domingo, 9 de dezembro de 2012

Sistemas solares diferentes do nosso podem ser habitáveis, diz estudo

Estudo sugere que, ao contrário do que pensamos, outros sistemas solares poderiam abrigar vida. Enquanto os nossos vizinhos são sabidamente ambientes hostis para a vida como a conhecemos, fazendo com que tenhamos certeza quase absoluta de que estamos sós em nosso Sistema Solar, um novo estudo de geólogos e astrônomos da Universidade Estadual de Ohio, EUA, sugere que outros sistemas podem conter planetas até mais habitáveis que o nosso por serem 25% mais quentes. Tal temperatura viabilizaria atividade geológica o suficiente para que mais água líquida fosse retida para comportar vida microbiana. Aparentemente, a “Zona de Goldilocks” (termo em inglês usado para definir um planeta com condições ideais para abrigar vida) dos outros sistemas seria maior que a nossa. Eles estudaram oito “gêmeos solares” do Sol, ou seja, estrelas com tamanho, idade e composição semelhantes à nossa. Para selecionar os corpos celestes, a equipe usou um conjunto de dados coletado pelo espectrômetro Buscador de Planetas de Velocidade Radial de Alta Precisão (HARPS, na sigla em inglês) do Observatório Europeu do Sul, no Chile. Eles procuraram por tório e urânio nesses sóis, elementos importantes para as placas tectônicas da Terra por aquecerem o interior do planeta. Essas placas ajudam a manter a água na superfície da Terra, por isso os cientistas acham que placas em outros planetas são indícios de habitabilidade. Das oito estrelas analisadas, sete emanam muito mais tório que o Sol, o que mostra que planetas em volta dessas estrelas podem conter mais do elemento também, e, logo, podem ser mais quentes. Uma das estrelas continha 2,5 vezes mais tório que o nosso Sol, de acordo com o estudante de doutorado Cayman Unterborn, que afirmou que os planetas terrestres em volta da estrela devem gerar 25% mais calor que a Terra, mantendo as placas tectônicas por mais tempo e aumentando o período propício para a vida. Cayman afirmou durante a apresentação dos resultados no encontro da União Americana de Geofísica em São Francisco que: “Se esses planetas são mais quentes do que achávamos antes, então nós podemos efetivamente aumentar o tamanho da zona habitável em volta dessas estrelas por forçarem a zona habitável para mais ambientes mais longínquos, considerando que existam mais planetas que possam abrigar vida microbiana”. Nesse ponto, tudo que podemos dizer é que há algumas variações naturais na quantidade de elementos radioativos dentro de estrelas como a nossa. Com apenas nove exemplos incluindo o Sol, nós não podemos dizer muito sobre a extensão total daquela variação através de nossa galáxia. O conselheiro Wendy Panero, professor associado da Escola de Ciências da Terra na Universidade Estadual de Ohio, falou sobre esses elementos radioativos (que incluem também o potássio) que estão presentes no manto terrestre. Eles aquecem o interior do planeta, de um modo totalmente separado do calor do núcleo da Terra. “Esse núcleo é quente porque começou quente. Mas o núcleo não é a nossa única fonte de calor. Um colaborador comparável é o lento decaimento radioativo de elementos que estavam aqui quando a Terra se formou. Sem a radioatividade, não haveria calor o suficiente para dirigir as placas tectônicas que mantêm os oceanos superficiais na Terra”, disse ele. Ainda não se compreende totalmente a relação entre as placas tectônicas e a água superficial. Wendy considera isso um dos maiores mistérios da geociência. O que os pesquisadores suspeitam agora, ao menos, é que as mesmas forças de convecção que agem no manto e movem a crosta terrestre também regulam a quantidade de água nos oceanos. “Parece que se o planeta quiser reter os oceanos por escalas de tempo geológicos, ele precisará de algum tipo de sistema de reciclagem da crosta e para nós ele é a convecção do manto”, disse Cayman. A vida microbiana na Terra tirou vantagem do aquecimento sob a superfície – é o caso das arqueas, micróbios que não usam o Sol para obter energia, mas sim no calor que vem das profundezas do planeta. A maior parte do calor de decaimento radioativo vem do urânio. Em planetas com mais tório, o calor dura mais, pois o elemento é mais enérgico e tem uma meia-vida mais longa, permitindo mais chances para a vida. Sobre o porquê de o nosso sistema solar ter pouco tório, Cayman afirmou que tudo começa com supernovas: “Os elementos criados em uma supernova determinam os materiais que estão disponíveis para novas estrelas e novos planetas se formarem. As gêmeas solares que estudamos estão espalhadas pela galáxia, então elas formaram-se de supernovas diferentes. Apenas ocorre que elas tinham mais tório disponível quando elas se formaram do que quando nós nos formamos”. Outra professora de astronomia da universidade, Jennifer Johnson, que também foi coautora do estudo, lembrou que os resultados são prematuros ainda. “Todos os sinais estão apontando para um ‘sim’ – que há uma diferença na abundância de elementos radioativos nessas estrelas, mas nós precisamos ver o quão robusto o resultado é”, disse ela. Para levar a pesquisa adiante, a equipe fará análises estatísticas de ruído nos dados do HARPS para aumentar a precisão dos modelos de computador. Então, um telescópio será usado para buscar mais estrelas gêmeas.

Fonte: Jornal Ciência

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