Você está olhando a Sotra Facula, essa região foi descrita pelo cientista Jeff Kargel como sendo o melhor exemplo de uma montanha criovulcânica em Titã e no Sistema Solar externo. As pessoas têm caçado por vulcanismo na lua de Saturno, Titã, desde que a Cassini chegou por lá. Essa esperança existia pois o metano na sua atmosfera que devia ser rapidamente destruído pela luz solar ainda estava ali, e o motivo é que existia algum mecanismo que estava repondo esse metano. Primeiro cogitou-se que Titã era coberta por um oceano de metano, mas agora nós sabemos que a sua superfície se assemelha mais a um deserto coberto com dunas de areia, com somente pequenos pedaços de metano líquido na sua maior parte confinados no pólo norte do satélite. Outra maneira de repor os gases atmosféricos é que eles fossem expelidos por vulcões. Mas nesse ponto é difícil identificar vulcões na superfície de Titã devido a sua atmosfera completamente opaca. As câmeras da Cassini conseguem penetrar pela névoa e assim é possível conseguir imagens da superfície do satélite, mesmo que essas sejam as mais nebulosas conseguidas de qualquer superfície de um satélite congelado. Os espectrômetros por sua vez, não são capazes de entender de forma conclusiva a composição da superfície pois a atmosfera confunde os sinais. O instrumento de RADAR da Cassini consegue obter as imagens mais nítidas, como essa mostrada acima, penetrando na atmosfera de maneira fácil (e até mesmo alguns centímetros ou mais na superfície), mas as imagens de RADAR não podem ser interpretadas diretamente e não existe um artigo científico ainda que identifique um vulcão em Titã e que convença toda a comunidade, imagina-se que existam determinadas construções vulcânicas que têm sido identificadas em alguns trabalhos. O que faz a região de Sotra diferente é que ela tem informação topográfica. Topografia, ou seja, a forma da paisagem, é normalmente adquirida para os objetos do Sistema Solar obtendo-se duas imagens da mesma região com uma diferença angular entre elas. Existe muito pouca sobreposição entre as imagens de RADAR que não tem muita informação topográfica de Titã, mas existe uma sobreposição crucial entre duas passagens do RADAR aqui, e isso já basta para fornecer os dados necessários de modo que Randy Kirk no USGS possa criar essa visão 3D. O que convenceu que isso é um vulcão foi a “justaposição das topografias mais altas e mais baixas de Titã. Alguns outros processos podem produzir estruturas comparáveis a essa. Depressões podem ser produzidas por crateras de impactos, mas Titã é um mundo que possui poucas e esparsas crateras e seria muito peculiar ter algumas depressões associadas com montanhas, então nesse caso o vulcanismo é a melhor explicação”. Se isso é um vulcão, qual é a natureza da lava que sai dele? Essa é uma grande questão ainda sem resposta. Poderia ser água. Poderia ser água de amônia. Não seria um exagero imaginar em água de amônia, uma vez que observamos evidências no vizinho Encélado, um corpo que emite materiais relacionados com a água de amônia a partir de seu interior. Poderia ser água com metano e com dióxido de carbono dissolvidos, o que faria desse um material “vesicular, espumoso, parecido com pedra-pomes”. Mas no caso de Titã, poderia ser também hidrocarbonetos – “parafina como as que são dissolvidas na queima de uma vela, ou polietileno”, disse Kargel. “Se isso parece um exagero novamente, nós temos na Terra vulcões de hidrocarbonetos, eles tem sido documentados no Golfo do México, onde eles também estão associados com buracos profundos”. A imagem foi preparada por Mike Malaska para o blog da Planetary Society e está sendo aqui reproduzida. Ela combina os dados obtidos nos sobrevoos T25 e T28 acontecidos em 22 de Fevereiro e em 10 de Abril de 2007 respectivamente. A passagem T28 foi levemente alterada para se ajustar à passagem T25. Pequenas seções foram clareadas ou escurecidas na tentativa de remover marcas devido aos feixes de RADAR sobrepostos e ao balanço entre as duas passagens. Ambas as passagens tiveram seu contraste melhorado. Uma sutil faixa que se estende do canto inferior esquerdo até o canto superior direito é um artefato criado quando se usa a técnica SAR de RADAR. O objeto que tem sua forma parecida com uma estrela do mar no centro é a principal feição. O braço escuro que forma um arco desde a direita (Leste) e para baixo (Sul) é um anel topográfico de sombra do radar que envolve um profundo buraco brilhante em forma de rim que se estende a 1.500 metros de profundidade. Fluxos brilhantes com bordas difusas se estendem além do buraco e circunda todo o complexo. Toda a construção é circundada por um mar de duna escuro constituído de material orgânico, que provavelmente inclui o benzeno. Suas listras leste-oeste indicam a direção preferencial dos ventos. Algumas das dunas parecem se defletir ao longo do lado sul da região de Sotra, indicando que ela é um obstáculo topográfico.
Créditos: Cienctec
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