segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Ih, sumiu um planeta!

Você sabe como fazer um planeta sumir? Fazer com que ele trombe com outro bem maior é um jeito. Meio bruto e complicado, mas pode ser. Mas tem um jeito mais fácil. Qual? Procurar direito. Em 2008 foi anunciado que o telescópio espacial Hubble observou Formalhaut – uma estrela a apenas 25 anos-luz de distância da Terra que possui um disco circunstelar. Esse disco, que consiste de restos da formação da estrela, poderia ser na verdade um disco protoplanetário, ou seja, um disco de gás e poeira que viria a formar planetas no futuro. Tudo começou em 2004. Como Formalhaut está pertinho, estruturas mais fracas ao seu redor poderiam ser reveladas com uma técnica simples de ocultar a estrela e seu forte brilho. Com isso, o disco foi observado e uma análise cuidadosa mostrou uma pequena mancha brilhante bem suspeita. Seria um planeta? Em 2006 a observação foi repetida de maneira idêntica e… bingo! A manchinha brilhante se mexeu como se esperaria de um planeta! A notícia correu o mundo, afinal, era um planeta detectado diretamente. A imensa maioria dos exoplanetas são descobertos de maneira indireta, seja por “mini eclipses” nas estrelas hospedeiras, seja pelo “bamboleio” gravitacional promovido durante a mudança de posição em suas órbitas. Esse exoplaneta foi batizado de Formalhaut b. Tudo ia bem até que Markus Janson, da Universidade de Princeton, liderou um estudo de Formalhaut b usando o telescópio espacial Spitzer. A diferença fundamental entre os dois telescópios é que o Hubble observou o sistema no espectro visível e o Spitzer no infravermelho. E por que isso é importante? Porque, no visível, um planeta reflete luz e, no infravermelho, ele emite luz. Pois bem, advinha o que aconteceu? Sim, no infravermelho, o planeta desapareceu! Nesse comprimento de onda ele seria facilmente detectável, mas nada surgiu nas imagens. A equipe teve um cuidado imenso para se certificar de que não havia cometido nenhum erro. Por exemplo, simularam como um planeta de verdade, ainda em formação, apareceria em imagens do Spitzer e mais importante, se esse planeta poderia ser detectado. A resposta foi sim, ele seria detectado facilmente como um ponto brilhante no disco circunstelar. Mas não foi isso o que aconteceu na realidade. O que aconteceu então? A melhor explicação é que o Hubble detectou na verdade uma nuvem, ou quase isso. Em 2004, aquele ponto brilhante era apenas uma concentração de gás e poeira, ou uma sobredensidade, que se mexeu em uma órbita semelhante a um planeta e foi detectado novamente em 2006. Essa sobredensidade reflete muito bem a luz da estrela, mas não emite no infravermelho mais do que o restante do gás do disco. Bom, acontece nas melhores famílias. Em ciência, não basta “ver para crer” é preciso ver e rever para crer!

Créditos: G1 - Observatório

Nenhum comentário:

Postar um comentário