quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Pode ter sido descoberta a primeira exolua

A primeira lua fora do nosso Sistema Solar pode ter sido descoberta. E parece mais estranha do que jamais poderíamos ter imaginado. Há muito que se prevê a existência de exoluas - algumas podem até ser mundos habitáveis - mas até agora ninguém havia detectado uma. "Das pesquisas que conheço, este é o primeiro candidato sério," afirma o astrónomo David Kipping da Universidade de Harvard, que não esteve envolvido na descoberta. Ao contrário das exoluas que aparecem nos filmes "Avatar" ou "O Regresso de Jedi", já para não falar dos satélites naturais no nosso próprio Sistema Solar, a nova lua e o seu exoplaneta parecem estar à deriva no cosmos, longe de qualquer estrela. Os dois novos objectos foram detectados usando um método invulgar. A maioria dos mais de 1.000 planetas extrasolares descobertos até à data foram descobertos através da análise de alterações na luz da sua estrela, mas um grupo restrito de exoplanetas foram descobertos usando uma técnica chamada microlente gravitacional. Quando um objeto passa em frente de uma estrela distante, a partir da perspectiva da Terra, a gravidade do objeto dobra a luz da estrela de fundo, focando-a como uma lente - fazendo assim com que a estrela pareça temporariamente mais brilhante se observada de um ângulo particular. Num artigo publicado online no início desta semana, David Bennett da Universidade de Notre Dame, no estado americano do Indiana, e colegas relatam que avistaram um evento de microlente em 2011, usando uma série de telescópios espalhados pelo mundo. Primeiro viram a luz da estrela distante ampliada 70 vezes. Uma hora depois surgiu um segundo aumento de brilho, embora menor que o primeiro. Isto sugere que um grande objeto passou em frente da estrela, seguido por outro menor. No entanto, não está claro que estes dois objetos sejam um planeta e a sua lua, dado que a equipe apresentou dois cenários possíveis que encaixam nos dados de microlente. Num deles, o par de objetos está relativamente perto do nosso Sistema Solar, a uma distância de mais ou menos 1.800 anos-luz, e consiste de um planeta com quatro vezes a massa de Júpiter e uma lua com cerca de metade da massa da Terra - e, portanto, muitas vezes mais massiva que a nossa própria Lua. A ser verdade, então a equipe descobriu a primeira lua extrasolar. No outro cenário, o par de objetos está muito mais longe e consiste de uma estrela muito pequena ou uma estrela falhada conhecida como anã marrom, com um planeta da massa de Netuno em órbita. Caso o cenário planeta-lua esteja correto, será diferente de tudo o já previsto por teóricos ou autores de ficção científica. De acordo com o modelo, para além de ser enorme, a exolua orbitaria a cerca de 20 milhões de quilômetros do seu planeta - uma distância enorme para os padrões do nosso Sistema Solar. A maior lua de Júpiter, Ganimedes, que é também a maior lua do Sistema Solar, está a cerca de 1 milhão de quilômetros do gigante gasoso - e tem apenas 2% da massa da Terra. Talvez o aspecto mais estranho de todos, a lua e o planeta não se encontram perto de quaisquer outros objetos, e estão definitivamente demasiado longe da estrela usada na detecção para a orbitarem. Isto sugere que foram expulsos do seu sistema estelar original. Os astrônomos já descobriram vários destes planetas sem estrelas, mas nunca um que fosse acompanhado por uma lua. É possível que o sistema planeta-lua tenha sido originalmente dois planetas expelidos de um sistema estelar duplo durante um acidente gravitacional. Um dos planetas poderá ter-se aproximado demasiado de uma das estrelas e sido arremessado para fora, e numa trajetória instável pode ter capturado outro planeta. "Quase que levanta a questão: será que devemos chamar 'luas' a estes objetos ou será que outro nome é mais apto," comenta Kipping. Será que algum dia ficaremos a saber se o cenário lua-planeta é o correto? Provavelmente não, porque não há nenhuma maneira de distinguir entre as duas soluções. Os eventos de microlente são orquestrados pela dança cósmica das estrelas e dos planetas, por isso provavelmente não teremos outra hipótese de observar novamente este sistema. No entanto, os autores afirmam que devemos estar atentos a outras oportunidades para detectar sistemas similares. Mesmo que os astrônomos nunca confirmem esta lua, é uma visão emocionante do que está por vir. As exoluas em sistemas planetários mais normais podem até suportar vida, de modo que a prioridade é encontrar um sistema planeta-lua que transita, ou passa em frente, da sua estrela. "Então, poderemos acompanhar os objetos e medir as suas atmosferas, tamanho, características orbitais," afirma Kipping. "Nas detecções de microlente, vemos apenas um instantâneo e não podemos realizar o tipo de caracterização detalhada que gostaríamos."

Fonte: Astronomia On-line

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