O mais detalhado estudo do cinturão de poeira em torno de Fomalhaut, uma jovem estrela a cerca de 25 anos-luz de distância da Terra, revelou um verdadeiro “massacre” de cometas na região. Observações em infravermelho feitas com o telescópio espacial Herschel, da Agência Espacial Europeia (ESA) indicam que a nuvem, com temperaturas entre -230ºC e -170ºC, seria composta de pequenas partículas sólidas com apenas alguns milionésimos de metro de diâmetro. O problema é que estudos feitos anteriormente a partir de observações em luz visível do telescópio espacial Hubble sugeriam que essas partículas seriam bem maiores. Assim, os astrônomos agora acreditam que elas são agregados finos de matéria similares aos expelidos por cometas no nosso próprio Sistema Solar. Isso, no entanto, gerou outro paradoxo: se esse for o caso, a forte radiação emitida por Fomalhaut deveria expulsar rapidamente as pequenas partículas do cinturão, espalhando-as pelo espaço interestelar. Para explicar o fato de a nuvem se manter carregada deste material fino, os astrônomos sugerem que ela é constantemente realimentada pela colisão de objetos maiores em órbita da estrela. Segundo os cientistas, o ritmo destas colisões é impressionante. Seria necessária a destruição diária e completa do equivalente a dois cometas de 10 quilômetros de diâmetro ou 2 mil objetos com um quilômetro de diâmetro para manter o suprimento de material finamente particulado do cinturão. Isso indica que ele deve conter algo entre 260 bilhões e 83 trilhões de cometas de vários tamanhos, números semelhantes que se acreditam estar na chamada Nuvem de Oort, o anel de cometas e restos da formação do Sistema Solar expulsos das cercanias de nosso Sol quando ele era uma estrela jovem como Fomalhaut.
Créditos: O Globo
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