sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Astrônomos da Austrália buscam pistas sobre primeiras estrelas do Universo

Muitos mistérios ainda circundam os primórdios do Universo — e por isso mesmo os 3 bilhões de anos seguintes ao Big Bang são apelidados de "Era das Trevas Espacial". Entretanto, uma equipe de astrônomos da Austrália quer mudar essa situação — e já entrou em ação.
Os especialistas estão procurando pistas sobre um estranho sinal que viaja pelo universo há pelo menos 12 bilhões de anos. Para eles, o fenômeno pode aumentar a compreensão sobre a vida e a morte das estrelas mais antigas que já existiram.
Em um artigo que será publicado no Astrophysical Journal, o grupo relata algumas descobertas feitas graças aos dados coletados pelo Murchison Widefield Array (MWA). O equipamento é uma coleção de 4096 antenas instaladas no interior da Austrália Ocidental.
Segundo os especialistas, o observatório foi projetado em 2013 com o objetivo de estudar a chamada "época da reionização" (EoR), que é justamente o período em que as primeiras estrelas se formaram. "Definir a evolução da EoR é extremamente importante para a nossa compreensão da astrofísica e cosmologia", explicou Nichole Barry, líder das pesquisas, em comunicado.
Cerca de 380 mil anos após o Big Bang, o Universo esfriou o suficiente para que os prótons e elétrons formassem átomos de hidrogênio neutro — que, eventualmente, se reuniram em nuvens e formaram estrelas. A luz emitida por esses astros era tão intensa que provocou a ionização da substância, que a fez irradiar a um comprimento de onda de 21 centímetros.
Esse sinal existe até hoje, mas cresceu com a expansão do universo: tem cerca de 2 metros. "O sinal que procuramos tem mais de 12 bilhões de anos. É excepcionalmente fraco e há muitas outras galáxias entre ele e nós que atrapalham e dificultam a extração das informações que buscamos", disse Cathryn Trott, que fez parte do estudo.
Contudo, graças ao MWA, os australianos conseguiram explorar novas técnicas e refinar a análise, excluindo fontes de contaminação do sinal captado e incluindo interferência ultrafraca gerada por transmissões de rádio na Terra. "Não podemos realmente dizer que esse artigo nos aproxima mais de datar com precisão o início ou o fim da EoR, mas exclui alguns dos modelos mais extremos", apontou Trott.
Mesmo assim, os astrônomos estão empolgados com os resultados obtidos e pretendem continuar estudando. “Temos cerca de 3 mil horas de dados da MWA”, contou Barry. "Nossa abordagem nos permitirá identificar quais bits [de informação] são mais promissores e analisá-los melhor do que jamais poderíamos antes."

Créditos: Galileu

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