De acordo com uma equipe de investigadores do Instituto NLSI (Lunar Science Institute) da NASA, o asteróide Vesta, e talvez outros grandes asteróides, têm mais em comum com a Lua da Terra do que se pensava. Tanto Vesta como a Lua parecem ter sido bombardeados pela mesma população de projéteis velozes há quatro bilhões de anos atrás. Apesar do fato de que a Lua está localizada longe do asteróide Vesta, no cinturão principal de asteróides entre as órbitas de Marte e Júpiter, parecem partilhar um pouco da mesma história de bombardeio. As idades radiométricas das rochas lunares recolhidas pelos astronautas das missões Apollo têm sido desde há muito utilizadas para estudar a história do bombardeamento da Lua. Da mesma forma, as idades derivadas de amostras de meteoritos têm sido usadas para estudar a história de colisão de asteróides no cinturão principal. Em particular, os meteoritos howarditos e eucritos (espécies comuns na coleções de meteoritos) têm sido usados para estudar o asteróide Vesta, o seu corpo principal. Agora, pela primeira vez, uma equipe internacional de cientistas ligou estes dois conjuntos de dados, e descobriu que a população de projéteis responsáveis pela formação de crateras e bacias na Lua também impactaram com Vesta a velocidades muito altas, o suficiente para deixar para trás uma série de idades reveladoras dos impactos. Esta pesquisa foi possível graças a um trabalho multidisciplinar, incluindo geoquímica, dinâmica, simulações de eventos de impacto e observações de sondas espaciais. Os resultados foram publicados na edição de Março da revista Nature Geoscience. "É sempre intrigante quando a pesquisa interdisciplinar muda a nossa forma de entender a história do Sistema Solar," afirma Yvonne Pendleton, directora do NLSI. Com a ajuda de simulações em computador, os cientistas determinaram que os meteoritos de Vesta registaram impactos de projéteis invulgarmente velozes, desde há muito desaparecidos. Eles deduziram que este período de bombardeamento esteve relacionado com um momento da história do Sistema Solar, há quatro bilhões de anos atrás, em que os gigantes gasosos, como Júpiter e Saturno, migraram das suas órbitas originais para a sua localização atual. As conclusões da equipe suportam a teoria de que este reposicionamento dos planetas gigantes gasosos destabilizaram partes do cinturão de asteróides e desencadearam um bombardeamento de asteróides a nível de todo o Sistema Solar. Este evento, chamado "Cataclismo Lunar" ou "Último Grande Bombardeamento", puxou muitos asteróides para órbitas que os fez colidir com a Terra e com a Lua. A pesquisa fornece novas restrições sobre o início e duração do cataclismo lunar, e demonstra que o cataclismo foi um evento que afetou não apenas os planetas do Sistema Solar interior, mas também o cinturão de asteróides. A interpretação dos howarditos e eucritos pela equipe foi melhorada por observações recentes da superfície de Vesta pela sonda Dawn da NASA. Além disso, a equipe usou os modelos dinâmicos mais recentes da evolução do cintuão principal para descobrir a fonte provável destes projéteis de alta velocidade. A equipe determinou que a população de projéteis que atingiu Vesta também tinha órbitas que atingiram a Lua a altas velocidades. "Parece que os meteoritos asteroidais mostram sinais de que o cinturão principal perdeu muita massa há quatro bilhões de anos atrás, em que a massa escapou colidindo com os asteróides sobreviventes do cinturão principal e a Lua a altas velocidades, afirma Simone Marchi, a autora principal do artigo, do Instituto de Pesquisa do Sudoeste em Boulder, no estado americano do Colorado e do Instituto Planetário e Luna em Houston, Texas. "A nossa pesquisa não só apoia a teoria corrente, como a leva para o próximo nível de conhecimento." Esta pesquisa revela uma ligação inesperada entre Vesta e a Lua, fornecendo novos meios para o estudo da história do bombardeio inicial dos planetas terrestres.
Fonte: Astronomia On-line
Nenhum comentário:
Postar um comentário