sexta-feira, 15 de novembro de 2013

MAVEN vai investigar o que aconteceu em Marte

A próxima missão da NASA a Marte, com o objetivo de explorar a atmosfera do Planeta Vermelho, vai decolar na Segunda-feira (dia 18). A sonda MAVEN (Mars Atmosphere and Volatile Evolution) irá investigar como o antigo Planeta Vermelho passou de um mundo quente e molhado para o deserto frio que é hoje. "Chamamos 'maven' a um especialista de confiança que acumula conhecimento e que tenta passar esse conhecimento aos outros," afirma John Grunsfeld, administrador associado para o Diretorado de Missões Científicas da NASA, durante uma conferência de imprensa no passado dia 28 de Outubro. "A MAVEN, tal como a sua origem etimológica, estabelecerá o conhecimento a partir do qual os cientistas podem construir uma história da atmosfera marciana e ajudar os exploradores humanos do futuro que viajam até Marte e até à superfície." Há bilhões de anos atrás, quando os planetas do nosso Sistema Solar ainda eram jovens, Marte era mundo muito diferente. A água líquida percorria a superfície e formava rios e lagos. Uma atmosfera espessa cobria o planeta e mantinha-o quente. Neste ambiente acolhedor, os micróbios podem ter encontrado um lar e Marte pode ter-se tornado no segundo planeta habitado, mesmo ao lado do nosso. Mas não foi isso que aconteceu. Hoje, Marte é frio e desértico. A fina atmosfera oferece uma escassa cobertura para a superfície marcada por leitos secos de rios e lagos vazios. Se existirem micróbios marcianos, vivem provavelmente uma existência miserável algures por baixo do empoeirado solo marciano. A sonda será lançada com a ajuda de um foguetão Atlas 5 a partir da Base da Força Aérea de Cabo Canaveral, no estado americano da Flórida. A janela de lançamento desse dia tem a duração de duas horas, começa às 18:28 (GMT) e a NASA vai transmitir o lançamento ao vivo. Levará cerca de 10 meses até chegar a Marte. A sonda de 2.454 kg vai inserir-se numa órbita elíptica em torno do Planeta Vermelho em Setembro de 2014. Enquanto em órbita, a missão MAVEN de 671 milhões de dólares vai investigar a atmosfera superior de Marte. Os cientistas esperam usar a MAVEN para desvendar o como e o porquê de Marte ter perdido a sua atmosfera, que tem agora 1% da densidade da da Terra. O único modo de Marte ter sido molhado e quente há 4 bilhões de anos, é se também tivesse uma espessa atmosfera. O dióxido de carbono na atmosfera marciana é um gás de efeito estufa, tal como na nossa. Um espesso manto de CO2 e outros gases teriam fornecido as temperaturas ideais e pressão atmosférica para impedir que a água líquida congelasse ou entrasse em ebulição. Algo fez com que Marte perdesse esse manto protetor. "A atmosfera só pode ir para dois lugares," afirma Bruce Jakosky, investigador principal da MAVEN. "Pode ir para dentro da crosta ou para o topo da atmosfera e perder-se para o espaço. Acho que estas questões 'para onde foi a água? Para onde foi o CO2 (dióxido de carbono) da atmosfera primitiva' estão a impulsionar a nossa exploração de Marte." É possível que o vento solar seja responsável pela destruição parcial da atmosfera marciana, embora este papel possa ter sido desempenhado por muitos tipos de mecanismos, realça Jakosky. Ao contrário da Terra, Marte não está protegido por um campo magnético global. Em vez disso, tem uma espécie de "guarda-chuvas" magnéticos espalhados pelo planeta, que abrigam apenas partes da atmosfera. A erosão pelo vento solar nas áreas expostas pode ter lentamente arrancado a atmosfera ao longo de bilhões de anos. Medições recentes de isótopos na atmosfera marciana pelo rover Curiosity apoiam esta idéia: isótopos mais leves de hidrogênio e argônio estão esgotados em comparação com os seus homólogos mais pesados, o que sugere que escaparam para o espaço. Os cientistas também especulam que a superfície do planeta pode ter absorvido e trancado o CO2 em minerais como o carbonato. No entanto, esta teoria tem vindo a desvanecer nos últimos anos pois os rovers e sondas em órbita não descobriram carbonatos suficientes para explicar o gás em falta. A fim de investigar as causas por trás da perda de atmosfera de Marte, a MAVEN vai transportar uma série de instrumentos para órbita. A carga científica da sonda inclui instrumentos desenhados para investigar as partículas solares, os íons do vento solar e os elétrons do vento solar. Outros instrumentos vão examinar a estrutura da atmosfera superior e "como responde à energia solar que a atinge nestes diferentes formatos," acrescenta Jakosky. Assim que Jakosky e colegas saibam o ritmo de perda de CO2, podem extrapolar para o passado e estimar a quantidade total durante os últimos quatro bilhões de anos. "A MAVEN irá determinar se a perda para o espaço foi a principal causa da mudança climática de Marte". A MAVEN orbitará Marte durante pelo menos um ano terrestre. No ponto mais baixo da sua órbita elíptica, encontrar-se-á a apenas 125 km da superfície; no seu ponto mais alto, a mais de 6.000 km do planeta. Segundo Jakosky, a janela de lançamento da MAVEN vai desde 18 de Novembro até 7 de Dezembro, embora possa ser lançada no máximo até dia 15. No entanto, se a sonda falha esta janela de oportunidade, a missão terá que esperar mais dois anos até que a Terra e Marte estejam novamente alinhados favoravelmente.

Fonte: Astronomia On-line

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