segunda-feira, 29 de abril de 2019

Anãs marrons podem não ser estrelas, mas superplanetas

As anãs marrons sempre estiveram na fronteira entre as estrelas de pleno direito e os muito menores planetas, embora o modo como elas se originam ainda esteja por ser totalmente compreendido.
Sua massa típica - as anãs marrons são pelo menos 13 vezes mais pesadas do que o planeta Júpiter - é suficiente para gerar energia em seu núcleo através da fusão nuclear - ao menos temporariamente. Elas não são suficientemente maciças, no entanto, para inflamar o hidrogênio em seus núcleos e, assim, criar sua própria luz.
Assim, por décadas tem permanecido a pergunta: as anãs marrons são estrelas que "falharam" ou são meramente superplanetas?
Astrônomos da Universidade Heidelberg, na Alemanha, acreditam ter encontrado a resposta.
Eles usaram telescópios nos EUA, Chile e Japão para observar a Rho Ofiúco, na constelação do Serpentário, analisando variações na velocidade radial dessa estrela/planeta ao longo de 11 anos.
Os dados mostraram um padrão similar ao causado por planetas que orbitam uma estrela ou por estrelas binárias, ambas situações bastante comuns.
Uma análise mais detalhada, contudo, revelou algo extraordinário: a Rho Ofiúco está sendo orbitada por duas anãs marrons, com períodos orbitais de 530 e 3.185 dias, o que coloca o sistema em uma ressonância 6:1. Assim, a anã marrom mais próxima da Rho Ofiúco orbita sua "estrela" exatamente seis vezes enquanto a outra, mais distante, completa apenas uma órbita.
Isto é uma forte indicação de que as anãs marrons podem não se desenvolver como estrelas ordinárias, em uma nuvem interestelar, mas se formarem no chamado disco protoplanetário de gás e poeira que circunda uma estrela na primeira fase de sua formação.
Em outras palavras, as anãs marrons estão muito mais para planetas quentes do que para estrelas frias.
Mas será necessário esperar novas observações para confirmar isto, já que este "sistema superplanetário" é o primeiro desse tipo a ser observado e estudado em detalhes. Os pesquisadores alemães afirmam esperar que outras descobertas similares possam no futuro permitir esclarecer quantas das estrelas "fracassadas" são na verdade irmãs mais pesadas de planetas como Júpiter e Saturno.
    Créditos: Inovação Tecnológica

    Epsilon Aurigae: o mistério da estrela eclipsante foi finalmente elucidado

    Finalmente o mistério foi revelado. Em artigo na revista Nature, em 08 de abril de 2010, os cientistas nos contam o segredo do sistema eclipsante Epsilon Aurigae, que há décadas intriga os astrônomos.
    Agora, novas imagens revelam duas estranhas estrelas eclipsantes, ou seja, um sistema onde uma estrela passa em frente da outra bloqueando periodicamente a sua luz total (sob a perspectiva da Terra).
    O par binário (agora sabemos que se trata de um par de estrelas), cujo nome é Epsilon Aurigae, passa por um eclipse a cada 27 anos. Finalmente, pela primeira vez, os cientistas observaram o trânsito da sua escura companheira obscurecendo a luz da estrela principal.
    Desde o século XIX os astrônomos têm observado esta variação no brilho no sistema Epsilon Aurigae. Com o passar do tempo, notaram que a estrela visível parece mais tênue do que deveria ser, considerando sua massa e idade, e que o seu brilho diminui sobremaneira durante cerca de um ano a cada 27 anos. Este misterioso sistema reside a cerca de 2.000 anos-luz da Terra.
    Os cientistas especulavam que a estrela principal brilhante possivelmente era orbitada por um objeto poeirento que bloqueava sua luz. Agora observações diretas confirmaram este cenário.
    O principal autor da pesquisa, John Monnier, astrônomo da Universidade do Michigan, exclamou: “Ver é crer!”.
    Os astrônomos também se questionavam sobre as razões desta suposta desta companheira estelar ter sido tão esquiva da detecção. A explicação sugerida indica a presença de uma tênue estrela com uma densa nuvem de poeira cósmica ao seu redor, na direção entre a Terra e a mesma, obscurecendo sua luz. Para isto ocorra e seja verificado o alinhamento da nuvem de poeira, da companheira obscura, da estrela principal e da Terra tem que se apresentar em uma configuração ideal, raríssima.
    Agora tivemos a confirmação desta hipótese: “Isto nos mostra efetivamente que o paradigma básico era verdadeiro, apesar da baixa probabilidade de ocorrer na prática”, ressaltou Monnier. “É simplesmente espetacular termos obtido sucesso em capturar isto. Não há outro sistema como este, já observado. E ainda por cima, este sistema parece estar em uma fase rara (e transitória) de sua vida estelar. Ele está muito perto de nós. Nós tivemos muita sorte.”
    Os astrônomos conseguiram êxito em suas observações graças ao dispositivo MIRC (Michigan Infra-Red Combiner) que combinou a luz capturada pelos quatro telescópios da rede CHARA da Universidade Estatal da Geórgia. O efeito final deste sistema é um telescópio virtual, com capacidade muito maior que o resultado individual de cada um dos seus quatro telescópios constituintes. Este processo é conhecido como interferometria.

    Créditos: AstroPT

    Fungos potencialmente perigosos estão vivendo nas nossas naves espaciais

    A aventura humana pelo espaço está só começando – para falar a verdade, mal saímos do nosso quintal. Mesmo assim, os passos que estamos dando lá fora já estão causando mudanças no ambiente espacial. Uma pesquisa acaba de descobrir que fungos potencialmente perigosos estão vivendo em estações espaciais e espaçonaves no momento, levados para lá provavelmente de carona no corpo dos astronautas. A questão é que não temos idéia se eles são prejudiciais para os seres humanos.
    O estudo, publicado em 11 de abril na revista Astrobiology, faz um compilado do que os cientistas sabem (e não sabem) sobre as micotoxinas – compostos fúngicos que podem prejudicar os seres humanos – no espaço. A Terra está repleta de seres microscópicos, como bactérias e fungos unicelulares. Portanto, não é de surpreender que esses companheiros constantes tenham conseguido pegar carona com os humanos a bordo da Estação Espacial Internacional e de outras naves espaciais.
    Embora os cientistas tenham feito uma boa quantidade de pesquisas sobre bactérias no espaço, os fungos continuam relativamente pouco estudados. Parte da razão é que esses primos microbianos dos cogumelos normalmente causam problemas de saúde apenas em pessoas que vivem sob condições estressantes ou que têm sistemas imunológicos severamente comprometidos.
    A questão é que estas condições estão presentes no espaço. O estresse prolongado do voo espacial mostrou afetar o sistema imunológico dos astronautas. Este fato fez com que uma equipe da Universidade de Ghent, na Bélgica, decidisse pesquisar como os fungos podem afetar a saúde dos astronautas. Em uma revisão da literatura científica, o pouco que surgiu foi principalmente relacionado à detecção de diferentes espécies de fungos. As micotoxinas, entretanto, continuam um mistério. “Sobre as micotoxinas não encontramos quase nada”, disse Sarah de Saeger, cientista farmacêutica da Universidade de Ghent e co-autora do novo artigo, em entrevista ao portal Live Science.
    Isso é problemático porque os fungos específicos que foram encontrados em naves espaciais, como o Aspergillus flavus e membros do gênero Alternaria, são conhecidos por produzir compostos carcinogênicos e imunodepressivos, disse ela, e essas moléculas geralmente se formam quando os fungos são estressados – se o espaço é um ambiente estressante para os seres humanos, também pode ser estressante para os fungos. Ela acrescenta que ainda não se sabe se os astronautas estão sendo afetados por essas toxinas.
    O portal Daily Mail, em matéria a respeito do tema, usou o exemplo de uma mulher britânica que teve problemas com este mesmo tipo de ser vivo aqui na Terra. “Uma mulher britânica que viveu com ‘mofo preto’ em seu banheiro por um ano diz que a presença de micotoxina causou anos de exaustão, perda de memória e perda de cabelo. Emma Marshall, 29 anos, de Hackney, descreveu sintomas de ‘nevoeiro cerebral’, dores de cabeça e erupções cutâneas que tomaram conta e ‘sugaram a vida dela’.
    Isto representa um problema para os futuros astronautas, uma vez que se sabe que as viagens espaciais de longa duração aumentam os níveis de estresse e diminuem a resposta imunitária dos astronautas.”
    A equipe de De Saeger recomenda que as agências espaciais realizem um melhor trabalho na detecção e pesquisa de micotoxinas em espaçonaves. Eles sugerem que novos métodos devem ser desenvolvidos para monitorar as superfícies e atmosferas de espaçonaves. Atualmente, a maioria das detecções de fungos é feita enviando amostras de volta aos laboratórios da Terra, mas isso não será possível para missões de longa duração, como um voo tripulado para Marte.
    De Saeger salientou que a presença de micotoxinas não significa necessariamente perigo para os astronautas. Aqui na Terra, as pessoas são frequentemente expostas a estes compostos, mas a sua contribuição específica para diferentes doenças nem sempre é fácil de rastrear. Por outro lado, ninguém sabe como os fungos podem crescer e evoluir no ambiente fechado de uma missão espacial duradoura.
    “Acredito que a maior mensagem é que os fungos e as bactérias são parte integrante dos corpos humanos. Onde quer que vamos, fungos e bactérias seguirão”,salienta Adriana Blachowicz, que investigou fungos na Estação Espacial Internacional, mas não participou do estudo recente. As bactérias têm se mostrado mais virulentas no espaço, e por isso há alguma preocupação de que os fungos também possam ser, acrescenta.

