Uma nova e emblemática imagem construída com dados do telescópio espacial Planck revelou que o Universo é 100 milhões de anos mais velho do que o estimado, sugerindo que a expansão da matéria ocorre mais lentamente do que o pensado atualmente. A imagem foi divulgada nesta quinta-feira pela Agência Espacial Européia, ESA, e mostra em detalhes a primeira luz observada 380 mil anos após o Big Bang, a explosão primordial que deu origem ao Universo. Conhecida pelos astrofísicos como radiação cósmica de fundo (CMB), a luz registrada pelo telescópio Planck retrata os instantes iniciais quando o Universo começou a resfriar e sua temperatura já havia baixado a cerca de 2.700 graus Celsius. Antes desse momento, o Universo era tão denso e quente que as ondas eletromagnéticas não conseguiam se propagar através do plasma. Somente após esse período inicial o Universo se resfriou e expandiu, permitindo que a luz (ondas eletromagnéticas) se propagasse. Desde então essa luz continua se propagando pelo espaço e pode ser detectada no comprimento de onda das micro-ondas, especialidade do telescópio Planck. "Nós ousamos olhar bem de perto para o Big Bang e isso nos permitiu ter uma visão vinte vezes mais precisa do que tínhamos até agora", disse Jean-Jacques Dordain, diretor-geral da Agência Espacial Européia. A imagem gerada pelo telescópio Planck foi baseada em 15 meses de observação e de acordo com os novos estudos, a idade atual do Universo é agora de 13.82 bilhões de anos. A radiação cósmica de fundo (CMB) é uma manifestação eletromagnética prevista teoricamente por George Gamov, Ralph Alpher e Robert Herman em 1948 e comprovada acidentalmente em 1965 pelos físicos estadunidenses Arno Penzias e Robert Wilson. Pela descoberta, Penzias e Wilson receberam em 1978 o Prêmio Nobel de Física. A CMB permeia todo o Universo e tem uma frequência de pico de 160,4 GHz (comprimento de onda de 1.9 mm), centrado na faixa das micro-ondas. Atualmente, essa radiação é muito fria, apenas 2.7 graus acima do Zero Absoluto, de -273°C. O que a imagem mostra é uma série de nuances colorizadas que realçam as diferenças de temperatura de acordo com as densidades de cada região. Para os cosmologistas, essas sutis diferenças portam a "semente" de todas as estrelas e galáxias do Universo. De modo geral, os dados coletados pelo telescópio Planck são consistentes com o chamado "Modelo Padrão", que afirma que as variações da CMB foram causadas por flutuações quânticas e aleatórias ocorridas durante um breve período de expansão acelerada, chamada inflação. Por outro lado, o novo mapa também revela algumas discrepâncias e aponta para idéias tentadoras que vão além do Modelo Padrão, já que algumas variações detectadas não correspondem às sugeridas pelo Modelo Padrão de grande escala, embora sejam bastante fiéis em escalas menores. Além disso, imagens do modelo padrão sobrepostas àquelas observadas revela pontos frios muito maiores do que o esperado em algumas áreas específicas do céu. O novo mapa do Big Bang deverá ajudar os cientistas a distinguir entre as diferentes teorias sobre o início do Universo e o conhecimento exato das anomalias será fundamental para que se possa determinar com precisão sua composição e evolução, desde o princípio até os dias atuais.
Fonte: Apolo 11
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