terça-feira, 2 de outubro de 2012

UKIRT descobre estrelas binárias “impossíveis”

Uma equipe de astrônomos usou o Telescópio Infravermelho do Reino Unido (UKIRT), no Havaí, para descobrir quatro pares de estrelas que se orbitam em menos de 4 horas. Até agora pensava-se que não poderiam existir estrelas tão próximas em sistemas binários. As novas descobertas foram feitas pela Wide Field Camera (WFCAM) Transit Survey do telescópio, e surgem na revista Monthly Notices da Royal Astronomical Society. Ao contrário do nosso Sol, cerca de metade das estrelas na nossa Galáxia fazem parte de um sistema binário, em que as duas estrelas se orbitam mutuamente. As estrelas nestes sistemas formam-se, muito provavelmente, ao mesmo tempo e ficam em órbita em torno uma da outra a partir do nascimento. Sempre se pensou que se as estrelas de um sistema binário se formassem a pequena distância uma da outra, rapidamente se fundiriam numa única estrela maior. Este pressuposto bateu certo com muitas das observações colhidas ao longo das últimas três décadas que revelaram uma abundante população de binários estelares, mas nenhum com períodos orbitais menores do que 5 horas. Nos últimos cinco anos, o UKIRT tem vindo a acompanhar o brilho de centenas de milhares de estrelas, incluindo milhares de anãs vermelhas, em luz do infravermelho-próximo, utilizando a sua câmara de campo largo (WFC). Este estudo de estrelas frias ao longo do tempo tem sido o foco do programa European (FP7) Initial Training Network 'Rocky Planets Around Cool Stars' (RoPACS), que estuda os planetas e as estrelas frias. "Para nossa surpresa, encontramos vários binários de anãs vermelhas com períodos orbitais significativamente menores que as 5 horas características para estrelas semelhantes ao Sol, algo que se pensava ser impossível", disse Bas Nefs, do Leiden Observatory, na Holanda, autor principal do artigo. "Isto significa que temos de repensar a forma como estes binários de tão grande proximidade se formam e evoluem." Como as estrelas diminuem de tamanho no início de sua vida, o fato de estes binários tão próximos existirem significa que as suas órbitas também se devem ter encurtado a partir do nascimento, caso contrário, as estrelas teriam estado em contato logo no início e teriam se fundido. No entanto, não é fácil compreender como puderam as órbitas ter-se encurtado tanto.

 Uma possível resposta para este enigma é que as estrelas frias em sistemas binários são muito mais ativas e violentas do que se pensava anteriormente. É possível que as linhas do campo magnético que saem destas estrelas frias e companheiras fiquem distorcidas e deformadas pelo movimento em espiral para dentro que elas efetuam em torno uma da outra, gerando atividade extra através do vento estelar, fulgurações explosivas e manchas estelares. A atividade magnética poderosa pode funcionar como um travão no movimento giratório das estrelas, abrandando-o e fazendo com que elas se aproximem. 

"Sem a excepcional sensibilidade do UKIRT não teria sido possível encontrar estes pares extraordinárias de anãs vermelhas", disse David Pinfield, da Universidade de Hertfordshire. E acrescentou : "A natureza ativa destas estrelas e os seus aparentemente poderosos campos magnéticos tem implicações profundas para os ambientes em torno de anãs vermelhas em toda a nossa galáxia."

Créditos: Porta do Astrónomo

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