    Créditos: Hypescience

    sexta-feira, 26 de abril de 2019

    Átomo detectado por cientistas pode ter um trilhão de vezes a idade do universo



    Um grupo de pesquisadores na Itália está tentando detectar matéria escura. É uma tarefa difícil, já que a matéria escura não é um dos maiores mistérios da física por acaso. Ela não interage com nada além da gravidade, e apenas sabemos da sua existência inferindo que tem alguma coisa lá durante estas interações.
    Até agora, eles não conseguiram detectar matéria escura, mas enquanto eles não encontram seu objetivo principal, outras coisas estão aparecendo pelo caminho, e uma das mais incríveis acaba de ser medida. De acordo com um novo estudo publicado nesta semana na revista Nature, a equipe de mais de 100 pesquisadores mediu uma das interações mais raras já vistas: pela primeira vez, a decadência de um átomo de xenônio-124 em um átomo de telúrio foi vista em laboratório, através de um processo extremamente raro chamado captura de elétrons duplos de dois neutrinos.
    “Nós realmente vimos esse decaimento acontecer. É o processo mais longo e mais lento que já foi observado diretamente, e nosso detector de matéria escura era sensível o suficiente para medi-lo. É incrível ter testemunhado esse processo e diz que nosso detector pode medir a coisa mais rara já registrada”, anima-se Ethan Brown, professor assistente de física no Instituto Politécnico Rensselaer, nos EUA, e co-autor do estudo, em entrevista ao portal Phys.
    Esse tipo de decaimento radioativo ocorre quando o núcleo de um átomo absorve dois elétrons de sua camada externa de elétrons simultaneamente, liberando uma dose dupla de partículas fantasmas chamadas neutrinos. Medindo este decaimento único em um laboratório pela primeira vez, os pesquisadores foram capazes de provar precisamente quão rara é a reação e quanto tempo leva para o xenônio-124 decair. A meia-vida do xenônio-124 – ou seja, o tempo médio necessário para um grupo de átomos de xenônio-124 diminuir pela metade – é de cerca de 18 sextiliões de anos (1,8 x 10 ^ 22 anos), aproximadamente um trilhão de vezes a idade do universo.
    A experiência marca a meia-vida mais longa já medida diretamente em um laboratório. Apenas um processo de decaimento nuclear no universo tem uma meia-vida mais longa: o decaimento do telúrio-128, que tem uma meia-vida mais de 100 vezes maior que a do xenônio-124 – esse evento extremamente raro, entretanto, foi calculado apenas no papel, sendo jamais visto em laboratório.
    “Dito de outro modo, se você tivesse 100 átomos de xenônio-124 quando os dinossauros foram extintos, 65 milhões de anos atrás, estatisticamente falando, todos os 100 deles ainda estariam aqui hoje”, compara Christian Wittweg, doutorando da Universidade de Münster, na Alemanha, que trabalhou com a chamada colaboração Xenon por meia década, em entrevista ao Live Science.
    Assim como as formas mais comuns de decaimento radioativo, a captura de dois elétrons com dois neutrinos ocorre quando um átomo perde energia à medida que a proporção de prótons e nêutrons no núcleo atômico muda. No entanto, o processo é muito mais exigente do que os modos de decaimento mais comuns e depende de uma série de “coincidências gigantescas”, segundo Wittweg.
    Coincidência ou não, uma destas características necessárias faz parte do projeto italiano: um grande tanque de metal cheio de 3,5 toneladas de xenônio líquido puro. Este gás nobre é uma das substâncias mais limpas e à prova de radiação da Terra, tornando-se um alvo ideal para capturar algumas das mais raras interações de partículas do universo.
    Ter toneladas de átomos de xenônio para trabalhar fez com que as chances dessas coincidências fossem muito mais prováveis.
    Todos os átomos de xenônio-124 são cercados por 54 elétrons, girando em invólucros nebulosos ao redor do núcleo. A captura de dois elétrons com dois neutrinos ocorre quando dois desses elétrons, em camadas próximas ao núcleo, migram simultaneamente para o núcleo, colidindo com um próton cada e convertendo esses prótons em nêutrons. Como subproduto dessa conversão, o núcleo expele dois neutrinos, partículas subatômicas indescritíveis sem carga e praticamente nenhuma massa que quase nunca interagem com nada.
    Esses neutrinos voam para o espaço e os cientistas não podem medi-los a menos que usem equipamentos extremamente sensíveis. Para provar que um evento de captura de dois elétrons de dois neutrinos ocorreu, os pesquisadores do projeto Xenon, em vez disso, olharam para os espaços vazios deixados para trás no átomo em decomposição.
    “Depois que os elétrons são capturados pelo núcleo, restam duas vagas na camada atômica. Essas vagas estão cheias de conchas mais altas, o que cria uma cascata de elétrons e raios-X”, explica Wittweg.
    Esses raios X depositam energia no detector, que os pesquisadores podem ver claramente em seus dados experimentais. Após um ano de observações, a equipe detectou cerca de 100 ocorrências de átomos de xenônio-124 decaindo dessa forma, fornecendo a primeira evidência direta do processo.
    Essa nova detecção do segundo processo de decaimento mais raro no universo não coloca a equipe Xenon mais perto de encontrar matéria escura, mas prova a versatilidade do detector. O próximo passo nos experimentos da equipe envolve a construção de um tanque de xenônio ainda maior – capaz de armazenar mais de 8,8 toneladas de líquido – para oferecer ainda mais oportunidades de detectar interações raras.

    Créditos: Hypescience

    Marte treme: Detectado primeiro sinal de um martemoto

    A sonda espacial Mars InSight, da NASA, registrou pela primeira vez um provável "martemoto", um terremoto em Marte.
    O fraco sinal sísmico, detectado pelo instrumento SEIS (Experimento Sísmico para Estrutura Interior), foi registrado no dia 6 de abril, correspondente ao 128º dia da sonda em Marte.
    Este é o primeiro tremor registrado que parece ter vindo de dentro do planeta, em oposição a ser causado por forças acima da superfície, como o vento.
    Os cientistas ainda estão examinando os dados para determinar a causa exata do sinal - um impacto de meteorito ainda não pode ser descartado.
    Os dados registram simultaneamente três ruídos: O barulho do vento marciano, o evento propriamente dito do provável martemoto, e o braço robótico da sonda conforme ele se move para tirar fotos.
    "Estávamos coletando ruído de fundo até agora, mas este primeiro evento oficialmente dá início a um novo campo: a sismologia marciana!", entusiasma-se Bruce Banerdt, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA (JPL).
    O provável evento sísmico ainda é fraco demais para fornecer dados sólidos sobre o interior marciano - que Marte ainda é sismicamente ativo - que é um dos principais objetivos da InSight.
    A superfície marciana é extremamente silenciosa, permitindo que o sismômetro da sonda capte ruídos mínimos. Em contraste, a superfície da Terra está tremendo constantemente devido ao ruído sísmico criado pelos oceanos e pelo clima.
    Para comparação, um evento da magnitude deste que agora foi detectado em Marte, se ocorresse no sul da Califórnia, por exemplo, estaria perdido entre dezenas de crepitações minúsculas que acontecem todos os dias naquela região geologicamente muito ativa.

