 massas solares são ainda plenamente capazes de produzir planetas dentro dos seus discos primordiais circum-estelares - informações chave para os investigadores que trabalham em modelos de formação planetária. A principal vantagem da deteção direta de exoplanetas é a acessibilidade imediata do alvo para estudos de acompanhamento com técnicas astronômicas tradicionais, tais como a análise profunda da sua luz através de espectroscopia. Este é o objetivo de observações em curso da luz emitida por k And b através de uma ampla gama de comprimentos de onda. As observações vão levar a um melhor entendimento da química da atmosfera do gigante gasoso, e produzir informações mais precisas acerca da órbita do objeto e da possível presença de planetas adicionais. No final, os astrônomos deverão ter uma melhor imagem da gênese do super-Júpiter, e da formação de planetas em torno de estrelas de grande massa.

Créditos: Astronomia On-line

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