domingo, 26 de janeiro de 2014

Opportunity completa 10 anos: novos achados do antigo rover

Novas descobertas em amostras de rochas recolhidas e examinadas pelo rover Opportunity da NASA confirmaram um ambiente úmido passado, mais ameno e antigo que as condições ácidas e oxidantes que rochas examinadas anteriormente indicavam. Na edição desta semana da revista Science, Ray Arvidson, investigador adjunto do Opportunity e professor da Universidade de Washington em St. Louis, EUA, escreve em detalhe acerca das descobertas feitas pelo rover e como estas descobertas moldaram o nosso conhecimento do planeta. De acordo com Arvidson e outras pessoas da equipe, a última evidência do Opportunity constitui um ponto de referência. "Estas rochas são mais velhas do que todas as examinadas anteriormente na missão, e revelam condições mais favoráveis para a vida microbiana do que qualquer evidência estudada previamente pelo Opportunity," realça Arvidson. Enquanto a equipe do Opportunity celebra o 10.º aniversário do rover em Marte, também anseiam descobertas por vir e como uma melhor compreensão de Marte irá ajudar a avançar planos para missões humanas ao planeta na década de 2030. A missão original do Opportunity tinha uma duração planejada de apenas três meses. No dia do seu 10.º aniversário no Planeta Vermelho, o Opportunity examina a borda da Cratera Endeavour. Já percorreu 38,7 km desde que aterrou no dia 24 de Janeiro de 2004. Encontra-se praticamente do lado oposto do planeta em relação ao rover mais recente da NASA, o Curiosity. Para encontrar rochas para estudo, a equipe do rover no JPL da NASA em Pasadena, no estado americano da Califórnia, fez com que o rover andasse às voltas, estudando o terreno em busca de rochas promissoras numa área da borda da Endeavour chamada Matijevic Hill. A busca foi orientada por um instrumento de mapeamento mineral a bordo da sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) da NASA, que chegou a Marte em 2006, muito tempo depois do final originalmente esperado da missão do Opportunity. A partir de 2010, o instrumento de mapeamento, com o nome CRISM (Compact Reconnaissance Imaging Spectrometer for Mars), detectou evidências em Matijevic Hill de um mineral argiloso conhecido como esmectita rica em ferro. A equipe do Opportunity definiu como meta examinar este mineral no seu contexto natural - onde se encontra, como está situado em relação a outros minerais e as camadas geológicas da área - um método valioso para a recolha de mais informações acerca deste ambiente antigo. Os investigadores pensam que as condições úmidas que criaram a esmectita rica em ferro precederam a formação da Cratera Endeavour há cerca de 4 bilhões de anos atrás. "Quanto mais exploramos Marte, mais interessante se torna. Os achados mais recentes apresentam ainda outro tipo de 'presente' que por coincidência coincide com o 10.º aniversário do Opportunity em Marte," realça Michael Meyer, cientista-chefe do Programa de Exploração de Marte da NASA. "Estamos descobrindo mais lugares onde Marte revela um passado mais quente e molhado. Isso dá-nos um maior incentivo para continuar a procurar evidências de vida passada em Marte." O Opportunity não sofreu muitas mudanças no estado de saúde ao longo do último ano e o veículo permanece um parceiro de pesquisa capaz para a equipe de cientistas e engenheiros que planeiam as atividades diárias do rover. "Estamos esta semana a olhar para o legado da primeira década do Opportunity, mas há mais coisas boas pela frente," realça Steve Squyres, da Universidade de Cornell em Ithaca, Nova Iorque, investigador principal da missão. "Estamos a examinar uma rocha mesmo em frente do rover que é diferente de tudo o que já vimos antes. Marte continua a surpreender-nos, tal como na primeira semana da missão." O gêmeo do Opportunity, Spirit, que trabalhou durante seis anos, e o seu sucessor, Curiosity, também contribuíram com valiosas informações acerca dos diversos ambientes úmidos do passado de Marte, desde fontes termais até cursos de água. As sondas marcianas em órbita, a Odyssey e a MRO, estudam todo o planeta e ajudam os rovers. "Ao longo da última década, os rovers fizeram do Planeta Vermelho o nosso local de trabalho, o nosso bairro," comenta John Callas. "A longevidade e as distâncias percorridas são notáveis. Mas ainda mais importante são as descobertas e a geração que estão inspirar."

Créditos: Astronomia On-line

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