Cientistas descobriram que Makemake, um planeta anão descoberto em 2005, localizado próximo do extremo do Sistema Solar e cujo nome é uma homenagem a um deus polinésio, é um mundo frio, morto e sem atmosfera. Só agora, sete anos após sua descoberta, os cientistas fizeram o primeiro estudo detalhado do planeta, incluindo seu tamanho, formato e superfície. Ele é um dos cinco mundos distantes conhecidos como planetas anões presentes em nosso sistema – Plutão, reconhecido como planeta até poucos anos atrás, é o mais famoso deles e possui um tamanho 50% maior do que Makemake, além de estar mais próximo do Sol. Makemake fica a 6,4 bilhões de quilômetros do Sol, no Cinturão de Kuiper, uma região repleta de objetos congelados. Sua órbita dura cerca de 310 anos. Seu formato é o de uma esfera oblata, ou seja, uma esfera imperfeita – como a Terra. Ao passar em frente a uma estrela – um evento conhecido como ocultação – o planeta pôde ser mais bem observado por astrônomos do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês), onde a existência de sua atmosfera foi finalmente estudada – e descobriu-se que Makemake simplesmente não tinha uma atmosfera. Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores combinaram dados de telescópios do Chile e outros lugares da América do Sul conforme o planeta anão deslizava pelo espaço. Contrariando observações anteriores, que sugeriam a presença de uma atmosfera bem fina como a de Plutão – ou seja, de cerca de um milionésimo da atmosfera da Terra – eles descobriram a total ausência da camada de gases. Dr. Jose Ortiz, do Instituto de Astrofísica de Andaluzia, afirmou: “Quando o Makemake passou em frente à estrela e a bloqueou, ela desapareceu e reapareceu muito repentinamente, ao invés de escurecer e se iluminar gradualmente. Isso significa que o pequeno planeta anão não tem atmosfera considerável. Pensava-se que o Makemake tinha uma boa chance de ter desenvolvido uma atmosfera. Isso mostra o quanto nós ainda temos que aprender sobre esses corpos misteriosos. Descobrir sobre as propriedades de Makemake pela primeira vez é um grande passo à frente no nosso estudo do seleto grupo de planetas anões congelados”. A falta de luas em Makemake e sua distância tornaram-no um objeto bem difícil de ser estudado, mas mesmo assim a equipe do ESO conseguiu determinar com maior precisão o seu tamanho; sua possível atmosfera e sua densidade, caso ela existisse; e o albedo de sua superfície – isto é, quantidade de luz solar que sua superfície reflete. O valor estimado de seu albedo é de 0,77, ou seja, similar a neve suja, mais alto que o de Plutão e menor que o de Eris, outro planeta anão do nosso sistema. Para efeito de comparação, um objeto que reflete 100% da luz incidida sobre ele possui um albedo de 1, enquanto que um valor de 0 representa uma superfície negra que não reflete nada. Ocultações são fenômenos raros, porém muito importantes, pois permitem aos astrônomos descobrir muito sobre as atmosferas desses membros distantes do Sistema Solar. No caso do Makemake, é algo ainda mais difícil, pois ele se move em uma área dos céus com poucas estrelas. Prever e detectar ocultações com precisão é um desafio tão grande que qualquer observação pode ser considerada como uma grande conquista. Segundo o Dr. Jose, “Plutão, Eris e Makemake estão entre os maiores exemplos dos numerosos corpos gelados orbitando bem longe do Sol. Nossas novas observações melhoraram bastante o conhecimento de um dos maiores, Makemake – nós poderemos usar essas informações quando explorarmos mais os objetos intrigantes desta região do espaço”. Makemake foi descoberto em março de 2005. Inicialmente, foi chamado de 2005 FY9 e recebeu o apelido de Coelhinho da Páscoa, devido à época do ano. Seu nome oficial só veio em 2008, em homenagem ao deus da fertilidade e criador da humanidade na mitologia da Ilha de Páscoa. Planetas anões foram reconhecidos oficialmente em 2006 pela União Astronômica Internacional (UAI) após um debate sobre como definir um planeta. Foi nesta ocasião que Plutão deixou de ser um planeta e passou a ser um planeta anão, junto com Ceres, Haumea e Eris.
Fonte: Jornal Ciência
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