    Créditos: Inovação Tecnológica

    terça-feira, 23 de abril de 2019

    Cassini revela surpresas nos lagos de Titã

    No seu último "flyby" pela maior lua de Saturno em 2017, a sonda Cassini da NASA recolheu dados de radar que revelaram que os pequenos lagos líquidos no hemisfério norte de Titã são surpreendentemente profundos, empoeirados no topo de colinas e repletos de metano.
    Os novos achados, publicados na edição de 15 de abril da revista Nature Astronomy, são a primeira confirmação de quão profundos são alguns dos lagos de Titã (mais de 100 metros) e da sua composição. Fornecem novas informações sobre a forma como o metano líquido chove, evapora e se infiltra em Titã - o único corpo planetário no nosso Sistema Solar, além da Terra, conhecido por ter líquido estável à sua superfície.
    Os cientistas sabem que o ciclo hidrológico de Titã funciona de maneira semelhante ao da Terra - com uma grande diferença. Em vez de ser água a evaporar-se dos mares, formando nuvens e chuva, Titã faz com metano e etano. Nós tendemos a pensar nestes hidrocarbonetos como gases na Terra, a menos que sejam pressurizados num tanque. Mas a lua Titã é tão fria que aqui estes elementos comportam-se como líquidos, como gasolina à temperatura ambiente no nosso planeta.
    Os cientistas sabiam que os mares do Norte, muito maiores, estão repletos de metano, mas descobrir que os lagos menores pequenos são compostos principalmente por metano foi uma surpresa. Anteriormente, os dados da Cassini mediram Ontario Lacus, o único grande lago no hemisfério sul de Titã. Lá, encontraram uma mistura aproximadamente igual de metano e etano. O etano é um pouco mais pesado do que o metano, com mais átomos de carbono e hidrogênio na sua composição.
    "De cada vez que fazemos descobertas em Titã, Titã torna-se mais misterioso," comenta o autor principal Marco Mastrogiuseppe, cientista de radar do Caltech em Pasadena, no estado norte-americano da Califórnia. "Mas estas novas medições ajudam a dar resposta a algumas questões-chave. Agora, podemos entender melhor a hidrologia de Titã."
    Acrescentando às excentricidades de Titã, com as suas características parecidas às da Terra esculpidas por materiais exóticos, está o fato de que a hidrologia de um lado do hemisfério norte é completamente diferente da do outro lado, disse o cientista da Cassini e coautor Jonathan Lunine da Universidade de Cornell em Ithaca, Nova Iorque.
    "É como se olhássemos, a partir de órbita, para o Pólo Norte da Terra e pudéssemos ver que a América do Norte tinha um cenário geológico completamente diferente para corpos líquidos do que a Ásia," explicou Lunine.
    No lado leste de Titã, existem grandes mares com baixa elevação, desfiladeiros e ilhas. No lado oeste: lagos pequenos. E as novas medições mostram lagos empoeirados no topo de grandes colinas e planaltos. As novas medições de radar confirmam as descobertas anteriores de que os lagos estão muito acima do nível do mar, mas evocam uma nova imagem de formações terrestres - como mesas ou morros - centenas de metros acima da paisagem circundante, com lagos líquidos profundos no topo.
    O fato destes lagos ocidentais serem pequenos - com apenas dezenas de quilômetros de largura -, mas muito profundos, também diz aos cientistas algo novo sobre a sua geologia: é a melhor evidência, até agora, de que provavelmente formaram-se quando o substrato rochoso e circundante de gelo e compostos orgânicos se dissolveu e colapsou. Na Terra, lagos de água idênticos são conhecidos como lagos cársicos. Situados em áreas como na Alemanha, na Croácia e nos Estados Unidos, formam-se quando a água dissolve rocha calcária.
    Juntamente com a investigação de lagos profundos, um segundo artigo na Nature Astronomy ajuda a desvendar mais do mistério que é o ciclo hidrológico de Titã. Investigadores usaram dados da Cassini para revelar o que chamam de lagos transientes. Conjuntos diferentes de observações - de dados de radar a dados infravermelhos - parecem mostrar que os níveis de líquido mudaram significativamente.
    A melhor explicação é que houve algumas mudanças sazonais nos líquidos à superfície, disse a autora principal Shannon MacKenzie, cientista planetária do Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins em Laurel, Maryland, EUA. "Uma possibilidade é que essas características transitórias podem ter sido corpos líquidos mais rasos que, ao longo da estação, evaporaram e se infiltraram no subsolo," realçou.
    Estes resultados e as descobertas presentes no artigo da Nature Astronomy sobre os lagos profundos de Titã apoiam a idéia de que a chuva de hidrocarbonetos alimenta os lagos, que então podem evaporar de volta para a atmosfera ou drenar para o subsolo, deixando reservatórios de líquido armazenados por baixo.
    A Cassini, que chegou ao sistema de Saturno em 2004 e que terminou a sua missão em 2017 quando mergulhou deliberadamente na atmosfera do planeta gigante, mapeou mais de 1,6 milhões de quilômetros quadrados de lagos e mares à superfície de Titã. Vê-lo com o seu instrumento de radar, que enviou ondas de rádio e recolheu um sinal de retorno (ou eco) que forneceu informações sobre o terreno e sobre a profundidade e composição dos corpos líquidos, juntamente com dois sistemas de imagem que podiam penetrar através da espessa neblina atmosférica da lua.
    Os dados cruciais para a nova investigação foram recolhidos durante a última passagem rasante por Titã, no dia 22 de abril de 2017. Foi o último olhar da missão para os lagos menores da lua, que a equipe aproveitou ao máximo. A recolha dos ecos a partir das superfícies dos lagos pequenos, enquanto a Cassini passava por Titã, foi um desafio único.
    "Este foi o último grande feito ousado da Cassini em Titã," concluiu Lunine.

    Créditos: Astronomia On-line

    TESS descobre o seu primeiro planeta do tamanho da Terra

    O satélite TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite) da NASA descobriu o seu primeiro exoplaneta do tamanho da Terra. Com o nome HD 21749c, é o menor mundo para lá do nosso Sistema Solar já identificado pela missão TESS.
    Num artigo publicado na revista The Astrophysical Journal Letters, uma equipe de astrônomos liderada pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) relata que o novo planeta orbita a estrela HD 21749 - uma estrela muito próxima, a apenas 52 anos-luz da Terra. A estrela também hospeda um segundo planeta - HD 21749b - um "sub-Netuno" quente com uma órbita mais longa de 36 dias, que a equipe relatou anteriormente e agora divulga em mais detalhe no presente artigo científico.
    O novo planeta do tamanho da Terra é provavelmente um mundo rochoso, porém inabitável, pois orbita a sua estrela em apenas 7,8 dias - uma órbita relativamente íntima que daria ao planeta temperaturas superficiais na ordem dos 427º C.
    A descoberta deste mundo do tamanho da Terra, no entanto, é excitante, pois demonstra a capacidade do TESS em encontrar planetas pequenos em redor de estrelas próximas. No futuro próximo, a equipe do TESS espera que o satélite revele planetas ainda mais frios, com condições mais adequadas para abrigar vida.
    "Para as estrelas que estão muito próximas e que são muito brilhantes, esperávamos encontrar até duas dúzias de planetas do tamanho da Terra," diz Diana Dragomir, autora principal e membro do TESS, pós-doc no Instituto Kavli de Astrofísica e Pesquisa Espacial do MIT. "E aqui estamos - este seria o nosso primeiro e é um marco para o TESS. Define o caminho para encontrar planetas mais pequenos em torno de estrelas ainda mais pequenas, e esses planetas podem ser, potencialmente, habitáveis."
    O TESS caça planetas para lá do nosso Sistema Solar desde o seu lançamento a 18 de abril de 2018. O satélite foi projetado para observar quase todo o céu em sectores que se sobrepõem mês a mês enquanto orbita a Terra. À medida que circula o nosso próprio planeta, o TESS concentra as suas quatro câmaras no céu a fim de monitorizar as estrelas mais próximas e brilhantes, procurando quedas periódicas na luz estelar que possam indicar a presença de um exoplaneta enquanto este passa em frente da sua estrela hospedeira.
    Ao longo da sua missão de dois anos, o TESS visa identificar, para a comunidade científica, pelo menos 50 planetas pequenos e rochosos, juntamente com estimativas das suas massas. Até à data, a missão descobriu 10 planetas mais pequenos que Netuno, quatro dos quais tiveram a sua massa estimada, incluindo π Men b, um planeta com o dobro da tamanho da Terra e com uma órbita de seis dias em torno da sua estrela; LHS 3844b, um mundo quente e rochoso ligeiramente maior que a Terra e que orbita a sua estrela-mãe em apenas 11 horas; e TOI 125b e c - dois "sub-Netunos" que orbitam a mesma estrela, ambos com um período de translação de aproximadamente uma semana. Todos estes quatro planetas foram identificados a partir de dados obtidos durante os dois primeiros sectores de observação do TESS - uma boa indicação, escreve a equipa no seu artigo, de que "podem ser encontrados muitos mais."
    Dragomir selecionou este recém-descoberto planeta do tamanho da Terra a partir dos primeiros quatro sectores de observações do TESS. Quando ficaram disponíveis, sob a forma de curvas de luz, ou intensidades da luz estelar, colocou-os num software que procura sinais periódicos interessantes. O software identificou pela primeira vez um possível trânsito que a equipa posteriormente confirmou como o quente sub-Netuno que anunciaram no início deste ano.
    Como é normalmente o caso para planetas pequenos, onde há um, é provável que existam mais, e Dragomir e colegas decidiram vasculhar novamente as mesmas observações para ver se conseguiam localizar outros mundos pequenos escondidos nos dados.
    "Sabemos que estes planetas geralmente vêm em famílias," explica Dragomir. "De modo que estudámos os dados novamente e este sinal pequeno 'veio ao de cima'."
    A equipe identificou uma pequena queda na luz de HD 21749 que ocorria a cada 7,8 dias. Por fim, os investigadores identificaram 11 destes mergulhos periódicos, ou trânsitos, e determinaram que a luz da estrela estava a ser momentaneamente bloqueada por um planeta do tamanho da Terra.
    Embora este seja o primeiro planeta do tamanho da Terra descoberto pelo TESS, já foram descobertos exoplanetas de tamanho idêntico, principalmente pelo Telescópio Espacial Kepler da NASA, um telescópio já reformado que monitorizou mais de 530.000 estrelas. No final, a missão Kepler detetou 2662 planetas, muitos dos quais eram do tamanho da Terra, e um punhado desses encontram-se na zona habitável da sua estrela - onde um equilíbrio de condições favorece a presença de vida.
    No entanto, o Kepler observou estrelas muito mais distantes do que aquelas monitorizadas pelo TESS. Portanto, Dragomir diz que o acompanhamento de qualquer um dos longínquos planetas do Kepler, do tamanho da Terra, será muito mais complexo do que o estudo de planetas em órbita de estrelas muito mais próximas e brilhantes, que o TESS está a estudar.
    "Dado que o TESS monitoriza estrelas muito mais próximas e brilhantes, podemos medir a massa deste planeta num futuro muito próximo, enquanto que para planetas do tamanho da Terra descobertos pelo Kepler, isso estava fora de questão," acrescenta Dragomir. "Esta nova descoberta pelo TESS pode levar à primeira medição da massa de um planeta do tamanho da Terra. E estamos entusiasmados com esse valor. Será um valor parecido com o da Terra? Ou mais pesado? Não sabemos."

