sábado, 12 de novembro de 2011

Asteróide pode ser fragmento de matéria original da Terra

Novas observações do Observatório Europeu do Sul (ESO) indicam que o asteróide Lutetia é um fragmento que restou da matéria original que formou os planetas Terra, Vênus e Mercúrio. Os astrônomos combinaram dados da sonda espacial Rosetta com outros de telescópios e descobriram que as propriedades do asteróide são muito similares às de um tipo raro de meteoritos encontrados na Terra e que se pensa terem sido formados nas regiões interiores do Sistema Solar. Uma equipe de astrônomos de universidades francesas e norte-americanas estudou detalhadamente o asteróide incomum Lutetia com o intuito de determinar a sua composição. Foram combinados dados oriundos da câmara OSIRIS situada a bordo da sonda espacial Rosetta, da Agência Espacial Europeia (ESA), do New Technology Telescope (NTT), do ESO, e do Infrared Telescope Facility e Spitzer Space Telescope, ambos da Nasa, a agência espacial americana. Com todos estes dados foi possível obter o espectro mais completo já construído para um asteróide. O espectro foi seguidamente comparado com o de meteoritos encontrados na Terra e que têm sido estudados extensivamente em laboratório. Apenas um tipo de meteorito - condritos enstatite, também conhecidos como condritos do tipo E - apresenta propriedades semelhantes a Lutetia em todos os comprimentos de onda estudados. Os condritos enstatite são conhecidos por conterem material que data dos primórdios do Sistema Solar. Pensa-se que se tenham formado perto do jovem Sol e que tenham constituído o principal material de construção dos planetas rochosos, em particular Terra, Vênus, e Mercúrio. Lutetia parece ter tido origem, não no cinturão de asteróides onde hoje se encontra, mas muito mais próximo do Sol. Os astrônomos estimaram que dos corpos situados na região onde a Terra se formou apenas menos de 2% chegaram ao cinturão principal de asteróides. A maioria dos corpos desapareceu depois de alguns milhões de anos, incorporados nos jovens planetas em formação. No entanto, alguns dos maiores, com diâmetros de cerca de 100 km ou mais, foram lançados para órbitas mais seguras, mais distantes do Sol. Lutetia, que tem uma dimensão de cerca de 100 km, pode ter sido ejetado para fora das regiões interiores do Sistema Solar caso tivesse passado próximo de um dos planetas rochosos, capazes de alterar drasticamente a sua órbita. Um encontro com o jovem Júpiter durante a sua migração para a atual órbita, pode justificar igualmente a grande variação de órbita de Lutetia. Estudos anteriores das propriedades de cor e superfície deste asteróide mostraram que Lutetia é um membro do cinturão de asteróides bastante incomum e misterioso. Rastreios anteriores mostraram que objetos deste tipo são muito raros, representando menos de 1% da população de asteróides do cinturão principal. Os novos resultados explicam porque é que Lutetia é diferente - é um sobrevivente muito raro do material original que formou os planetas rochosos. "Lutetia parece ser um dos maiores, e dos poucos, restos de tal material no cinturão de asteróides. Por esta razão, asteróides como ele são alvos ideais para missões futuras de recolha de amostras. Deste modo poderíamos estudar detalhadamente a origem dos planetas rochosos, incluindo a Terra", conclui Pierre Vernazza, autor principal do artigo científico que descreve este resultado.

Créditos: Terra

Nenhum comentário:

Postar um comentário