quinta-feira, 11 de março de 2010

Galáxia POX 186


A distorcida superfície desse pequeno objeto, chamado POX 186, mostra um estágio de uma galáxia anã em processo de formação. A imagem, obtida com o telescópio espacial Hubble, mostra traços brancos e azulados que estão relacionados com estrelas recém-nascidas no núcleo da galáxia. Pode-se notar também um arco de estrelas (à direita do centro da galáxia). Essas características sugerem que houve uma colisão entre dois pequenos aglomerados de estrelas que ocorreu há 100 milhões de anos. A gravidade eventualmente irá agir sobre as estrelas proporcionando uma forma mais simétrica para a galáxia. Os objetos vermelhos na imagem são galáxias mais distantes. Essas imagens mostram uma galáxia florescendo tardiamente. O pequeno sistema distorcido de gás e estrelas parece ainda estar no processo de desenvolvimento, apesar da maioria dos seus primos galáticos terem começado a se formar há milhares de milhões de anos. A juventude da galáxia é inferida pelo número de estrelas recém-nascidas e pela sua disformidade. As imagens que o Hubble obteve de POX 186 sustentam as teorias que afirmam que todas as galáxias se formam através da agregação de pequenos blocos de construção de gás e estrelas. Estes pequenos blocos se formaram pouco depois do Big Bang, o evento que criou o Universo. Os astrônomos Michael Corbin (Instituto para a Ciência do Telescópio Espacial, EUA) e William Vacca (Instituto Max-Planck para a Física Extraterrestre, Alemanha) utilizaram a câmara WFPC2 do Hubble para estudar POX 186 e publicaram o seu trabalho na revista da especialidade Astrophysical Journal em Dezembro de 2002. Os seus resultados foram uma surpresa, pois não esperavam encontrar galáxias no universo vizinho ainda no processo de formação. POX 186 encontra-se a apenas 68 milhões de anos-luz, o que significa que está relativamente perto de nós no espaço e no tempo, e poderá está nos dando uma visão dos estágios iniciais do processo de formação de galáxias. POX 186 é um membro da classe de galáxias chamadas anãs azuis compactas devido ao seu pequeno tamanho e coleção de estrelas quentes azuis. O termo POX vem do francês prisme objectif, ou seja, objetiva de prisma, objeto que os astrônomos colocam à frente do telescópio para fotografar o espectro de todos os objetos no campo de visão. POX 186 foi descoberta há 20 anos mas, por ser tão pequena, os telescópios na Terra não conseguiram resolver os pequenos detalhes da sua estrutura. As imagens obtidas agora pelo Hubble conseguem revelar a estrutura complexa da galáxia que mede apenas 900 anos-luz de diâmetro e contém somente 10 milhões de estrelas. Compare com a Via Láctea, que mede cerca de 100.000 anos-luz e contém mais de 200 bilhões de estrelas! Porque se atrasou POX 186 relativamente às suas primas galáticas maiores? Corbin e Vacca descobriram que o jovem sistema localiza-se numa região do espaço relativamente vazia, onde as galáxias vizinhas se encontram a cerca de 30 milhões de anos-luz. As duas condensações de gás e estrelas que estão se fundindo para formar POX 186 terão demorado mais tempo a aproximarem-se gravitacionalmente do que condensações semelhantes em zonas mais densas do espaço. Os dados do Hubble não revelam as idades das estrelas de POX 186, mas estes astrofísicos suspeitam que as mais velhas teriam um bilhão de anos, sendo muito jovens na escala de tempo cósmica. Este estudo vem reforçar a teoria recente de "diminuição", que propõe que as galáxias de menor massa no universo são as últimas a formarem-se. Em claro contraste com POX 186, as galáxias de maior massa no universo, conhecidas como gigantes elípticas, têm geralmente estruturas esféricas com poucas ou nenhumas estrelas jovens, indicando que se formaram há bilhões de anos. Corbin e Vacca admitem que uma galáxia não é evidência suficiente para demonstrar a teoria de que a formação de galáxias é um processo que ocorre presentemente. Por isso, propõem-se utilizar o Hubble para estudar mais 9 galáxias anãs azuis compactas à procura de evidências de formação recente semelhantes a POX 186.

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