quinta-feira, 15 de julho de 2010
Um grupo de astrônomos observou, pela primeira vez, um objeto gelado nos confins do Sistema Solar
Um grupo de astrônomos de vários países disse ter observado, pela primeira vez, um objeto gelado em uma órbita além de Netuno, nos confins do Sistema Solar. O objeto é conhecido como KBO 55636 (sigla para Kuiper Belt Object - Objeto do Cinturão de Kuiper) porque habita a região chamada Cinturão de Kuiper, onde estão agrupados milhares de objetos remanescentes do período em que se formou o Sistema Solar. Os astrônomos sabiam da existência do KBO 55636 há vários anos, mas só puderam vê-lo porque ele passou na frente de uma estrela brilhante e refletiu sua luz. Liderados pelos Estados Unidos, cientistas de 18 observatórios espaciais em vários pontos do planeta participaram da busca. Eles descrevem suas observações na revista científica Nature. Quando um corpo celeste esconde uma estrela ao passar em frente a ela no espaço, ocorre o que os astrônomos chamam de "ocultação estelar". A equipe usou uma ocasião como essa para estudar o KBO 55636. A ocultação estelar durou apenas dez segundos, mas foi suficiente para que eles determinassem o tamanho e a capacidade de reflexão do objeto. O Cinturão de Kuiper ocupa uma região que fica além da órbita do planeta mais distante do Sistema Solar, Netuno. Ele é semelhante a um cinturão de asteróides, mas em vez de ser composto principalmente de rochas e metais, a maioria dos objetos que agrupa é feita de materiais voláteis - metano, amônia e água. Até agora, especialistas conseguiram detectar mais de mil KBOs, mas eles acreditam que haja cerca de 70 mil deles. O autor principal do estudo, James Elliot, professor de astronomia planetária do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, disse à BBC que o KBO 55636 foi formado, provavelmente, como resultado de uma colisão espacial ocorrida há um bilhão de anos. Ele disse que um planeta anão conhecido como Haumea pode ter sido atingido por outro objeto e o impacto teria levado a crosta gelada que cobria o Haumea a se partir em uma dúzia de pedaços menores, entre eles, o KBO 55636. O Cinturão de Kuiper abriga pelo menos três planetas anões. Um deles é Plutão, o maior KBO de que se tem conhecimento. Elliot explicou que para poder ver o KBO 55636 no exato momento em que passava em frente a uma estrela, ele teve de reunir uma equipe de 42 astrônomos de 18 observatórios na Austrália, África do Sul, México e Estados Unidos. "Vínhamos calculando com precisão a posição do KBO há vários anos", ele disse. "Com uma órbita precisa, projetamos onde ele ia estar no céu e procuramos por estrelas que ele poderia ocultar". O cientista explicou que foi difícil prever exatamente onde o KBO iria passar. Para maior segurança, a equipe pediu o auxílio de vários observatórios espaciais situados em uma faixa de 5.900 km da superfície da Terra. Esse trecho correspondia ao percurso que, os especialistas previam, seria percorrido pela sombra do corpo celeste. "Foi uma forma de maximizar nossas chances de acertar", ele explicou. De 18 telescópios apontados para o céu, apenas dois observatórios, ambos no Havaí, conseguiram detectar a ocultação estelar de dez segundos. Usando a medida exata do tempo durante o qual a estrela ficou oculta e a velocidade da sobra do KBO se movendo pelo Havaí, os astrônomos puderam determinar o tamanho do objeto - cerca de 300 km de diâmetro - e a sua capacidade de refletir a luz. Eles imaginavam que a superfície do KBO 55636 seria opaca, com pouca capacidade de reflexão por causa do acúmulo de poeira e bombardeios de raios cósmicos, mas foram surpreendidos. "Descobrimos que esse objeto é muito menor do que achávamos e que tem bastante capacidade de reflexão - ele reflete a maior parte da luz que atinge sua superfície". Elliot explicou que a superfície do objeto é provavelmente feita de gelo - como a superfície de Plutão. Mas não soube explicar por que o índice de reflexão do KBO 55636 é tão alto. "Talvez porque superfícies compostas de gelo sejam mais robustas e não se escureçam com o impacto de raios cósmicos e outras coisas que escurecem outras superfícies".
Créditos: Inovação Tecnológica
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Eu acho que o Plutão ainda devia ser considerado um planeta, já que é redondo como os outros. Agora fica estranho dizer que Netuno é o último do Sistema Solar.
ResponderExcluirPior que os astrônomos nem tem uma real definição sobre o que é um planeta, por isso que dá nessas coisas, rebaixaram o coitado do Plutão.
ResponderExcluir