domingo, 17 de outubro de 2010

A Via Láctea tem uma forma quadrada de acordo com o novo mapa galáctico


A estrutura de galáxias próximas como a galáxia de Andromeda é relativamente direta e fácil de se ver. Mas a Via Láctea representa um tipo de desafio totalmente diferente. O problema no caso da Via Láctea é que estamos observando-a de lado, neste caso as estrelas mais próximas e as nuvens se sobrepões sobre as mais distantes. Falar disso a distância é complicado pois trabalhar com qualquer objeto astronômico que esteja distante de nós é uma tarefa complicada. E fazer uma estimativa geral da estrutura requer muita habilidade. Mas os astrônomos possuem determinados truques que os ajudam a resolver esse problema. A maneira convencional de se trabalhar com a estrutura é um processo dividido em duas etapas. Os astrônomos primeiro criam um modelo da galáxia e trabalham então como cada parte da estrutura está se movendo com relação a nós que somos os observadores. Então eles limpam a Via Láctea de nuvens de hidrogênio ionizado. Os astrônomos podem trabalhar a velocidade dessas nuvens estudando o espectro de emissão e observando os desvios que ocorrem nas linhas espectrais graças ao movimento. Ajustando essa velocidade medida com os valores calculados, os astrônomos podem trabalhar onde na galáxia as nuvens deveriam estar. Mas esse método é notoriamente ambíguo, não somente pelo fato de ninguém saber ao certo o quão rápido a galáxia está girando, então esse modelo provavelmente tem todos os tipos de erros. Mas outro problema é que as estrelas que orbitam o centro da galáxia a uma mesma distância de nós, todas têm uma velocidade muito parecida. Então trabalhar onde elas estão é complicado. Assim não é nenhuma surpresa constatar que há pouco consenso sobre a estrutura exata dos braços espirais da Via Láctea. Atualmente Jaques Lepine da Universidade de São Paulo no Brasil e alguns de seus colegas adicionaram um tempero especial a essa mistura. Eles estudaram os espectros produzidos por nuvens de monosulfeto de carbono, um componente relativamente comum na nossa galáxia, ao invés de trabalharem com o hidrogênio ionizado. Isso forneceu a eles a informação da velocidade de 870 regiões da Via Láctea que eles usaram então para criar um novo mapa da galáxia com detalhes nunca antes vistos. Uma das conclusões desse estudo é que a Via Láctea tem um braço espiral adicional, não visto em pesquisas anteriores da galáxia. O novo braço está localizado a aproximadamente 30.000 anos-luz do centro galáctico a uma longitude entre 80 e 140 graus. Mas a maior surpresa é a conclusão de que alguns braços da Via Láctea não são curvos de maneira tradicional, mas sim retos. Isso dá a Via Láctea uma aparência quadrada. Isso não é tão ultrajante como parece. Os astrônomos sabem que muitas galáxias possuem braços retos, como a M101, a Galáxia de Pinwheel mostrada na imagem acima. Assim, de acordo com Lepine e os co-autores, alguém olhando para nós da galáxia M101 vai ver uma estrutura similar a um quadrado. Essa é na verdade uma descoberta muito fascinante.

Créditos: Ciência e Tecnologia

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