Apertem os cintos. Estamos mais rápidos e maiores e as chances de colisão são bem maiores do que pensávamos. Essa é a conclusão que os astrônomos chegaram ao realizarem novas medições do tempo de rotação da Via Láctea, que mostraram que a velocidade de giro da galáxia é 160 mil km/h mais rápida do que previamente imaginado. Segundo Mark Reid, cientista do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, esse aumento na velocidade revela que a massa da Via Láctea é pelo menos 50% maior, empatando em dimensões com a galáxia Andrômeda. "Nunca mais seremos a irmã caçula de Andrômeda em nosso grupo familiar celeste", disse Reid. A massa maior também significa maior atração gravitacional, o que aumenta as possibilidades de colisão com Andrômeda ou outras galáxias menores em nossa vizinhança. Nosso Sistema Solar se localiza a 28 mil anos-luz do centro da Via Láctea. A essa distância, segundo as novas observações estamos nos movendo a 960 mil km/h ao redor da órbita galática. Anteriormente essa velocidade era estimada em 800 mil km/h. Para fazer as novas medições os cientistas utilizaram o VLBA (Very Long Baseline Array) um conjunto de diversos radiotelescópios instalados em vários lugares do mundo e que operam através da diferença de tempo em que os sinais vindos da mesma direção do espaço atingem as antenas. Esse tipo de arranjo facilita a construção de imagens extremamente detalhadas, que permitiram aos pesquisadores conduzir o estudo das medições de distância e movimento da Via Láctea. Com capacidade de resolução extremamente alta, o arranjo VLBA é capaz de produzir imagens centenas de vezes mais detalhadas que as fornecidas pelo telescópio Hubble. Sua potência é tão grande que permitiria a um observador localizado em Buenos Aires ler facilmente um jornal em uma banca de Fortaleza. Durante os trabalhos, os cientistas observaram regiões fartas de estrelas em formação em toda a Galáxia. Em áreas dentro dessas regiões, moléculas de gás amplificam naturalmente as emissões no espectro das ondas de rádio, do mesmo modo que os laseres amplificam a luz. Essas áreas, conhecidas como Masers Cósmicos, servem como marcadores de alto brilho para os estreitos feixes de captação das antenas do VLBA. Observando essas regiões repetidamente, quando a Terra está do lado oposto ao Sol, os astrônomos podem medir o ligeiro deslocamento da posição dos objetos contra o fundo repleto de objetos mais distantes. "As novas observações da Via Láctea através do VLBA estão produzindo medidas diretas e altamente precisas das distâncias e movimentos", disse Karl Menten, ligado ao Instituto Max Planck, na Alemanha e membro da equipe de pesquisadores. "As medidas usam o tradicional método da triangulação e ao contrário de outros métodos não dependem de nenhum parâmetro, como o brilho do objeto". Em suas pesquisas, os astrônomos descobriram que as medições diretas das distâncias eram diferentes das medições indiretas e em alguns casos as discrepâncias eram tão grandes que chegavam a 50%. "As regiões de formações de estrelas que abrigam os masers cósmicos definem os braços espirais da Via Láctea", explica Reid. "A medição precisa de distâncias a essas regiões nos fornecerá um criterioso mapeamento da estrutura da Galáxia". Reid e seus colegas também encontraram outras surpresas. Medindo as distâncias de múltiplas regiões em um único braço espiral, os pesquisadores calcularam o ângulo do braço. "Essas medidas indicam que nossa Galáxia provavelmente tenha dois, e não quatro braços de gás e poeira formadores de estrelas". Isso contradiz o grupo de estudo que analisa os dados do telescópio Spitzer, da Nasa, que sugere que antigas estrelas residem em sua maioria em dois braços espirais, trazendo de volta a questão do porque as estrelas mais velhas não aparecem em todos os braços. "A medição direta está permitindo uma revisão da nossa compreensão sobre a estrutura e movimentos da Via Láctea", disse Menten. "O fato de estarmos dentro dela dificulta essa determinação. Para outras galáxias o estudo é mais facilitado e basta olharmos para ela, mas não podemos fazer o mesmo com nossa Galáxia, simplesmente por que não temos uma imagem completa. Temos que deduzir sua estrutura através de medidas e mapeamentos", completou.
Créditos: Apolo 11
Nenhum comentário:
Postar um comentário