    Créditos: Astronomia On-line

    terça-feira, 16 de abril de 2019

    Curiosity "prova" primeira amostra em "unidade argilosa"

    Os cientistas que trabalham com o rover Curiosity da NASA estão empolgados por explorar uma região chamada "unidade argilosa" até desde antes do lançamento do rover. Agora, o veículo finalmente "provou" a sua primeira amostra desta parte do Monte Sharp. O Curiosity perfurou um pedaço de rocha apelidado de "Aberlady" no sábado, dia 6 de abril (o 2370.º dia marciano, ou sol, da missão) e entregou a amostra ao seu laboratório interno de mineralogia no dia 10 de abril (sol 2374).
    A broca do rover perfurou facilmente a rocha, ao contrário de alguns dos alvos mais duros que enfrentou nas proximidades de Vera Rubin Ridge. Foi um alvo tão mole, na verdade, que a broca não precisou de usar a sua técnica de percussão, útil para capturar amostras rochosas mais duras. Esta foi a primeira amostra da missão obtida usando apenas a rotação da broca.
    "O Curiosity está na 'estrada' há quase sete anos," disse Jim Erickson, gerente do projeto do Curiosity no JPL da NASA em Pasadena, no estado norte-americano da Califórnia. "A perfuração, finalmente, da unidade argilosa, é um marco importante na nossa jornada Monte Sharp acima."
    Os cientistas estão ansiosos por analisar a amostra em busca de vestígios de minerais de argila, porque estes formam-se geralmente em água. A sonda MRO (Mars Reconnaissance Orbiter) da NASA espiou um forte "sinal" argiloso aqui muito antes do Curiosity pousar em 2012. A identificação desse sinal podia ajudar a equipe de cientistas a entender se uma era marciana mais úmida moldou esta camada do Monte Sharp, a montanha com 5 quilômetros de altura que o Curiosity tem vindo a escalar.
    O Curiosity descobriu minerais argilosos durante toda a sua viagem. Estas rochas formaram-se como sedimentos fluviais instalados em lagos antigos há quase 3,5 bilhões de anos. Tal como acontece em outros lugares em Marte, os lagos eventualmente secaram.
    O sinal de argila, visto do espaço, trouxe aqui o rover, mas a região claramente tem várias outras histórias para contar. Agora que o Curiosity está a investigar esta área, os cientistas podem olhar em volta como turistas geológicos, encontrando uma paisagem antiga e nova. Existem vários tipos de rocha e areia, incluindo ondulações ativas de areia que mudaram no ano passado. Seixos estão espalhados por toda a parte - estão a sofrer erosão do leito local? Vários pontos de referência atraentes, como o "Monte Knockfarril", também se destacam.
    "Cada camada desta montanha é uma peça do quebra-cabeças," disse Ashwin Vasavada, gerente do Projeto Curiosity no JPL. "Cada uma contém pistas para uma era diferente da história marciana. Estamos entusiasmados por ver o que esta primeira amostra nos diz sobre o antigo ambiente, especialmente sobre a água."
    A amostra Aberlady dará à equipa um ponto de partida para pensar sobre a unidade argilosa. Eles planeiam perfurar várias vezes ao longo do próximo ano. Isto vai ajudar a entender o que torna esta região diferente do cume por trás e de uma área com um sinal de sulfato mais alto na montanha.

    Créditos: Astronomia On-line

    A foto histórica do buraco negro é ainda mais surpreendente quando enxergamos seu entorno

    O Event Horizon Telescope (Telescópio do Horizonte de Eventos ou EHT) não foi o único dispositivo que observou o buraco negro no centro da galáxia Messier 87.
    Enquanto ele estava focado no horizonte de eventos, outras lentes poderosas estavam apontadas para outros cantos do mesmo objeto.
    Por exemplo, o Observatório de raios-X Chandra, da NASA, obteve uma visão mais ampla do alvo. A imagem produzida através dessas observações coloca a primeira foto de um buraco negro em um contexto impressionante.
    O Chandra observou a M87 durante a campanha do EHT em abril de 2017.
    Embora o observatório não seja capaz de enxergar a sombra do buraco negro em si, seu campo de visão é muito maior do que o do EHT, de forma que pode ver toda a extensão do jato de partículas de alta energia lançado pelos intensos campos gravitacionais e magnéticos ao redor do objeto. Este jato se estende a mais de 1.000 anos-luz do centro da galáxia:
    Para usar uma analogia, considere um trompetista em uma sala de concertos: os dados do EHT, tirados de radiotelescópios ao redor do globo, fornecem uma visão aproximada do bocal (a origem do som, como o “motor central” do M87).
    Os dados do Chandra, por outro lado, revelam as ondas sonoras enquanto viajam pela trombeta e reverberam ao redor da sala de concertos (nota: como acontece com muitas analogias, a escala não é exata). Precisamos dessas duas partes para entender o som completamente.
    Dados e mais dados
    O Chandra se dedica à investigação do buraco negro no centro de M87 há um bom tempo. A galáxia elíptica fica no aglomerado de Virgem, a cerca de 60 milhões de anos-luz da Terra. Ao redor dessa galáxia há um reservatório de gás que brilha intensamente na luz do raio-X.
    Os estudos de Chandra sobre esse gás quente deram aos astrônomos uma visão do comportamento e das propriedades do buraco negro gigante no coração da M87. Por exemplo, os astrônomos usaram os dados do Chandra para descobrir ondulações no gás quente que fornecem evidências de repetidas explosões do buraco negro a cada 6 milhões de anos aproximadamente.
    A diretora do Chandra, Belinda Wilkes, concedeu quase 30.000 segundos de tempo de observação para a M87 em abril de 2017. A esperança era que os dados do Chandra pudessem revelar se a galáxia teve um surto ou explosão de raios-X durante esse tempo. Quaisquer variações poderiam se ligar temporariamente ao que o EHT estava vendo espacialmente próximo ao horizonte de eventos.
    “As observações de raios-X do Chandra coordenadas com o EHT representam uma excelente oportunidade para conectar os pontos entre a emissão de alta energia e a física de acreção e ejeção no horizonte de eventos”, disse o Dr. Joey Neilsen, da Universidade Villanova (EUA).
    Neilsen e seus colaboradores usaram o Chandra e o NuSTAR [satélite americano] para medir o brilho de raios-X do jato, um conjunto de dados que os cientistas do EHT usaram para comparar seus modelos de jato e disco com as observações realizadas.
    Entre algumas questões que podem ser exploradas a partir dessas informações estão como os buracos negros aceleram algumas partículas até as altas energias vistas e como o buraco negro produz os jatos espetaculares que o Chandra e outros telescópios vêm estudando.

    Créditos: Hypescience

    Hubble espreita aglomerado cósmico azul

    Os enxames globulares são objetos inerentemente belos, mas o alvo desta imagem do Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA, Messier 3, é frequentemente reconhecido como um dos mais esplêndidos de todos.
    Contendo, incrivelmente, meio milhão de estrelas, este aglomerado cósmico com 8 mil milhões de anos é um dos mais brilhantes e maiores enxames globulares já descobertos. No entanto, o que torna Messier 3 ainda mais especial é a sua população invulgarmente grande de estrelas variáveis - estrelas cujo brilho flutua ao longo do tempo. Continuam a ser descobertas, até hoje, novas estrelas variáveis neste ninho estelar, mas até agora conhecemos 274, o maior número encontrado, de longe, em qualquer enxame globular. Pelo menos 170 delas são de uma variedade especial chamada variáveis RR Lyrae, que pulsam com um período diretamente relacionado com o seu brilho intrínseco. Se os astrónomos souberem quão brilhante uma estrela realmente é, com base na sua massa e classificação, e souberem quão brilhante parece ser do nosso ponto de vista da Terra, podem determinar a sua distância. Por esta razão, as estrelas RR Lyrae são conhecidas como "velas padrão" - objetos de luminosidade conhecida cuja distância e posição podem ser usadas para ajudar a entender mais sobre as vastas distâncias celestes e sobre a escala do cosmos.
    Messier 3 também contém um número relativamente elevado das chamadas "blue stragglers", estrelas retardatárias azuis, que podem ser claramente vistas nesta imagem do Hubble. Estas são estrelas azuis de sequência principal que parecem ser jovens porque são mais azuis e luminosas do que as outras estrelas do grupo. Dado que se pensa que todas as estrelas nos enxames globulares nasceram juntas e, portanto, têm aproximadamente a mesma idade, só uma diferença na massa pode dar a essas estrelas uma cor diferente. Uma estrela vermelha e antiga pode parecer mais azul quando adquire mais massa, por exemplo, removendo-a de uma estrela próxima. A massa extra transforma-a numa estrela mais azul, o que nos faz pensar que é mais nova do que realmente é.

    Créditos: Astronomia On-line

    segunda-feira, 15 de abril de 2019

    Teoria do zoológico intergaláctico pode explicar “silêncio” de civilizações alienígenas

