Astrônomos descobriram o que parece ser um grande cinturão de asteróides em torno da estrela Vega, uma das estrelas mais brilhantes do céu do Hemisfério Norte. Os cientistas usaram dados do Telescópio Espacial Spitzer da NASA e do Observatório Espacial Herschel da ESA. A descoberta de um cinturão de asteróides em torno de Vega torna a estrela semelhante a outra chamada Fomalhaut. Os dados são consistentes com ambas as estrelas terem cinturões interiores e quentes, e cinturões exteriores e frias, separadas por uma abertura. Esta arquitetura é semelhante com o cinturão de asteróides e o cinturão de Kuiper no nosso próprio Sistema Solar. O que está a manter a abertura entre os cinturões quentes e frios em redor de Vega e Fomalhaut? Os resultados sugerem que a resposta são múltiplos planetas. O cinturão de asteróides do nosso Sistema Solar, situado entre Marte e Júpiter, é mantido pela gravidade dos planetas terrestres e dos planetas gigantes, e o cinturão de Kuiper é esculpido pelos planetas gigantes. "Os nossos achados refletem resultados recentes que mostram que os sistemas multi-planetários são comuns para lá do Sol," afirma Kate Su, astrônoma do Observatório Steward da Universidade do Arizona, em Tucson, EUA. Su apresentou os resultados na Terça-feira passada na reunião da Sociedade Astronômica Americana em Long Beach, no estado americano da Califórnia, e é a autora principal de um artigo sobre os achados, aceite para publicação na revista Astrophysical Journal. Vega e Fomalhaut são semelhantes de outras formas. Ambas têm cerca de duas vezes a massa do Sol e brilham em tons mais azulados e quentes. Ambas as estrelas estão relativamente próximas, a cerca de 25 anos-luz de distância. Pensa-se que as estrelas tenham cerca de 400 milhões de anos, mas Vega pode estar mais perto dos 600 milhões. Fomalhaut tem um único candidato a planeta em órbita, Fomalhaut b, que orbita no limite interior do seu cinturão cometário. Os telescópios Herschel e Spitzer detectaram radiação infravermelha emitida pela poeira quente e fria em bandas discretas ao redor de Vega e Fomalhaut, descobrindo o novo cinturão de asteróides em Vega e confirmando a presença de outros cinturões em ambas as estrelas. Os cometas e as colisões de rochas repõem a poeira nestes cinturões. Os cinturões interiores destes sistemas não podem ser vistos no visível devido ao enorme brilho das suas estrelas-mãe. Tanto os cinturões internos como os externos contêm muito mais material do que nosso cinturão de asteróides e de Kuiper. Por duas razões: os sistemas estelares são muito mais jovens do que o nosso, e têm ainda muitas centenas de milhões de anos para "limpar a casa", e os sistemas foram provavelmente formados a partir de uma nuvem de gás e poeira inicialmente mais massiva do que a que formou o nosso Sistema Solar. A abertura entre os cinturões interiores e exteriores de Vega e Fomalhaut também correspondem proporcionalmente à distância entre os cinturões de asteróides e o de Kuiper do Sol. Esta distância funciona a uma proporção de aproximadamente 1:10, com o cinturão exterior 10 vezes mais longe da estrela-mãe do que o cinturão interior. No que respeita à grande abertura entre os dois cinturões, é provável que existem vários planetas não detectados, com o tamanho de Júpiter ou menores, criando uma zona livre de poeira entre os dois. Um sistema estelar comparável é HR 8799, que tem quatro planetas conhecidos que varrem o espaço entre dois discos semelhantes de detritos. "No geral, a grande abertura entre os cinturões quentes e frios é um sinal que aponta para vários planetas que orbitam em torno de Vega e Fomalhaut," afirma Su. Se estes planetas invisíveis orbitam, de fato, Vega e Fomalhaut, não vão ficar escondidos por muito tempo. "Novos equipamentos, como o Telescópio Espacial James Webb da NASA, deverão ser capazes de encontrar os planetas," afirma Karl Stapelfeldt, co-autor do artigo e chefe do Laboratório de Astrofísica Exoplanetária e Estelar do Centro Aeroespacial Goddard da NASA em Greenbelt, no estado americano do Maryland.
Fonte: Astronomia On-line
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