sexta-feira, 26 de agosto de 2011

VISTA revela 96 novos aglomerados estelares escondidos pelo disco da Via Láctea

O telescópio de rastreamento em infravermelho VISTA, pertencente ao ESO (Observatório Europeu Meridional) no Monte Paranal, deserto de Atacamama, no Chile, ajudou uma equipe internacional de astrônomos a descobrir 96 novos aglomerados estelares abertos escondidos pela poeira cósmica da Via Láctea. Dentro desta equipe trabalharam dois astrônomos brasileiros. Estes conjuntos tênues de estrelas, invisíveis em buscas anteriores, não conseguiram escapar dos detectores infravermelhos extremamente sensíveis do mais poderoso telescópio de rastreamento do céu já construído. O VISTA tem conseguido desvendar o que está escondido pela poeira interestelar. Esta descoberta por si só é um recorde, nunca tantos aglomerados esmaecidos foram encontrados de uma só vez. Esta notícia surge agora no primeiro aniversário do programa “Variáveis VISTA na Via Láctea” (VVV), uma das 6 campanhas de rastreamento suportadas por este novo telescópio. A maioria das estrelas com mais de 50% da massa do Sol formam-se em grupos chamados aglomerados estelares abertos. Estes aglomerados são os tijolos que compõem as galáxias e são essenciais dentro do processo de formação e desenvolvimento das galáxias similares a Via Láctea. Entretanto, os aglomerados estelares surgem em regiões repletas de poeira cósmica, que absorvem a maior parte da radiação visível emitida pelas estrelas jovens, tornando-as invisíveis à maioria dos telescópios de pesquisa celeste. Assim, agora, o VISTA resolve esta lacuna como seu espelho de 4.1 metros que opera nas frequências na faixa espectral do infravermelho. Utilizando um sistema de tratamento de imagens, cuidadosamente desenvolvido, a equipe removeu as estrelas que apareciam em frente de cada aglomerado e contou os membros genuínos do aglomerado. Em seguida, as imagens foram inspecionadas visualmente para se apurar o tamanho do aglomerado. Para os aglomerados que continham uma quantidade maior de estrelas foram feitas outras medições relativas a distância, idade e intensidade do avermelhamento que a sua radiação estelar sofre ao atravessar a poeira interestelar situada entre nós e os aglomerados escondidos. Radostin Kurtev, membro do time de cientistas explicou: Descobrimos que a maioria destes aglomerados são diminutos, contendo apenas cerca de 10 a 20 estrelas. Comparados com aglomerados abertos típicos, estes são conjuntos estelares muito tênues e compactos. Como agravante, a poeira que se encontra à frente destes aglomerados reduz seu brilho em 10.000 a 100 milhões de vezes no espectro visível. Isto explica, portanto, a razão de estarem escondidos. Até agora, apenas 2.500 aglomerados abertos foram encontrados na Via Láctea desde a antiguidade. No entanto, os astrônomos estimam que há pelo menos 30.000 escondidos por trás de poeira e gás. Enquanto os aglomerados abertos brilhantes e grandes sejam facilmente reconhecidos, esta é a primeira vez que tantos aglomerados pequenos e pouco brilhantes foram mapeados de uma só vez. Pode-se inferir deste resultado que estes 96 aglomerados abertos são apenas a “ponta do iceberg”. “Começamos agora a utilizar o software automático mais sofisticado para procurar aglomerados mais velhos e menos concentrados. Estamos confiantes que muitos outros serão rastreados em breve”, finalizou Borissova.

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