    A pergunta “será que estamos sozinhos no universo?” faz parte da cultura humana há muito tempo, e a resposta é provavelmente não. Para alguns cientistas, essa não é nem sequer a questão: a pergunta que devemos fazer seria “por que ainda não fizemos contato com civilizações alienígenas?”. Afinal, a ciência já descobriu mais de 4 mil exoplanetas confirmados somente na Via Láctea – os astrônomos esperam que haja mais de 50 bilhões de exoplanetas no resto do universo.
    Alguns destes astrônomos, astrofísicos, biólogos, sociólogos, psicólogos e historiadores que defendem que a questão não é se os extraterrestres existem, mas por que ainda não fizemos contato com eles, se reuniram em Paris nesta semana para debater algumas hipóteses, e algumas delas são bem interessantes.
    “A cada dois anos, o METI Internacional (METI é uma sigla em inglês que significa mensagens de inteligência extraterrestre) organiza um workshop de um dia em Paris como parte de uma série de workshops intitulada ‘O que é a vida? Uma perspectiva extraterrestre’. Esse enigma do porquê de não termos detectado vida extraterrestre tem sido discutido com frequência, mas no foco único deste workshop, muitas das palestras trataram de uma explicação controversa sugerida pela primeira vez na década de 1970 chamada ‘hipótese do zoológico’”, explica Florence Raulin Cerceau, co-presidente do workshop e membro do Conselho de Diretores do METI, em entrevista ao portal da revista Forbes.
    É isso mesmo. Há uma hipótese que afirma que podemos estar em uma espécie de “zoológico espacial”. A base da ideia é que há civilizações alienígenas lá fora que sabem tudo sobre nós, mas intencionalmente se escondem de nós (qualquer coincidência com a música Spaceman, de David Bowie, talvez não seja mera coincidência). Isso explicaria o “Grande Silêncio”, termo usado por Enrico Fermi para definir a falta de comunicação com civilizações extraterrestres inteligentes.
    “Talvez os extraterrestres estejam observando os humanos na Terra, assim como observamos os animais em um zoológico”, explica Douglas Vakoch, presidente do METI. “Como podemos fazer com que os funcionários do zoológico galáctico se revelem?” Em uma oficina, Vakoch propôs que os humanos deveriam ser mais ativos na busca por inteligência extraterrestre. “Se fossemos a um zoológico e de repente uma zebra se voltasse para nós, nos olhasse nos olhos e começasse a fazer uma série de números primos com seus cascos, isso estabeleceria uma relação radicalmente diferente entre nós e a zebra, e nós nos sentiríamos compelidos a responder. Podemos fazer o mesmo com extraterrestres, transmitindo sinais de rádio poderosos, intencionais e ricos em informações para estrelas próximas”, compara.
    Mas por que eles fariam isso? Por que nos observariam das sombras, sem manter nenhum contato? Talvez para aumentar seu conhecimento sobre a nossa espécie ou sobre a Terra. Alguns pesquisadores defendem, porém, que isso seria um ato de benevolência. “Parece provável que os extraterrestres estejam impondo uma ‘quarentena galáctica’ a nós porque eles percebem que seria culturalmente perturbador para nós sabermos sobre eles”, aponta Jean-Pierre Rospars, diretor honorário de pesquisa do Instituto Nacional da Pesquisa Agronômica e outro dos responsáveis pelo workshop.
    “A evolução cognitiva na Terra mostra características aleatórias enquanto também segue caminhos previsíveis. Podemos esperar o surgimento repetido e independente de espécies inteligentes no universo, e devemos esperar ver formas de inteligência mais ou menos semelhantes em toda parte, sob condições favoráveis. Não há razão para pensar que os humanos alcançaram o mais alto nível cognitivo possível. Níveis mais altos podem evoluir na Terra no futuro e já podem ser alcançados em outros lugares”, complementa.
    “Estamos muito interessados ​​na abordagem científica usada na análise do Paradoxo de Fermi e na busca de vida inteligente no universo. A questão ‘estamos sozinhos?’ afeta a todos nós, porque está diretamente relacionada à humanidade e ao nosso lugar no cosmos”, acrescentam Cyril Birnbaum e Brigitte David da Cité des Sciences et de l’Industrie (Cité), onde a reunião teve lugar.
    O físico italiano Enrico Fermi é famoso por ter perguntado “onde está todo mundo?” em 1950, no que se tornou o que conhecemos como Paradoxo de Fermi. Ele aborda essa contradição na astronomia: se a vida extraterrestre e mesmo civilizações alienígenas inteligentes não são apenas possíveis, mas altamente prováveis, então por que nenhuma delas esteve em contato conosco? Existem explicações biológicas ou sociológicas para este grande silêncio? A hipótese do zoológico, por mais depreciativa que seja para a raça humana, pode ser uma resposta.
    Apesar dos avanços que a astronomia teve nos últimos séculos, nossas tentativas de nos comunicar com civilizações alienígenas são, vistas de um ponto de vista universal, primitivas. Por enquanto, a radioastronomia é a única forma prática de humanos enviarem mensagens para o cosmos. Segundo alguns cientistas, porém, apenas a colonização completa de outras estrelas pode provar a existência de vida inteligente em outros lugares do cosmos.
    “Parece que, embora as comunicações de rádio forneçam um meio natural para a busca de inteligência extraterrestre para civilizações mais jovens do que alguns milênios, as civilizações mais antigas deveriam desenvolver programas extensivos de colonização interestelar. Esta é a única maneira de obter provas indiscutíveis, a favor ou contra a existência de inteligência extraterrestre, durante o seu tempo de vida”, sugere Nicolas Prantzos, diretor de pesquisa do Centro Nacional de la Recherche Scientifique (CNRS), também para a Forbes.
    Por enquanto, não sabemos absolutamente nada – nem mesmo se eles seriam parecidos conosco. “O ambiente em um exoplaneta vai impor suas próprias regras.Não há tendência na evolução biológica: a enorme variedade de várias morfologias observadas na Terra torna improvável qualquer especulação exobiológica, pelo menos para a vida ‘complexa’ macroscópica”, explica Roland Lehoucq, astrofísico que trabalha no Commissariat l’Energie Atomique (CEA), na mesma matéria. Cético de que os humanos teriam muito em comum com as formas de vida extraterrestres, Lehocq discutiu no workshop sobre o persistente antropocentrismo em nossa compreensão e descrição da vida alienígena “e quão difícil é para os humanos imaginar a inteligência extraterrestre radicalmente diferente de nós mesmos”.
    Isso tudo, é claro, são só hipóteses. Também é possível que não tenhamos ouvido falar de alienígenas por vários outros motivos, seja porque eles estão presos em enormes mundos “super-terrestres” pela atração intensa da gravidade, ou mortos porque suas civilizações avançadas já se destruíram – como pode acontecer com a humanidade – através do consumo desenfreado dos recursos naturais do planeta. Só saberemos a verdade quando – e se – um dia os encontrarmos, ou eles nos encontrarem.

    Créditos: Hypescience

    Cientistas preveem um longo e profundo mínimo solar

    Um novo relatório divulgado por um grupo internacional de cientistas confirmou que o atual mínimo solar será um dos mais longos da história. Se o estudo estiver correto, o Sol só deverá ganhar força entre 2023 e 2026, mas o futuro ciclo solar 25 será tão fraco quanto o atual ciclo 24.
    "Acreditamos que o Ciclo Solar 25 será muito parecido com o atual 24, com um máximo solar fraco precedido por um mínimo muito longo e profundo", disse a pesquisadora Lisa Uptown, heliofísica ligada ao Space Systems Research Corp.
    O estudo, apresentado no Painel Anual de Previsão Espacial, da NOAA, também mostra que o atual ciclo solar 24 ainda não atingiu o nível mínimo, situação prevista para ocorrer entre julho de 2019 e setembro de 2020.
    Como se sabe,os ciclos solares duram em média 11 anos e durante este período apresenta momentos de alta e baixa atividade. Nem todos os ciclos são iguais, sendo que alguns são intensos e apresentam muitas manchas e explosões solares, enquanto Outros, como o atual ciclo Solar 24, são praticamente calmos e quase sem manchas.
    Esse período é chamado ciclo de Schwabe e desde que as observações começaram a ser feitas já foram contados 24 ciclos até o ano de 2019.
    Durante o período de maior atividade, chamado "máximo solar", grandes manchas e intensas explosões ocorrem quase diariamente. As auroras surgem nas latitudes médias e violentas tempestades de radiação danificam os satélites em órbita. A última vez que isso ocorreu com tal intensidade foi entre os anos de 2000 e 2001.
    No "Mínimo Solar" ocorre o contrário. Quase não existem flares solares e podem passar semanas sem que uma única mancha quebre a monotonia do disco solar. É exatamente esse o momento atual que estamos passando.
    Por ser uma ciência nova, os cientistas espaciais ainda estão aprendendo a prever os altos e baixos da atividade do Sol. As ferramentas usadas vão desde modelos matemáticos que analisam o dínamo magnético do Sol até os métodos estatísticos semelhantes aos usados pelos analistas do mercado financeiro, entre eles o método de Montecarlo.
    De acordo com Upton, foram analisados 61 critérios, entre climatologia, dínamo, Aprendizado de Máquina e Redes Neurais, métodos precursores, métodos espectrais e estatísticos, transporte de fluxo superficial e Outros. “Baseado nestes 61 critérios, a maioria dos pesquisadores envolvidos concordou que o Ciclo Solar 25 será muito similar ao Ciclo Solar 24”, disse a cientista.
    Nos últimos anos, muita gente tem divulgado que um mínimo solar muito profundo, semelhante ao mínimo de Maundner, estaria a caminho, trazendo junto uma míni era glacial. No entanto, a pesquisadora afastou essa ideia.
    “Não há qualquer indicação de que estamos nos aproximando de um mínimo do tipo Maunder, de 70 anos. O mínimo solar será realmente profundo, mas não tão profundo.
    O mínimo solar mais longo da história, o Mínimo de Maunder, ocorreu entre 1645 e 1715 e durou incríveis 70 anos. Manchas solares eram extremamente raras e o ciclo solar de 11 anos parecia ter se rompido. Esse período de silêncio coincidiu com a "pequena Era do Gelo" uma série de invernos implacáveis que atingiu o hemisfério Norte.
    Por razões ainda não compreendidas, o ciclo se normalizou no século 18, voltando ao período de 11 anos. Como os cientistas ainda não compreendem o que disparou o Mínimo de Maunder e como pode ter influenciado o clima na Terra, a busca por sinais de que possa ocorrer de novo é um trabalho constante nas pesquisas.
    O painel prevê um ciclo solar 25 razoavelmente fraco, em que pode haver menos tempestades solares, mas não necessariamente fracas.
    O atual Ciclo Solar 24, embora fraco, produziu uma série de intensas explosões solares de classe X, além de fortes tempestades geomagnéticas. Até mesmo evento GLE foi observado. Neste tipo de evento, as partículas são ejetadas do Sol em altíssima velocidade e podem até mesmo chegar ao nível do Solo.

