quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Como o núcleo da Terra se formou?

Embora não seja fantástico como nas descrições feitas por Júlio Verne em seu livro “Viagem ao Centro da Terra”, o núcleo do nosso planeta não deixa de ser surpreendente – e teorias sobre suas origens dividem cientistas há décadas. Recentemente, contudo, pesquisadores da Universidade de Stanford (EUA) recriaram (em pequena escala, claro) as condições de pressão e temperatura da Terra antiga, e os resultados deram força a um lado do debate. “Nós sabemos que a Terra tem hoje um núcleo e um manto diferenciados. Com tecnologias em desenvolvimento, podemos olhar sob uma nova ótica os diferentes mecanismos por trás desse fenômeno”, destaca a pesquisadora Wendy Mao, principal autora do estudo. Sabe-se que o interior do planeta é dividido em camadas com diferentes tipos de densidade, temperaturas e composições. O debate surge a respeito de como aconteceu essa diferenciação, e existem pelo menos duas grandes teorias. A primeira diz que a colisão e o decaimento de certos materiais radioativos aqueceu a Terra a tal ponto que suas rochas e metais começaram a derreter, resultando em uma espécie de “oceano de magma” que se resfriou camada por camada, por conta das diferentes densidades de seus componentes. Nisso, o ferro teria “afundado”, enquanto os silicatos teriam se deslocado à superfície. Já a segunda defende que o ferro teria derretido e atravessado gradualmente a camada sólida de silicatos graças a um fenômeno chamado percolação (parecido com o que acontece com um café que passa pelo filtro da cafeteira), através de túneis. Por muito tempo, a primeira hipótese foi mais aceita. A da percolação não tinha tanta força porque análises mostravam que o ferro fundido tende a se aglomerar em grandes “gotas” que não interagem entre si, diminuindo as chances de atravessar a camada de silicatos. O estudo feito na Universidade de Stanford mudou o jogo. Mao e sua equipe colocaram pequenas quantidades de ferro e silicato entre duas pontas de diamante e, além de aplicar uma forte pressão, aqueceram a mistura com laser, reproduzindo o “magma” que supostamente existia na Terra. Depois que o material resfriou, eles o analisaram com microscópios e equipamentos de tomografia. Resultado: o ferro de fato tendia a se acumular em “bolhas”, mas, por outro lado, a pressão modificava a camada de silicato também, formando canais que poderiam permitir a percolação. Ainda é cedo para afirmar com segurança como a parte interna da Terra se formou, mas as evidências mais recentes apontam que, talvez, as duas principais teorias estejam corretas.

Fonte: Hypescience

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