Até o presente estudo, da Universidade de Aberdeen, as estimativas sobre o número de planetas habitáveis eram baseadas na probabilidade de que houvesse água na superfície desses lugares. O simulador, baseado em um modelo científico, permite, no entanto, que os pesquisadores identifiquem planetas com água subterrânea mantida em forma líquida, por calor gerado pelo próprio planeta. O estudo foi apresentado durante o British Science Festival, em Aberdeen. Entre astrônomos, a teoria era a de que, para possuir água em forma líquida (estado que favorece a formação de vida), o planeta tinha de estar a certa distância de seu sol - na chamada zona habitável. Isso porque planetas muito próximos de seu sol perdem a água da superfície por meio da evaporação. Já a água presente na superfície de planetas que orbitam regiões mais distantes - e, portanto, mais frias - transforma-se em gelo. Sean McMahon, responsável pelo projeto, diz que entre os pesquisadores o conceito de zona habitável (também chamado de Goldilocks Zone), aumenta a sensação de que essa teoria é simples demais. "Tradicionalmente, as pessoas dizem que se um planeta está nessa Goldilocks Zone - nem tão quente nem tão frio - pode conter água líquida em sua superfície e ser um planeta habitável", diz. McMahon lembra, no entanto, que um planeta é aquecido por duas fontes de calor - calor direto da estrela (energia solar) e calor gerado nas profundezas do próprio planeta, chamado de calor interno. Quanto mais longe um planeta está de seu sol, menos energia ele recebe e a água em sua superfície congela. Conforme a distância aumenta, a água subterrânea também começa a congelar. Mas se o planeta é grande o suficiente e produz calor interno suficiente, poderia ainda manter reservatórios profundos de água líquida capazes de sustentar a vida, não importa quão longe ele estiver do sol. O cientista John Parnell, da Universidade de Aberdeen, que também está liderando o estudo, disse que "há um habitat significativo para microrganismo abaixo da superfície da Terra, estendendo-se por muitos quilômetros abaixo". "E alguns acreditam que a maior parte da vida da Terra poderia até mesmo residir nessa biosfera profunda", ressalta. O simulador desenvolvido na Escócia quer apontar, justamente, os planetas distantes que possuem tais reservatórios subterrâneos de água líquida com a possibilidade de desenvolver vida alienígena. "Se você levar em conta a possibilidade de biosferas profundas, então terá um problema em tentar relacionar isso com a idéia de que uma zona habitável é definida somente por algumas condições encontradas na superfície", disse McMahon ao explicar a lógica. McMahon acredita que mesmo se um planeta estiver tão distante da estrela a ponto de receber quase nenhum calor solar, ele ainda poderia manter água líquida no subterrâneo. Por isso mesmo o cientista é otimista em relação aos frutos do experimento. "Veremos muitos outros planetas (habitáveis)", diz.
Créditos: Terra
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