    Créditos: Apolo 11

    domingo, 14 de abril de 2019

    A Terra é um Sol com menos gases, dizem astrofísicos

    Talvez não seja preciso gastar tantos neurônios tentando encontrar a fronteira entre estrelas e planetas - quando parece ser uma estrela muito fria ou um planeta muito quente.
    Três astrofísicos australianos estão propondo que a Terra é meramente um Sol com um pouco menos de hidrogênio, hélio, oxigênio e nitrogênio.
    Eles elaboraram a melhor estimativa já feita até hoje da composição da Terra e do Sol, com o objetivo de criar uma ferramenta para medir a composição elementar de outras estrelas e planetas rochosos que as orbitam.
    "A composição de um planeta rochoso é uma das peças mais importantes que faltam em nossos esforços para descobrir se um planeta é habitável ou não," disse Haiyang Wang.
    O trio comparou a composição das rochas da Terra com a composição de meteoritos e com a camada exterior do Sol.
    E o resultado deu muito parecido, com a Terra sendo composta basicamente dos mesmos elementos que o Sol, apenas com uma menor quantidade dos elementos mais voláteis.
    A comparação mostrou uma forte consistência entre a composição da Terra e do Sol, ambos centrados em 60 elementos, o que deverá ajudar a encontrar e estudar exoplanetas rochosos, que possam ter condições de abrigar vida.
    "Fundamentalmente, a Terra é uma peça desvolatilizada da nebulosa solar. Da mesma forma, exoplanetas rochosos são quase certamente pedaços desvolatilizados das nebulosas estelares a partir das quais eles e suas estrelas hospedeiras se formaram. Se isso estiver correto, podemos estimar a composição química dos exoplanetas rochosos medindo as abundâncias elementares de suas estrelas hospedeiras, e em seguida, aplicando um algoritmo de desvolatilização," escreveu a equipe.
    "Essa comparação gera uma riqueza de informações sobre o modo como a Terra se formou. Há uma tendência de volatilidade notavelmente linear que pode ser usada como base para entender as relações entre meteoritos, planetas e composições estelares," disse o professor Trevor Ireland.

    Créditos: Inovação Tecnológica

    sábado, 13 de abril de 2019

    2019 GC6

    No próximo dia 18, o asteróide 2019 GC6 passará a apenas 218 mil km da Terra. O objeto se desloca a 5 km/s e tem cerca de 19 metros de comprimento.
    2019 GC6 tem cerca de 11 mil toneladas e um volume estimado em 3592 metros cúbicos. Se atingisse a Terra o asteróide liberaria energia equivalente a explosão de 33 kilotons de TNT ou 2 bombas similares à de Hiroshima.

    Créditos: Apolo 11

    sexta-feira, 12 de abril de 2019

    Aprofunda-se o mistério do metano perdido de Marte

    As mais precisas observações já feitas em busca do metano perdido de Marte não encontraram nada.
    A missão conjunta da ESA-Roscosmos (agências espaciais da União Européia e Rússia), chamada TGO (ExoMars Trace Gas Orbiter), chegou ao planeta vermelho em outubro de 2016 e passou mais de um ano empregando a técnica de frenagem aerodinâmica necessária para atingir a sua órbita científica de duas horas, 400 km acima da superfície de Marte.
    Assim, a principal missão científica do TGO começou no final de abril de 2018, apenas alguns meses antes do início da tempestade global que tomou conta de Marte e que levaria à perda do robô Opportunity.
    Isso permitiu fazer observações únicas, com a TGO acompanhando o início e o desenvolvimento da tempestade e monitorando como o aumento de poeira afetou o vapor de água na atmosfera - importante para entender a história da água em Marte ao longo do tempo.
    Todas as observações da tempestade condizem com os modelos de circulação global e com a presença de água na forma de gelo em Marte, nas baixas concentrações já conhecidas. Mas os resultados com o metano foram bem diferentes.
    Dois espectrômetros - NOMAD e ACS - a bordo da TGO fizeram medições de gases-traço na atmosfera marciana. Os gases-traço compõem menos de um por cento da atmosfera em volume, e exigem técnicas de medição altamente precisas para determinar as suas impressões digitais exatas.
    A presença desses gases é normalmente medida em "partes por bilhão por volume" (ppbv). Por exemplo, o inventário de metano da Terra mede 1.800 ppbv, o que significa que, para cada milhar de milhão de moléculas, 1.800 são metano.
    Os resultados da TGO encontraram um limite superior de 0,05 ppbv de metano em Marte, ou seja, 10 a 100 vezes menos metano do que todas as detecções relatadas anteriormente. O limite de detecção mais preciso, de 0,012 ppbv, foi obtido a 3 km de altitude.
    "Temos dados belíssimos de alta precisão que detectam sinais de água, dentro da faixa de onde esperamos ver o metano, mas ainda podemos reportar um modesto limite superior que sugere uma ausência global de metano," disse Oleg Korablev, do Instituto de Pesquisas Espaciais da Rússia e responsável pelo espectrômetro ACS.
    Relatos de metano na atmosfera marciana têm sido intensamente debatidos porque as detecções foram muito esporádicas no tempo e na localização e, muitas vezes, caíram no limite de detecção dos instrumentos.
    A sonda Mars Express, em 2004, indicou a presença de metano no valor de 10 ppbv. Telescópios baseados na Terra também registraram medições transitórias de até 45 ppbv, enquanto o robô Curiosity sugeriu um nível basal de metano que varia com as estações entre 0,2 e 0,7 ppbv - com alguns picos mais altos - na cratera Gale.
    "Nós preferimos não criticar os resultados de outros; nós apenas podemos reivindicar a precisão dos nossos resultados. Nós apenas relatamos os dados e deixamos para os teóricos tentarem explicar o que está acontecendo," disse Korablev.

    Créditos: Inovação Tecnológica

    Missão falha e nave israelense se choca contra a superfície da Lua



    Selfie feito pela sonda Beresheet, em 11 de abril de 2019, quando a nave estava a apenas 20 km da Lua

    Tudo transcorria normalmente, com a Beresheet se aproximando da Lua rapidamente. Ao 20 quilômetros km de altitude a sonda enviou uma selfie, onde se podia ver a Lua e também os pés da nave. Uma placa anexada ao artefato dizia: "Pequena nação, grandes sonhos".
    Quando a foto chegou, todos que estavam presentes no centro de controle da SpaceIL aplaudiram, mas a comemoração não durou muito tempo.
    Os primeiros indícios de que algo errado estaria acontecendo pode ser acompanhado em tempo real através dos dados de telemetria. Por diversas vezes o indicador de velocidade descendente acendeu em vermelho, indicando que a velocidade estava acima do esperado.
    A descida da nave continuou e era possível confirmar que o disparo dos retrofoguetes de frenagem e correção de posição estava ocorrendo, mas o indicador de velocidade em vermelho indicava que a operação não estava surtindo efeito ou talvez não estivesse de fato acontecendo.
    Havia apreensão nos rostos dos controladores, até que os dados de telemetria cessaram, confirmando a perda de comunicação. Neste momento, o altímetro a laser mostrava que a Beresheet estava a 149 metros de altitude, descendo em queda livre.
    O que aconteceu em seguida ninguém sabe, mas provavelmente a nave - que operava por conta própria - não conseguiu controlar a altitude e/ou orientação e se chocou contra a superfície da Lua. A falha da missão foi confirmada alguns minutos depois.
    Embora a frustração tenha sido grande por não terem pousado na Lua, o sentimento dos controladores e diretores da empresa SpaceIl era de satisfação pelo trabalho. Todos agradeceram por terem feito um grande trabalho e levado Israel a ser a sétima nação a orbitar a Lua.
    "Se você não tem sucesso da primeira vez, você tenta novamente", disse o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aplaudido por todos os presentes.

    Créditos: Apolo 11

    quarta-feira, 10 de abril de 2019

    Tudo pronto para sonda israelense pousar na superfície da Lua!

    Se tudo ocorrer como planejado, a sonda israelense Beresheet tocará a superfície da Lua na tarde da quinta-feira. Será um momento histórico e colocará o país como a quarta nação do mundo a pousar um objeto no solo lunar.
    O pouso da sonda Beresheet ocorrerá no Mar da Serenidade (Mare Serenitatis) em algum momento entre 16h00 e 17h00 BRT.
    Beresheet, que em hebreu significa "No Começo" foi lançada em 21 de fevereiro de 2019 a bordo de um foguete Falcon 9 da empresa SpaceX Falcon 9. Toda a missão é custeada pela organização sem fins lucrativos SpaceIl.
    Em 4 de abril a nave realizou uma operação crucial, quando o disparo de retrofoguetes durante seis minutos reduziram a velocidade da nave para 997 km/h, o suficiente para que a gravidade da Lua capture o artefato, impedindo que "passe batido" pela Lua.
    Atualmente, Beresheet está orbitando a Lua em uma órbita elíptica de 9998 x 499 km. O objetivo agora é colocar a sonda em uma órbita circular de 200 km acima da superfície, até que inicie o processo de descida.
    Após a confirmação de que tudo está ok, os engenheiros enviarão um comando para Beresheet e a partir daí todo o processo de descida será automático.
    Durante o processo, instrumentos medirão a altitude até o solo. Quando a nave estiver a apenas 5 metros do regolito, os retrofoguetes serão cortados e a nave descerá em queda livre. Essa é a parte crucial da missão e é recheada de riscos, uma vez que nunca foi testada anteriormente, a não ser em simuladores.
    A bordo da Beresheet há uma câmera de alta-resolução e outros instrumentos científicos, além de valores simbólicos como uma cápsula do tempo contendo fotos e artefatos culturais, incluindo uma cópia da Bíblia gravada em um disco do tamanho de uma moeda.

