Um pequeno satélite russo foi severamente danificado depois de ter sido atingido por um dos inúmeros fragmentos de lixo espacial originados da explosão de um satélite chinês. O evento ocorreu em 22 de janeiro, mas só agora foi confirmado após investigação feita por uma agência privada. De acordo com o especialista em tecnologia espacial T.S. Kelso, a colisão danificou o satélite retrorefletor russo BLITS (Ball Lens In The Space), uma esfera refletiva de 8 kg lançada em setembro de 2009 e que estava sendo usada em experimentos geofísicos e em medições através de pulsos de raios laser. Segundo Kelso, o satélite foi atingido por um dos fragmentos do satélite Fengyun 1C, criados depois que a China o destruiu propositalmente em 2007 durante um teste de seu sistema antimíssil. Depois da destruição, cerca de 3 mil pedaços do satélite permaneceram em órbita e até hoje continuam caindo em direção à Terra, o que obriga as agências espaciais manterem constante vigilância para evitar choques dos satélites de órbita baixa com os restos de lixo espacial. As primeiras evidências de que alguma coisa estava errada com o BLITS foram reportadas em 4 de fevereiro, quando os cientistas russos Vasiliy Yurasov e Andrey Nazarenko, ligados ao Instituto de Engenharia para Precisão Instrumental, da Rússia (CSSI), perceberam uma mudança significativa na órbita do satélite. Além da mudança do plano orbital, Yurasov e Nazarenko também perceberam que a atitude (posição angular do satélite no espaço) e a velocidade de spin (giro do satélite sobre seu eixo) também estavam alteradas. No dia 28 de fevereiro, o International Laser Ranging Service, ILRS, confirmou que o nano satélite havia se chocado com um fragmento de lixo espacial e que as medições realizadas pelo BLITS estavam seriamente comprometidas. O ILRS é um órgão internacional suportado pelo Goddard Space Flight Center, da Nasa, que coordena as medições feitas com pulsos de raios laser em todo o mundo. "A colisão alterou abruptamente os parâmetros orbitais do BLITS", informou em comunicado o ILRS. Segundo o órgão, o spin passou de 5.6 segundos antes da colisão para 2.1 segundos. De acordo com Kelso, a colisão entre os dois objetos espacial foi descoberta somente após uma exaustiva análise das órbitas de centenas de satélites e dos inúmeros fragmentos de lixo espacial. Segundo os cientistas russos, a mudança orbital ocorreu precisamente em 22 de janeiro às 07h57 UTC. De posse desse dado, Kelso simulou a passagem de milhares de fragmentos que pudessem cruzar a órbita de BLITS no instante informado. O trabalho descobriu que apenas um objeto - um fragmento do Fengyun 1C - cruzou o caminho do BLITS naquele dia e com menos de 10 segundos de diferença do horário informado. "Embora a distância prevista parece impedir uma colisão, o fato de que a aproximação ocorreu dentro de 10 segundos após a passagem estimada faz parecer muito provável que este pedaço do Fengyun 1C realmente colidiu com o BLITS", disse Kelso. Estima-se que haja no espaço cerca de 600 mil fragmentos maiores que 1 centímetro e pelo menos 16 mil maiores que 10 cm, o que torna a colisão entre esses objetos e os satélites em orbita uma grande preocupação para as agências espaciais. Pelo menos duas vezes por ano a Estação Espacial Internacional precisa fazer manobras para evitar a colisão com o lixo espacial e à medida que os detritos das colisões ou destruições propositais caem para as orbitas mais baixas, onde estão a ISS e grande parte dos satélites científicos, aumentam também os riscos de colisão.
Fonte: Apolo
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