sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Kepler descobre um planeta muito oscilante

Imagine viver num planeta com estações tão erráticas que dificilmente conseguíamos saber o que vestir, se calções ou casaco. É o que se passa num estranho mundo descoberto pelo telescópio espacial Kepler da NASA. O planeta, designado Kepler-413b, precessa (ou oscila) descontroladamente no seu eixo de rotação. A inclinação do eixo de rotação do planeta pode variar até 30 graus ao longo de 11 anos, levando a mudanças rápidas e irregulares nas estações. Em contraste, a precessão da Terra é de 23,5 graus ao longo de mais de 26.000 anos. Os investigadores estão espantados que este planeta distante precesse numa escala de tempo humana. Kepler-413b está localizado a 2.300 anos-luz de distância na direção da constelação de Cisne. Orbita um par de anãs laranja e vermelha a cada 66 dias. A órbita do planeta em torno do sistema binário também parece oscilar, porque o plano da sua órbita está inclinado 2,5 graus em relação ao plano da órbita do par estelar. Vista a partir da Terra, a órbita oscilante move-se para cima e para baixo continuamente. O Kepler descobre planetas ao examinar diminuições de brilho numa estrela ou estrelas quando um planeta transita, ou passa em frente delas. Normalmente, os trânsitos planetários funcionam como um relógio. Os astrônomos descobriram a oscilação quando descobriram um padrão invulgar no trânsito de Kepler-413b. "Olhando para os dados do Kepler ao longo de 1.500 dias, vimos três trânsitos nos primeiros 180 dias - um trânsito a cada 66 dias - e depois tivemos 800 dias sem trânsitos. Seguidamente, vimos mais cinco trânsitos," realça Veselin Kostov, investigador principal da observação. Kostov está ligado ao STScI (Space Telescope Science Institute) e à Universidade Johns Hopkins em Baltimore, no estado americano de Maryland. O próximo trânsito visível a partir da perspectiva da Terra só está previsto para 2020. Isto porque a órbita move-se para cima e para baixo, um resultado da oscilação que faz com que por vezes não transite as estrelas quando visto da Terra. Os astrônomos estão ainda tentando explicar o porquê deste planeta estar desalinhado com as suas estrelas. Podem existir outros corpos planetários no sistema que inclinaram a órbita. Ou pode até existir uma terceira estrela vizinha, uma companheira visual que está ligada gravitacionalmente ao sistema e que exerce influência sobre ele. "Presumivelmente, existem por aí planetas como este que não vemos porque encontramo-nos num período desfavorável," realça Peter McCullough, membro da equipe, também do STScI e da Universidade Johns Hopkins. "E isso é uma das coisas que Veselin investiga: será que existe uma maioria silenciosa que não estamos vendo?" Mesmo com as suas mudanças de estação, Kepler-413b é demasiado quente para a vida como a conhecemos. Dado que orbita muito perto das estrelas, as suas temperaturas são demasiado elevadas para a água existir no estado líquido à sua superfície, o que o torna inabitável. É também um "super Netuno" - um gigante gasoso com uma massa cerca de 65 vezes superior à da Terra - portanto, não existe uma superfície que a possa suportar.

Créditos: Astronomia On-line

Nenhum comentário:

Postar um comentário