    Créditos: Apolo 11

    Japão acaba de bombardear um asteróide para coletar amostras subterrâneas

    A JAXA, agência espacial japonesa, lançou uma pequena bomba no asteróide Ryugu na última sexta-feira (5), como parte de sua missão para entender melhor a história do sistema solar.
    A sonda Hayabusa 2 foi a responsável pela detonação do explosivo de cobre. O dispositivo pesava cerca de 2 kg e era do tamanho de uma bola de beisebol. Ele foi liberado cerca de 500 metros acima da superfície de Ryugu, a dois quilômetros por segundo.
    O objetivo era criar uma cratera artificial de dez metros no asteróide, a fim de coletar amostras subterrâneas. Por enquanto, a JAXA ainda está examinando se e como a cratera foi feita.
    A tarefa foi incrivelmente arriscada para a Hayabusa 2, uma vez que a sonda tinha que se mover imediatamente para se esconder do outro lado do asteróide a fim de se proteger de qualquer detrito da explosão.
    Atualmente, a JAXA aguarda que as imagens da detonação sejam transmitidas de volta à Terra. Não está claro quanto tempo isso levará.
    Se tudo correr conforme o planejado, a agência planeja enviar a Hayabusa 2 de volta ao asteróide mais tarde, quando a poeira tiver baixado, literalmente.
    Em última análise, os cientistas esperam coletar amostras subterrâneas de Ryugu a fim de examinar se contêm substâncias orgânicas e água. Estas podem apontar para as origens do sistema solar.
    Até aqui, um sucesso
    Em setembro do ano passado, a JAXA pousou dois robôs no Ryugu, também como parte da missão Hayabusa 2, tornando o Japão o primeiro país do mundo a pousar em um asteróide.
    A própria Hayabusa 2 também repousou com sucesso em uma superfície plana no Ryugu em fevereiro, coletando poeira e detritos.
    A sonda deve retornar à Terra com todas essas amostras no final de 2020.
    Markoto Yoshikawa, líder da missão, disse à AP: “Até agora, a Hayabusa 2 fez tudo conforme o planejado, e estamos muito satisfeitos. Mas ainda temos mais missões para realizar e é muito cedo para celebrarmos”.

    Créditos: Hypescience

    Revelada a primeira foto real de um buraco negro — e ela é incrível

    Conforme esperávamos, cientistas revelaram nesta quarta-feira (10) a primeira imagem real de um buraco negro. O anúncio aconteceu durante evento transmitido ao vivo organizado pelo projeto EHT (Event Horizon Telescope), pela Fundação Nacional de Ciências (NSF) e pelo European Southern Observatory (ESO).
    O projeto EHT conecta radiotelescópios ao redor do mundo para criar um telescópio virtual gigantesco, do tamanho da Terra, a fim de gerar potência suficiente e assim permitir a visualização da área ao redor de um buraco negro — o horizonte de eventos. O projeto vinha observando dois buracos negros supermassivos com grandes horizontes de eventos — o Sagittarius A (no centro da Via Láctea) e o buraco negro no centro da galáxia M87 (este que acaba de ser fotografado).
    A imagem, bem como suas análises, foi publicada em uma série de seis artigos em uma edição especial do The Astrophysical Journal Letters. Na foto, vemos o buraco negro que fica no centro da M87, a 55 milhões de anos-luz da Terra e com uma massa de 6,5 bilhões de vezes a massa do Sol. "Esse é um extraordinário feito científico realizado por uma equipe de mais de 200 pesquisadores", comemora Sheperd S. Doeleman, diretor do EHT.
    Apesar de terem massas enormes, buracos negros têm tamanhos extremamente compactos e sua presença afeta o ambiente ao seu redor de maneiras extremas, distorcendo o espaço-tempo e superaquecendo qualquer material que se encontre ao seu redor.

    "Se imersos em uma região brilhante, como um disco de gás incandescente, esperamos que um buraco negro crie uma região escura semelhante a uma sombra — algo previsto pela Relatividade Geral de Einstein e que nunca vimos antes. Esta sombra, causada pela curvatura gravitacional e captura de luz pelo horizonte de eventos, revela muito sobre a natureza desses objetivos fascinantes, e nos permitiu medir a enorme massa do buraco negro da M87", explicou Doeleman.

    A sombra de um buraco negro é o mais próximo que pode ser fotografado do próprio buraco negro, objeto massivo o suficiente a ponto de sua força gravitacional impedir a saída até mesmo da luz. O horizonte de eventos do objeto em questão é cerca de 2,5 vezes menor do que a sombra que ele projeta, medindo pouco menos de 40 bilhões de km de diâmetro. Ainda, quanto maior o buraco negro, maior sua sombra, e graças à enorme massa e proximidade relativa do buraco negro da galáxia M87, a equipe do EHT usou-o como o alvo perfeito para o projeto.
    As observações do EHT usaram a técnica chamada VLBI, que sincroniza as instalações do telescópio ao redor do mundo e explora a rotação do nosso planeta para formar o gigante telescópio virtual. A técnica, por sinal, permite que o EHT obtenha uma resolução angular de 20 microssegundos de arco, algo suficiente para ler um jornal em Nova Iorque a partir de uma calçada em Paris.
    O anúncio histórico de hoje é resultado de décadas de trabalho observacional, técnico e teórico, contando com colaborações de cientistas de todo o mundo que fazem parte de 13 instituições parceiras. "Conseguimos algo que se presumia impossível apenas há uma geração. Avanços na tecnologia, conexões entre os melhores radiotelescópios do mundo e algoritmos inovadores se uniram para abrir uma janela totalmente nova sobre os buracos negros e seus horizontes de eventos", declarou Doeleman.
    Quando falamos em "buracos negros", automaticamente a maioria das pessoas pensa na singularidade, que é a parte mais densa, o "buraco" do buraco negro. Ao seu redor está o horizonte de eventos, região onde a gravidade é tão intensa que nada dali escapa, nem mesmo a luz, e por isso é apelidado de "o ponto de onde não há mais retorno". Depois, há a esfera de fótons, os jatos relativísticos, a órbita estável interna e o disco de acreção.
    Os buracos negros mais comuns surgem quando uma estrela entra em colapso com o fim de seu combustível, implodindo sobre si mesma. Esses, contudo, são pequenos demais para qualquer observação direta, mesmo com o trabalho sem precedentes do EHT. Então, este foi o motivo pelo qual a equipe usou como alvos apenas buracos negros supermassivos, que são muito maiores (e, portanto, geram mais sombra) e normalmente habitam o coração de galáxias — como é o caso do buraco negro agora fotografado na M87, e também do Sagittarius A, que fica no centro da Via Láctea.

    Créditos: Canaltech

    segunda-feira, 8 de abril de 2019

    2019 GN

    No próximo dia 13, o asteróide 2019 GN passará a apenas 656 mil km da Terra. O objeto se desloca a 11 km/s e tem cerca de 15 metros de comprimento.
    2019 GN tem cerca de 5 mil toneladas e um volume estimado em 1768 metros cúbicos. Se atingisse a Terra o asteróide liberaria energia equivalente a explosão de 77 kilotons de TNT ou 4 bombas similares à de Hiroshima.

    Créditos: Apolo 11

    Astrônomos farão grande anúncio global “inovador” sobre buracos negros

    Astrônomos de uma rede intergovernamental de pesquisa farão um grande anúncio no próximo 10 de abril sobre buracos negros, de acordo com o Observatório Europeu do Sul.
    Considerando que o Telescópio Event Horizon está em uma missão para capturar a primeira imagem de um buraco negro, esta pode ser a descoberta da qual os astrônomos vão falar.
    Se for isso, pela primeira vez, seremos capazes de “ver” o buraco negro no centro da nossa, ou da nossa vizinha cósmica mais próxima, a galáxia elíptica Messier 87.
    Buracos negros são essencialmente invisíveis. Sua imensa gravidade absorve qualquer matéria circundante, incluindo a luz. Isso torna a tarefa de realmente enxergar um buraco negro complemente impossível.
    No entanto, na extremidade da poderosa gravidade desse objeto fica o seu “horizonte de eventos”.
    O material que se acumula nessa região gira em torno do buraco negro emitindo radiação de alta energia – e essa nós podemos ver.
    Nos últimos 13 anos, o Telescópio Event Horizon (que é na verdade uma rede de observatórios de rádio em todo o planeta) tem tentado criar a imagem de dois buracos negros – Sagitário A*, no centro da Via Láctea, e o buraco negro no centro de Messier 87 – a partir desse horizonte de eventos.
    Estes observatórios em todo o mundo concentram seu olhar nas localizações do buraco negro e capturam individualmente sinais de rádio emitidos pelos horizontes de eventos.
    Os dados capturados são digitalizados e armazenados em discos rígidos, que são enviados fisicamente às instituições participantes para análise. Como cada telescópio é sincronizado com um relógio incrivelmente preciso, os dados podem ser correlacionados e costurados e, eventualmente – este é o santo graal -, produzir uma imagem do horizonte de eventos de um buraco negro.
    A última coleta de dados ocorreu há dois anos, em abril de 2017. Desde então, os astrônomos vêm “montando” o quebra-cabeças. Agora, muitos suspeitam que o anúncio dos próximos dias nos dará a primeira visão real de um buraco negro.
    Pode não ser isso, mas um “resultado inovador” que será transmitido simultaneamente em seis locais e quatro idiomas diferentes em todo o mundo certamente nos deixa animados com as possibilidades.

    Créditos: Hypescience

    Robô Curiosity flagra dois eclipses solares no planeta vermelho


    Como se sabe, observar um eclipse solar aqui da Terra não é uma coisa tão trivial. Imagine então registrar dois deles lá em Marte. Foi isso o que aconteceu com o jipe Curiosity, que em menos de duas semanas registrou a passagem das luas Phobos e Deimos na frente do disco solar.
    Do ponto de vista do Curiosity, a passagem de Phobos na frente do disco solar ocorreu no dia 26 de março de 2019 , enquanto a passagem de Deimos ocorreu nove dias antes, em 17 de março.
    Por se tratar de um fenômeno localizado, se o jipe Curiosity estivesse em outra localidade a geometria da passagem poderia ser diferente ou não ter sido observada.
    As cenas foram obtidas pelo instrumento Mastcam, uma câmera operada pela Universidade do Texas e posicionada na ponta do mastro principal do Curiosity.
    Diferentemente do que acontece aqui na Terra, quando nossa Lua chega a encobrir totalmente o Sol, lá em marte isso não acontece, já que Phobos e Deimos não têm diâmetros suficientes para produzir o efeito de ocultação do disco.
    Phobos é uma Lua bastante irregular, com cerca de 11.5 km de diâmetro, enquanto Deimos é uma pequena rocha de 2.3 km de diâmetro. Com essas dimensões reduzidas, a passagem dos astros na frente do Sol é um fenômeno bastante interessante, lembrando mais um trânsito celeste a um eclipse propriamente dito.

