segunda-feira, 7 de junho de 2010
Nebulosa NGC 1788, um gigantesco morcego de asas abertas
A Nebulosa NGC 1788 nunca mereceu muita atenção dos astrônomos, provavelmente por estar situada num ponto sem muito brilho da Constelação de Órion. Mas agora ela se revela majestosa graças a numa nova imagem, muito mais detalhada, captada pelo Observatório Europeu do Sul. Embora esta nuvem com um desenho fantasmagórico esteja relativamente afastada das estrelas brilhantes de Órion, os poderosos ventos e a radiação oriundos destas estrelas tiveram um forte impacto na nebulosa, definindo a sua forma e tornando-a o lar de inúmeras estrelas bebês. Os observadores assíduos do céu estão familiarizados com a forma característica da constelação de Órion, o gigante caçador. Mas poucos conhecem a nebulosa NGC 1788, que agora se revela um tesouro sutil, escondido apenas a alguns graus de distância das estrelas brilhantes de Órion. A NGC 1788 é uma nebulosa de reflexão, na qual o gás e a poeira dispersam a radiação que vem de um pequeno conjunto de estrelas jovens. O efeito faz com que este brilho tênue tome a forma de um gigantesco morcego de asas abertas. As nebulosas parecem gostar de lembrar formatos de animais: o mesmo ESO recentemente fotografou outra nebulosa com formato de patas de gato, NGC 6334. Na imagem poucas estrelas pertencentes à nebulosa estão visíveis, uma vez que a maior parte delas se encontra obscurecida pelos casulos de poeira no seu entorno. A mais proeminente, chamada HD 293815, é visível como a estrela brilhante na parte superior da nuvem, logo acima do centro da imagem e da zona de poeira bastante escura que atravessa toda a nebulosa. Embora, à primeira vista, a NGC 1788 pareça ser uma nuvem isolada, as observações revelam que as estrelas brilhantes de grande massa, pertencentes ao vasto conjunto de grupos estelares de Órion, foram decisivas no processo de modelar a NGC 1788 e de estimular a formação das suas estrelas. Estas estrelas de grande massa são também responsáveis pela ignição do hidrogênio gasoso nas partes da nebulosa que se encontram de frente para Órion, originando a borda vermelha quase vertical que se pode observar na metade esquerda da imagem. Todas as estrelas desta região são extremamente jovens, com idades médias de apenas um milhão de anos, um mero piscar de olhos quando comparados com os 4,5 bilhões de anos do nosso Sol. Analisando-as em detalhe, os astrônomos descobriram que estas estrelas se separam naturalmente em três classes diferentes: as ligeiramente mais velhas, situadas do lado esquerdo da borda vermelha, as relativamente jovens, à sua direita, formando o pequeno enxame fechado no interior da nebulosa, iluminando-a, e eventualmente as muito jovens, ainda meio escondidas no interior dos seus casulos de poeira, local onde nascem, mais para a direita. Embora nenhuma destas últimas seja visível na imagem devido ao obscurecimento por parte da poeira, dúzias delas foram reveladas através de observações feitas nos comprimentos de onda do infravermelho e do milímetro. Esta fina distribuição de estrelas, com as mais velhas situadas mais próximo de Órion e as mais jovens concentradas no lado oposto, sugere que a onda de formação estelar, gerada em torno das estrelas quentes de grande massa de Órion, se propagou ao longo de NGC 1788 e para além dela.
Créditos: ESO & Inovação Tecnológica
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É impressionante o brilho forte dessas estrelas até nas fotos.
ResponderExcluirO mais impressionante ainda, é o número de estrelas que é produzido nessas nebulosas, não acha?
ResponderExcluirAbração!
Com certeza, mas não consegui enxergar nenhum morcego.
ResponderExcluirEu também não, mas sabe como esse pessoal é, né?
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