O rover Curiosity da NASA está a aproximar-se de uma rocha plana com veias pálidas que podem conter pistas de um passado molhado no Planeta Vermelho. Se a rocha for aprovada pelos engenheiros do rover quando o Curiosity aí chegar, tornar-se-á na primeira a ser perfurada para recolha de amostras pelo veículo. Com o tamanho de um carro, o Curiosity encontra-se dentro da Cratera Gale, investigando se o planeta já teve condições favoráveis para a vida microbiana. O Curiosity aterrou na cratera há cinco meses para levar a cabo uma missão principal de dois anos. "A perfuração de uma rocha para recolha de amostras será a atividade mais difícil da missão desde a aterragem. Nunca foi antes feita em Marte," afirma Richard Cook, gestor do projecto MSL (Mars Science Laboratory) do JPL da NASA em Pasadena, no estado americano da Califórnia. "O hardware da broca interage energeticamente com o material marciano que nós não controlamos. Não vamos ficar surpresos se alguns passos do processo não saírem da primeira vez exatamente como planejado." O Curiosity vai primeiro recolher amostras em pó de dentro da rocha e usá-las para esfregar a broca. O robô então perfura e ingere mais amostras da rocha, que serão analisadas para obter informações acerca da sua composição química e mineral. A rocha escolhida encontra-se numa área onde o instrumento Mastcam do Curiosity, bem como outras câmaras, revelaram características diversas e inesperadas, incluindo veias, nódulos, camadas cruzadas, um seixo brilhante embebido em arenito e, possivelmente, alguns buracos no chão. A rocha escolhida para perfuração tem o nome "John Klein", em homenagem ao ex-vice gestor do projeto John W. Klein, que morreu em 2011. O alvo encontra-se num leito rochoso e plano dentro de uma depressão rasa chamada "Yellowknife Bay". O terreno nesta área é diferente do terreno no local de aterragem do rover, um antigo leito de rio cerca de 500 metros para Oeste. A equipe científica do Curiosity decidiu este local como primeiro alvo de perfuração porque as observações orbitais mostram terrenos fraturados que arrefecem todas as noites mais lentamente do que terrenos próximos. "O sinal orbital atraiu-nos aqui, mas o que encontramos quando chegamos foi uma grande surpresa," afirma John Grotzinger, cientista do projeto MSL do Instituto de Tecnologia da Califórnia. "Esta área tinha um tipo diferente de ambiente úmido do que o leito do rio onde pousamos, talvez até alguns tipos diferentes de ambientes úmidos." Uma linha de evidência vem da inspeção de veias claras com o laser pulsante do ChemCam, que encontrou níveis elevados de cálcio, enxofre e hidrogênio. "Estas veias são provavelmente constituídas por sulfato de cálcio hidratado, como bassinite ou gipsita," afirma Nicolas Mangold, membro da equipe do ChemCam e do Laboratório de Planetologia e Geodinâmica em Nantes, França. "Na Terra, veias como estas requerem água que circula em fraturas." Os cientistas têm usado o MAHLI (Mars Hand Lens Imager) do rover para examinar rochas sedimentares na área. Algumas são de arenito, com grãos do tamanho de grãos de pimenta-preta. Um grão tem um brilho interessante, com uma forma que cativou a Internet pois parecia uma "flor de Marte". Outras rochas na área circundante têm siltito, com grãos mais finos do que açúcar de confeiteiro. Estes diferem significativamente do conglomerado de rochas de cascalho na área de aterragem. "Todas estas rochas são rochas sedimentares, e dizem-nos que Marte tinha ambientes que ativamente depositavam aqui material," acrescenta Aileen Yingst, vice-investigadora principal do MAHLI e do Instituto de Ciências Planetárias em Tucson, Arizona, EUA. "Os diferentes tamanhos dos grãos dizem-nos mais as diferentes condições de transporte.
Fonte: Astronomia On-line
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