segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A paisagem do norte de Marte está mudando muito ativamente

Dunas de areia numa vasta área ao norte de Marte que se acreditava estavam congeladas no tempo, estão mudando com movimentos tanto repentinos como graduais, de acordo com pesquisa feita utilizando imagens da sonda orbital da NASA ao redor de Marte. Esses campos de dunas cobrem uma área do tamanho do estado americano do Texas em uma faixa ao redor do planeta Marte na fronteira da calota polar norte. As novas descobertas sugerem que elas estão entre as paisagens mais ativas de Marte. Contudo, algumas mudanças nessas dunas de tonalidade escura têm sido detectadas antes da campanha de repetidas imagens feitas pela câmera High Resolution Imaging Science Experiment (HiRISE) a bordo da sonda da NASA Mars Reconnaissance Orbiter, que chegou a Marte cinco anos atrás. Os cientistas tem considerado as dunas como feições estáticas, formadas a muito tempo atrás quando ventos na superfície do planeta eram mais fortes do que são vistos hoje, diz Candice Hansen principal pesquisador da HiRISE do Planetary Science Insitute em Tucson no Arizona. Alguns conjuntos de imagens antes e depois feitas pela HiRISE em um período que cobre dois anos marcianos, ou seja, quatro anos terrestres, mostra uma história diferente. “Os números e a escala das mudanças têm sido realmente surpreendente”, disse Hansen. Um estudo feito por Hansen e por alguns colaboradores aparece na edição da revista Science e mostra as idas e vindas sazonais do gelo de dióxido de carbono como um dos agentes das mudanças e ventos mais fortes do que se esperava encontrar como sendo outro agente. Uma camada sazonal de dióxido de carbono congelado, ou gelo seco, cobre a região no inverno e muda diretamente a formação de gases na primavera. “Esse fluxo de gás desestabiliza a areia nas dunas de Marte, causando avalanches e criando novas alcovas, valas e leques de areia nas dunas marcianas”, diz ela. “O nível de erosão em apenas um ano marciano foi realmente assustador. Em alguns lugares, centenas de metros cúbicos de areia foram derrubados por avalanches nas faces das dunas”. O vento se encarrega de outras mudanças. Especialmente surpreendente foi a descoberta de que cicatrizes de avalanches passadas poderiam ser parcialmente apagadas pelo vento em apenas um ano marciano. Modelos da atmosfera de Marte não previam velocidades adequadas dos ventos capazes de mover os grãos de areia e os dados das sondas robôs pousadas em Marte mostram que ventos fortes são raros. “Talvez o clima polar é mais propício para ventos de alta velocidade”, disse Hansen. Na soma total, modificações foram observadas em aproximadamente 40% desses locais monitorados por mas de dois anos marcianos. Pesquisas anteriores feitas também com a HiRISE identificou atividade nas valas em campos menores de dunas de areia cobertos por gelo de dióxido de carbono sazonal no hemisfério sul de Marte. Um artigo quatro meses atrás mostrou que essas mudanças coincidiam com a época do ano quando o gelo era formado. “O papel do gelo de dióxido de carbono está ficando claro”, disse Serina Diniega do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, Califórnia, e principal autora de um artigo anterior e co-autora do atual trabalho. “No sul, nós vimos mudanças entre as imagens antes e depois e essas mudanças foram conectadas com a época de formação do gelo de dióxido de carbono. No norte nós estamos vendo mais do processo de mudança sazonal e adicionando mais evidências que integrem as mudanças com a formação do dióxido de carbono”. Os pesquisadores estão usando a câmera HiRISE para fotografar de forma repetida as dunas em todas as latitudes, para entender os ventos e o atual clima de Marte. Dunas em latitudes inferiores que não são alteradas pelo gelo de dióxido de carbono sazonal não mostram novas valas. Diz Hansen, “Está ficando claro que existe um processo muito ativo em Marte associado com as mudanças sazonais das calotas polares”. As novas descobertas contribuem para os esforços de se entender quais feições e quais paisagens em Marte podem ser explicadas pelos atuais processos e quais necessitam de condições ambientais diferentes. “Entender como Marte está mudando hoje em dia é o passo principal para entendermos os processos planetários básicos e como Marte se alterou com o decorrer do tempo”, disse o principal pesquisador da HiRISE Alfred McEwen da University of Arizona, em Tucson e co-autor dos dois artigos. “Existem grandes atividades atuais em áreas cobertas pelo dióxido de carbono congelado sazonalmente, um processo que não observamos na Terra. É importante entender os efeitos atuais desses processo não familiares pois assim podemos associá-los com diferentes condições no passado”.


Créditos: JPL

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