    Créditos: Apolo 11

    terça-feira, 2 de abril de 2019

    Rios fluíram em Marte durante muito tempo

    Há muito tempo, em Marte, a água esculpiu leitos de rios profundos à superfície do planeta - mas ainda não sabemos que tipo de clima os alimentou. Os cientistas não têm a certeza porque a sua compreensão do clima marciano, há milhares de milhões de anos, permanece incompleta.
    Um novo estudo por cientistas da Universidade de Chicago catalogou esses rios para concluir que um escoamento significativo de rios persistiu em Marte durante mais tempo do que se pensava anteriormente. Segundo o estudo, publicado na edição de 27 de março da revista Science Advances, o escoamento foi intenso - os rios em Marte eram mais largos do que os da Terra de hoje - e ocorreram em centenas de locais no Planeta Vermelho.
    Isto complica a imagem para os cientistas que querem modelar o antigo clima marciano, disse o autor principal do estudo, Edwin Kite, professor assistente de ciências geofísicas e especialista tanto da história de Marte quanto dos climas de outros mundos. "Já é difícil explicar rios ou lagos com base nas informações que temos," disse. "Isto torna um problema difícil ainda mais complexo."
    Mas, disse, as restrições podem ser úteis para analisar as muitas teorias que os investigadores propuseram para explicar o clima.
    Marte é atravessado por trilhas distintas de rios extintos há muito tempo. As naves da NASA tiraram fotos de centenas destes rios a partir da órbita e, quando o rover Curiosity pousou em 2012, enviou imagens de seixos arredondados durante muito tempo no fundo de um rio.
    Mas o porquê de Marte, no passado, ter tido água líquida, é um enigma. Marte tem hoje uma atmosfera extremamente fina e no início da sua história também recebia apenas um-terço da luz solar que a Terra de hoje recebe, o que não deveria fornecer calor suficiente para manter a água líquida. "De fato, mesmo no passado de Marte, quando havia água suficiente para a existência de rios durante algum tempo, os dados indicam que Marte era extremamente frio e seco no tempo restante," explicou Kite.
    Procurando uma melhor compreensão da precipitação marciana, Kite e colegas analisaram fotografias e modelos de elevação de mais de 200 antigos leitos de rios marcianos, abrangendo mais de mil milhões de anos. Estes leitos de rio são uma rica fonte de pistas sobre a água que os atravessou e o clima que os produziu. Por exemplo, a largura e a inclinação dos leitos dos rios e o tamanho do cascalho informam os cientistas sobre a força do fluxo da água e a quantidade de cascalho restringe o volume de água que passa.
    A sua análise mostra evidências claras de escoamento persistente e forte que ocorreu no último estágio do clima úmido," acrescentou Kite.
    Os resultados fornecem orientação para aqueles que tentam reconstruir o clima marciano, disse Kite. Por exemplo, o tamanho dos rios implica que a água estava a fluir continuamente, não apenas ao meio-dia, de modo que os modeladores climáticos precisam de explicar um forte efeito de estufa para manter o clima aquecido o suficiente para temperaturas diurnas médias acima do ponto de congelamento da água.
    Os rios também mostram forte fluxos até o "último minuto" geológico antes do clima úmido ter secado. "Esperaríamos que diminuíssem gradualmente com o tempo, mas não é isso que vemos," realça Kite. Os rios ficam mais curtos - centenas de quilômetros, em vez de milhares -, mas a descarga ainda é forte. "O dia mais chuvoso do ano ainda é muito molhado."
    É possível que o clima tenha tido uma espécie de interruptor 'ligado/desligado'," especulou Kite, que oscila entre os ciclos secos e molhados.
    "O nosso trabalho responde a algumas perguntas existentes, mas levanta uma nova. O que está errado: os modelos climáticos, os modelos de evolução atmosférica ou a nossa compreensão básica da cronologia do Sistema Solar interior?", concluiu.

    Créditos: Astronomia On-line

    2016 GE1

    No próximo dia 4 o asteróide 2016 GE1 passará a apenas 426 mil km da Terra. O objeto se desloca a 10 km/s e tem cerca de 20 metros de comprimento.
    2016 GE1 tem cerca de 13 mil toneladas e um volume estimado em 4189 metros cúbicos. Se atingisse a Terra o asteróide liberaria energia equivalente a explosão de 151 kilotons de TNT ou 8 bombas simliares à de Hiroshima.

    Créditos: Apolo 11

    Hubble observa asteróide se partindo

    De acordo com novos dados obtidos pelo Telescópio Espacial Hubble e por outros observatórios, um pequeno asteróide foi apanhado no processo de girar tão depressa que está a expelir material.
    As imagens do Hubble mostram duas caudas estreitas, parecidas às dos cometas, de detritos empoeirados que saem do asteróide (6478) Gault. Cada cauda representa um episódio no qual o asteróide libertou suavemente o seu material - evidências de que Gault está a começar a desfazer-se.
    Descoberto em 1988, o asteróide com 4 km tem sido observado repetidamente, mas as caudas de detritos são as primeiras evidências de desintegração. Gault está localizado a 344 milhões de quilômetros da Terra. Entre os cerca de 800.000 asteróides conhecidos entre Marte e Júpiter, os astrônomos estimam que este tipo de evento no cinturão de asteróides seja raro, ocorrendo aproximadamente uma vez por ano.
    A observação da fragmentação de um asteróide dá aos astrônomos a oportunidade de estudar a composição destas rochas espaciais sem enviar uma nave para recolher amostras.
    "Não precisamos de ir a Gault," explicou Olivier Hainaut do ESO na Alemanha, membro da equipe de observação de Gault. "Nós apenas tivemos que olhar para a imagem das correntes e podemos ver todos os grãos de poeira bem ordenados por tamanho. Todos os grãos grandes (mais ou menos do tamanho das partículas de areia) estão perto do objeto e os grãos menores (mais ou menos do tamanho de grãos de farinha) são os mais distantes, porque estão a ser empurrados mais rapidamente pela pressão da luz solar."
    Gault é apenas o segundo asteróide cuja desintegração está fortemente ligada a um processo conhecido como efeito YORP (Yarkovsky–O'Keefe–Radzievskii–Paddack, os nomes dos quatro cientistas que contribuíram para o conceito). Quando a luz solar aquece um asteróide, a radiação infravermelha que escapa da sua superfície aquecida transporta momento angular, bem como calor. Este processo cria um pequeno torque que faz com que o asteróide gire continuamente mais depressa. Quando a força centrífuga resultante começa a superar a gravidade, a superfície do asteróide torna-se instável, e os deslizamentos de terra podem fazer com que a poeira e o entulho sigam para o espaço a poucos quilômetros por hora. Os investigadores estimam que Gault pode estar a aumentar lentamente a sua rotação há mais de 100 milhões de anos.
    Reunindo a atividade recente de Gault está uma investigação forense astronômica que envolve telescópios e astrônomos de todo o mundo. Levantamentos de todo o céu, telescópios terrestres e instalações espaciais como o Telescópio Espacial Hubble uniram esforços para tornar esta descoberta possível.
    A pista inicial foi a descoberta fortuita da primeira cauda de detritos, observada no dia 5 de janeiro de 2019 pelo telescópio ATLAS (Asteroid Terrestrial-Impact Last Alert System) no Hawaii. A cauda também apareceu em dados de arquivo de dezembro de 2018 do ATLAS e dos telescópios Pan-STARRS (Panoramic Survey Telescope and Rapid Response System) no Hawaii. Em meados de janeiro, uma segunda cauda mais curta foi vista pelo telescópio do Canadá-França-Hawaii e pelo telescópio Isaac Newton na Espanha, assim como por outros observadores. Uma análise de ambas as caudas sugere que os dois eventos de poeira ocorreram por volta de 28 de outubro e de 30 de dezembro de 2018.
    Observações de acompanhamento com o Telescópio William Herschel, com a Estação Terrestre Ótica da ESA em La Palma e Tenerife, Espanha, e com o Telescópio Chandra nos Himalaias, Índia, mediram um período de rotação de duas horas para o objeto, perto da velocidade crítica na qual um asteróide solto começa a desfazer-se.
    "Gault é o melhor exemplo de um objeto com rápida rotação mesmo no limite das duas horas," disse o membro da equipe Jan Kleyna, da Universidade do Hawaii em Honolulu.
    Uma análise do ambiente circundante do asteróide, pelo Hubble, não revelou sinais de detritos mais amplamente distribuídos, o que exclui a possibilidade de uma colisão com outro asteróide como causa para os surtos.
    As correntes estreitas do asteróide sugerem que a poeira foi libertada em surtos curtos, com a duração de algumas horas a alguns dias. Estes eventos súbitos sopraram detritos suficientes para produzir uma "bola suja" com aproximadamente 150 metros de diâmetro, se compactados juntos. As caudas vão começar a desaparecer daqui a poucos meses, à medida que a poeira se dispersa pelo espaço interplanetário.
    Com base nas observações do Telescópio do Canadá-França-Hawaii, os astrônomos estimam que a cauda mais longa se estenda por 800 mil quilômetros e tenha aproximadamente 4800 km de espessura. A cauda mais curta tem cerca de um-quarto desse comprimento.
    Até o momento, apenas foram encontrados algumas dúzias de asteróides ativos. Os astrônomos podem agora detectar muitos mais graças às capacidades aprimoradas de levantamento de observatórios como o Pan-STARRS e ATLAS, que varrem todo o céu. "Os asteróides como Gault não podem mais escapar à detecção," comentou Hainaut. "Isto significa que todos estes asteróides que começam a 'comportar-se mal' são avistados."
    Os investigadores esperam monitorizar Gault em busca de mais eventos de poeira.

    Créditos: Astronomia On-line